Kênia Martino: uma mulher treinada para matar e desestruturar impérios. Nascida no mundo do crime e criada por criminosos, desde criança precisou aprender a lutar para sobreviver. Aos 17 anos perdeu os pais e a irmã em um ataque misterioso, sendo ob...
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O olhar de Kênia se encontrou com o de Rico assim que ela e Anelise adentraram no salão e encontraram tantas outras pessoas. Não deixou de se surpreender pela quantidade de convidados presentes para um simples jantar... Pensando bem, nada que Rico fazia era simples. Ele gostava de ostentar, de esbanjar seu poder, de usufruir dele. Não tinha medo de demonstrar o que era e o que fazia, mas ainda assim, agia com cautela para que nada afetasse a família.
Caminhou à sua direção, abrindo espaço para que ela fizesse o mesmo. Kênia permaneceu estática no lugar, exasperada demais para fazer qualquer estupidez. Colocou-se ao seu lado e rodeou sua cintura com o braço, a trazendo para mais perto. O sorriso falso em seus lábios a fez temer os próximos segundos.
— Você está magnífica, mia bella. — elogiou, sincero. Kênia não respondeu, nem ao menos teve coragem para encará-lo nos olhos. — Bem, caros amigos, já que a noiva chegou não há por quê perdermos tempo. Padre!
Um frio percorreu a espinha dorsal de Kênia, seus batimentos cardíacos aceleraram freneticamente. Antes que ele movesse os pés ela o segurou firme pelo ombro.
— Padre? — indagou confusa, olhando ao redor, para os convidados que os observavam.
— Ah, não falei? Hoje iremos nos casar! — informou, cínico. Se não fosse os braços do Borelli, Kênia teria perdido o equilíbrio. — Surpresa!
— O quê? — perguntou em um sopro.
A sensação de se estar presa em um cubículo, sem ar, no escuro, era igualmente apavorante a ter que se casar com Rico na frente de tanta gente, tantas testemunhas. Um passo em falso e ela poderia cair e arrastar tudo o que construiu consigo. Uma jogada errada e Kênia estaria fora do jogo. Acabada.
Se precisava de Rico? Em breve descobriria.
— Isso mesmo que acabou de ouvir! Iremos nos casar hoje. Agora. — decretou, sorrindo falsamente. Ele nem a olhava nos olhos quando falava. — Padre! Vamos! Todos aqui preferem beber do que assistir o matrimônio de duas pessoas que se amam.
O deboche foi camuflado pela postura tranquila.
— Rico...
O desespero saltitou no timbre de Kênia ao chamá-lo pelo primeiro nome, só então ele a olhou, afetado. Engoliu em seco.
— Gosto quando fala meu nome. É diferente vindo de você. Soa familiar e ao mesmo tempo misterioso. — murmurou, baixo o suficiente para que apenas ela ouvisse.
Aos seus arredores, os convidados esperavam o inicio do tal 'casamento'. André Forastieri não quis permanecer no cômodo, enjoado demais com todo aquele teatro.
— Não podemos nos casar. — insistiu, o desespero abafado pelo medo.
— Você fez uma promessa, lembra? Eu cumpri minha parte. Deixei que cuidasse de Saúl. — retrucou seriamente. — Agora é sua vez de cumprir a sua.
