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O tempo lhe ensinará. Teu orgulho não te levará a lugar algum. 


Mesmo com os olhos ainda fechados, pude perceber que o dia já tinha amanhecido, a claridade e o mormaço invadiam todo o ambiente, com certeza, a criada esqueceu de fazer o mínimo e não fechou as grossas cortinas como o esperado. Esse castelo era como uma verdadeira fornalha, meu pai, sabiamente, ocultou esse fato de mim, se tivesse me contado, eu teria negado seu pedido no mesmo instante e mandaria, o tolo de meu irmão, no meu lugar.

Na realidade, eu não via o menor propósito de A Conferência ser nesse fim de mundo, tudo bem, o castelo até que era ajeitado, se comparado aos demais da região, mas por que aqui? Longe de tudo que era bom? Estávamos todos isolados neste confim: perto de não sei onde, rodeados de um tanto de nada. Talvez por isso meu pai me enviara, ele mesmo não queria vir e seria de bom tom enviar o filho mais velho para representá-lo. Ser o primogênito tinha suas desvantagens.

A princípio, me surpreendi com o edifício, esperava coisa pior, num lugar tão distante da civilização, até que poderia se encontrar certo progresso. A comida era um ponto forte, sem dúvida: bem feita, saborosa e muito diversa; os aposentos eram de tamanho bom, não bom o suficiente para um nobre como eu, apesar disso, as camas eram confortáveis, nada que se comparasse aos macios lençóis do Norte, mas eles até que se esforçaram; as áreas de convivência superavam as nossas em tamanho, mas só, nada de especial havia nelas.

O "Castelo de Pedra", como era chamado, não possuía o charme das fortalezas do Norte, era extremamente monocromático, os quadros pendurados nas paredes escuras, exibiam rostos toscos, sem a menor elegância e graciosidade que se espera de nobres líderes; seus móveis, em geral, eram tão rústicos que parecia que os troncos de madeira haviam sido retirados da natureza e utilizados como vieram ao mundo, sem o menor tratamento, muito destoante da mobília, polida e delicada, encontrada em meu castelo.

Os jardins eram a única coisa capaz de fazer com que os demais nobres visitantes, de fato, se sentissem empolgados, Will era um deles, passava as horas vagas de seus dias vasculhando as plantas como se elas realmente fossem de outro mundo, não podia julgá-lo, em meio ao nada, algumas florezinhas simpáticas, pareciam ser a melhor das opções, embora eu mesmo não gastasse meu tempo com esse tipo de coisa. O que esperar de um reino que tem flores como ponto forte?

Realmente estava surpreendido com o fato de meu pai ter se preocupado em se juntar à essa Conferência, nada de alarmante havia acontecido ou estava prestes a acontecer, ele estava marcando o nome de nossa família a um evento fadado a coisa alguma. Antes, eu temerosamente, achei que havia um interesse por trás dessa viagem, pensei que ele quisesse que eu me aproximasse da princesa mais nova, a fim de unir nossas famílias, mas ao conhecer a nobre, vi que não passava de uma garota, ao contrário de sua irmã. Seria realmente muito empolgante desmontar toda a armadura da primogênita, mas levaria certo tempo e não queria passar mais de duas semanas nessas terras.

Além disso, ter meu sangue puro, misturado ao sangue dito com nobre, seria a pior das atitudes de meu pai, além de um péssimo castigo e sem fundamento. Eu não havia cometido nenhuma infração, não tão recentemente e nada tão sério a ponto de ser castigado dessa forma, inclusive, ele, mais do que ninguém, prezava pelo nome de sua dinastia e não deixaria que caíssemos em tamanha assolação.

Ainda que eu não soubesse o porquê, iria aproveitar de alguma forma, alguma coisa boa tinha que acontecer enquanto eu estivesse por essas bandas, e perder tempo não era meu forte. Quando eu queria algo, eu conseguia, fosse o que fosse.

Amor FatiOnde histórias criam vida. Descubra agora