10 • Colar de rubi.

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O sol se pondo no horizonte significava apenas uma coisa para Kênia Martino: Mais um dia

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O sol se pondo no horizonte significava apenas uma coisa para Kênia Martino: Mais um dia.

Mais um dia infernal presa dentro daquele castelo onde sua única distração era encarar os diversos quadros nas paredes e a decoração antepassada. Brega, como vinha dizendo para qualquer empregado que lhe pegava espionando. Kênia olhou para além das árvores, onde o sol começará a sumir, onde o fraco flamejar de luz solar prendia sua atenção. As grandes vidraças lhe proporcionava tal esplêndida visão.

— Não é bonito? Julgo ser uma das mais belas visões que já tive durante minha vida.

Ela riu, sarcástica. Aquela voz familiar aflorava o desprezo dentro de sí.

— Sim, é lindo. Tão lindo que se eu pudesse acordar todas as manhãs com essa visão, seria melhor do que olhar pra você. — respondeu-lhe, sem humor.

Rico estava escorado no batente da porta, as mãos dentro dos bolsos internos da calça social preta. Ombros caídos, postura relaxada, olhos semicerrados, e o sorriso numa linha dura. Os cabelos perfeitamente penteados para o lado.

— Seu ódio por mim é uma inspiração.

Desviou o olhar do pôr do sol para encará-lo. Kênia havia passado o dia entediada, e não poderia negar que alfinetar Rico lhe dava uma certa diversão. Gostava de tirar sua calmaria, desabrochar o verdadeiro eu que ele tanto lutava para camuflar. Cruzou os braços sobre o peito e o fitou divertidamente. Seus olhos acinzentados, mesmo de longe, liberavam um brilho intenso e ardente.

— O que fez de interessante hoje? Atormentou muitas mulheres? Roubou pais de família, sequestrou criancinhas? — indagou. Arqueou um lado das sobrancelhas, analisando-a.

— Parece que tem seu próprio conceito sobre o que faço. — comentou, curioso. Desencostou-se do batente e arriscou passos à sua direção; como um lobo indo a caça. — Me pergunto se realmente sabe como trabalho ou... joga essas indiretas no intuito de descobrir.

Kênia franziu o cenho e sorriu de canto. Um sorriso um tanto desdenhoso.

— Você é um bandido. Um câncer na sociedade. Não preciso formar conceitos sobre o que faz, eu sei exatamente como trabalha. Homens como você não tem honra, Borelli.

— E mesmo assim não tem medo de mim. — contastou, já em sua frente. Os dois travavam uma guerra através do olhar, incapazes de desviar suas atenções para outro lugar. — Confesso que isso me deixa curioso. E eu não costumo ser curioso. Parece saber mais sobre mim do que eu mesmo... Como é possível?

Kênia desviou o olhar para além das árvores.

— Se surpreenderia com a resposta.

Rico franziu o cenho em sinal de desconfiança, mas optou por não questioná-la. Tudo nela formava uma incógnita. E incógnitas poderiam ser resolvidas com perguntas, mas não com Kênia Martino.

O Grande Rico Borelli. - I Onde histórias criam vida. Descubra agora