5 • Curiosidade aflorada.

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Só naquele momento Rico percebeu o óbvio: Kênia não gostava de crianças

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Só naquele momento Rico percebeu o óbvio: Kênia não gostava de crianças. Ele soltou uma risada sarcástica, achando cômica a expressão assustada que esboçava. Os olhos estreitos, as sobrancelhas levemente arqueadas e a respiração pesada. Aparentava estar em pânico. Esteve mais assustada com aquela possibilidade do que sofrer uma tortura.

— Primeiro: Você não é minha hóspede. Segundo: Eles são apenas crianças, você que é uma vadia mal amada. Se quer ficar sozinha o problema é seu. Heron, leve Kiara para o quarto. — ordenou rapidamente.

O menino, decepcionado, assentiu.

— Sì, papà.

Rico bufou.

— Fale em inglês! Droga, é tão difícil assim falar em inglês? — perguntou, estressado. O menino baixou a cabeça, meio retraído.

— N-não... pai.

Kênia observou aquela cena sentindo-se uma intrusa. Aonde havia se metido?

As duas crianças saíram do cômodo, deixando apenas os dois. Ela o fitou com divertimento.

— Qual o seu problema com o idioma que eles usam? Se eles moram na Itália, então tem que falar italiano!

Ele ergueu um lado das sobrancelhas, curioso.

— O pai deles sou eu. Eu decido qual idioma eles usam. — replicou, indo à porta. — Vá procurar algo pra fazer. Só não entre no meu caminho hoje.

— Como se eu quisesse isso. — rebateu.

Ele a fitou intensamente.

— Ótimo. — retrucou, a deixando sozinha.

Kênia permaneceu presa no silêncio. A calmaria dentro daquela casa a manteve frustrada, não se questionou a falta de segurança, mas se perguntou por que Rico a deixou sozinha quando ela poderia facilmente fazer qualquer coisa que lhe prejudicasse. Apesar de que não faria nada naquele momento, estava cansada e dolorida demais para se submeter a outra tentativa falha.

Tomou um café rápido, não se deliciou das maravilhas sobre a mesa, estava sem fome para isso. Assim que terminou levantou-se e permitiu-se se levar pela curiosidade, saiu para desbravar. Por onde passava encontrava algum segurança, os mesmos sempre a olhavam dos pés à cabeça e deixavam explícitos em seus semblantes que a desprezavam. Kênia também encontrou com empregados, alguns abaixaram a cabeça ao passar por ela, e outros nem ousaram cruzar seu caminho. Era como se estivessem com medo, mas não de Rico, e sim dela.

Ao chegar em frente as grandes vidraças do corredor em que esteve antes, apreciou o silêncio e paisagem prazerosa. Fazia tempo que não sentia aquela calmaria. Kênia permaneceu parada, encarando a floresta selvagem que cercava a propriedade. Carros chegavam e saiam aleatoriamente pela estreita estrada que dava acesso a floresta. Imaginou que aquela seria a única saída.

O Grande Rico Borelli. - I Onde histórias criam vida. Descubra agora