40 • Nosso filho.

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— Eu sinto muito

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Eu sinto muito.

Aquelas palavras ficaram presas em sua cabeça durante todo o restante da viagem. Após jorrar aquela frase sobre ela, Rico levantou-se e sentou em outra poltrona, a deixando seguir a viagem sozinha. Por um lado sentiu-se aliviada por não ter que sofrer tantas pressões, mas por outro, sentiu falta do olhar compreensivo e até culpado que ele esboçou. Certamente não o veria frequentemente.

Talvez não pudesse compartilhar todo o sofrimento, mas pensava que podia repartir a dor causada pela "perda" de um filho. Suportar tudo sozinha por anos havia se tornado um fardo pesado demais.

Em carros separados e caminhos distintos seguiram a mansão. Kênia não lembrava do trajeto, a cada esquina que passavam seu olhar focava no vulto. Os pulsos continuavam amarrados, mesmo que não apresentasse ameaça ou risco, não a tinham libertado das amarras. Começou a pensar que aquilo não era necessário, mas sim um castigo por ter dado tão pouco valor a ''liberdade" que lhe foi dada.

Ao chegarem em frente à mansão, foi guiada ao antigo quarto onde passou suas noites com Rico. O cômodo permanecia intacto, intocável. Completamente imerso no silêncio.

Rumou lentamente a sacada. O inverno começará a dar sinais de vida, as fracas rajadas de ventos gélidos chegavam a arder suas narinas, ainda assim não recuou. Aproximou-se perto o bastante do parapeito para que avistasse a floresta que os cercavam.

— Pode pegar um resfriado se ficar aqui por tanto tempo.

Ela abriu os olhos ao mesmo tempo que girava a cabeça, a tempo de ver Nana e seu olhar maternal.

— Ainda está aqui.

A mulher deu de ombros, tomando a liberdade de cobrir os ombros de Kênia com um manto felpudo vermelho.

— No dia que não me encontrar aqui é porque morri ou fui demitida. — respondeu tranquilamente. — Sinceramente, creio que a primeira opção é mais provável.

— Você é mesmo fiel à eles.

Nana a analisou detalhadamente, reparando na grossa aliança em seu dedo anular. Uma faísca queimou seu peito, uma pontada de felicidade tomou conta do seu interior. Ela sorriu, contente.

— E você, não? — indagou com o olhar cravado na aliança. Kênia engoliu em seco, dando à ela uma oportunidade perfeita para fazer perguntas. — Se não, que outra razão teria para estar aqui?

— Se conhece os Borelli tão bem, deve saber que tenho muitos motivos. — respondeu, seca. Nana balançou a cabeça em negação, aproximou-se do parapeito e levou o olhar a entrada principal da mansão onde Rico e André conversavam, distraídos.

O Grande Rico Borelli. - I Onde histórias criam vida. Descubra agora