Um universo está um caos porque ninguém se ajuda. Rico arrastava Kênia para fora do prédio, a levava para o estacionamento subterrâneo onde seus homens os esperavam. Pelo olhar periférico notou as caretas de dor que ela esboçava cada vez que aumentava a velocidade e a intensidade dos passos. O longo vestido tornou-se um empecilho.
— Acha que consegue? — perguntou durante o caminho. Os dois adentraram no elevador que dava acesso ao estacionamento.
Kênia disfarçava bem, a máscara de mulher maravilha que usava poderia enganar qualquer um, menos Rico. O franzir constante do cenho expressava dor.
— Depende do que vamos enfrentar.
Ele a olhou por cima do ombro com um sorriso ladino nos lábios.
— Já foi perseguida pela S.W.A.T?
— Está brincando, não é? — indagou, desacreditada. Ele sorriu enquanto saíam do elevador. De longe avistaram os lobos ao lado de dois SUVs, todos armados com metralhadoras e fuzis, vestidos com roupas pretas e coletes. A balaclava escondia seus rostos.
— Eu nunca brinco, mia bella.
Os dois seguiram em silêncio até os carros, onde foram recepcionados pelos homens de Rico. Donatelo, o comandante de segurança, aproximou-se do chefe. Era um homem alto, moreno e bastante avantajado quanto aos músculos. O semblante sério, tão calculista quanto Borelli.
— Senhor, está tudo pronto. — avisou. Seu tom de voz era bem agudo. Kênia os examinava de canto de olho.
— Todos à postos?
O homem lançou um breve olhar para Kênia.
— Só estamos a espera das suas ordens.
Rico abriu o porta-malas de um dos carros, revelando o estoque de armas: Mpk, rifles g3, aparelhos eletrônicos, bolsas. Kênia entreabriu os lábios.
— Armas militares? Sério? Me diz que isso não vai ser uma carnificina, Borelli! — murmurou com os olhos cravados na Mpk.
Ele suspirou enquanto retirava algumas e as entregava aos seus homens, que guardavam no outro SUVs.
— Isso não vai ser uma carnificina. — repetiu, não muito convincente. Kênia bufou, e ele riu. — Eu tentei. Escuta, hoje vai morrer gente, tragédias vão acontecer e mesmo que eu queira não posso impedir.
Ela engoliu em seco.
— Mas você é Rico Borelli, se não pode com a polícia, então não é tão grande assim, né?
O homem a fitou por longos segundos, o olhar perdido nas íris castanhas, o pensamento distante. Ele estava arriscando muito ao colocá-la naquilo, em seu plano, poderia perder tudo se caso não ocorresse como premeditado.
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O Grande Rico Borelli. - I
Misterio / SuspensoKênia Martino: uma mulher treinada para matar e desestruturar impérios. Nascida no mundo do crime e criada por criminosos, desde criança precisou aprender a lutar para sobreviver. Aos 17 anos perdeu os pais e a irmã em um ataque misterioso, sendo ob...