Ao jogar-se do carro em alta velocidade, Kênia esqueceu de calcular as probabilidades de sua fuga ''repentina" dar errado. Seu corpo estava frágil demais para suportar a queda brusca e o choque entre suas costas e o asfalto, e quando isso ocorreu, uma de suas costela quase fraturou, lhe deixando incapaz de levantar e correr. A forte luz vindo de um helicóptero no ar a cegou. O megafone foi usado para lhe manter deitada.
— NÃO SE MEXA! VOCÊ ESTÁ CERCADA!
A voz brava de um polícia ecoou. Ela deitou a cabeça no asfalto e encarou o helicóptero que sobrevoava no céu, sniper apontadas para si. Ela sorriu insanamente, percebendo então que para tudo havia limites, até para seu corpo.
— PONHA AS MÃOS PARA CIMA!
Alguém ordenou, mas Kênia nem ao menos se moveu. Alguns segundos depois, pelo olhar periférico, avistou botas pretas lhe cercando, canos de snipes focados unicamente nela. Eles a colocaram de costas e a algemaram, não houve delicadeza ou gentileza. A trataram como qualquer outro criminoso do alto escalão.
Kênia foi arrastada para dentro do distrito federal, as sniper apontadas para ela, os olhos cravados em cada passo pesado que dava. Uma lágrima brotou em seus olhos por conta da dor que sentia nas costelas. Em volta dos seus pulsos, o aço gélido das algemas lhe feria, machucava. Ela merecia essa humilhação? Sim, por conta das inúmeras vida que tirou, mas não por culpa das ações de Rico.
Mais uma vez ele a mostrava que tinha poder e meios para fazer o que bem queria. Soube pelo rádio comunicador da viatura que eles haviam conseguido escapar, e sem serem reconhecidos. Ela riu alto ao ouvir a notícia.
A levaram direto a uma sala de interrogatório, a trancaram no espaço sufocante e a esqueceram por longos e intermináveis minutos. A janela de vidro refletia sua imagem, vulnerável. Depois que saíu do reformatório, não chegou a ser pega, ou presa por outro crime, mas tinha certeza de que sua ficha não era das menores.
Alguns minutos a mais, talvez horas, isolada, começou a sentir enjoos e dores por conta do ferimento recente em seu abdômen. Não duvidaria que os pontos tivessem sido prejudicados.
A porta abriu e uma mulher acompanhada de um homem passaram por ela. O homem carregava consigo uma pasta, e a mulher uma xícara e um celular. Os dois sentaram nas duas cadeiras vazias à frente da mesa. Kênia não se mexeu, ou se quer desviou o olhar.
Manter contato visual, sempre.
Uma das regras principais durante seu treinamento com Kai.
Sempre demonstre confiança.
— Você é uma mulher difícil de ser encontrada... — o homem comentou ao abrir a pasta e ler uma das folhas contidas nela. Kênia não respondeu. — O que fazia invadindo um banco que foi fechado há dois meses?
Ele analisava minuciosamente suas feições, cada expressão que Kênia emitia. Os lábios cerrados numa linha dura, o maxilar travado, punhos cerrados, ela queria esganar o Borelli.
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O Grande Rico Borelli. - I
Tajemnica / ThrillerKênia Martino: uma mulher treinada para matar e desestruturar impérios. Nascida no mundo do crime e criada por criminosos, desde criança precisou aprender a lutar para sobreviver. Aos 17 anos perdeu os pais e a irmã em um ataque misterioso, sendo ob...