Ter a vida por um triz já deveria fazer parte do seu dia a dia. Mas quem pode se acostumar a isso? Nem mesmo a mulher mais insana e sádica se acostumará, e os gritos abafados era a prova mais concreta que qualquer juiz poderia ter.
Rico freou o carro bruscamente, abrindo a porta e correndo até ela, tirando-a do carro sem a menor delicadeza. O helicóptero já os esperava, com o piloto a sua disposição. Seus homens saíram dos outros automóveis para ajudá-lo a levá-la até o transporte. Kênia persistia consciente, mesmo que de vez em quando ameaçasse fechar os olhos. Sonolenta foi carregada nos braços do homem que tanto desprezava, que lutava arduamente por sua vida.
Tão irônico, não?
Ela o queria morto, e ele a queria viva.
— O que aconteceu? — André perguntou ao ajudá-lo com Kênia. A mesma resmungava algo que eles não conseguiam compreender.
— Estávamos vindo e no meio do caminho fomos emboscados. Dois carros e duas motos. Armamento pesado. Foram preparados. — relatou. O piloto tratou de abrir a porta e dar espaço para que colocassem Kênia no banco. A ajudou com o cinto, com cuidado para não machucá-la.
— Já mandei pegarem as filmagens das câmeras da cidade. — informou assim que Rico sentou ao lado da mulher. — Logo saberei quem são. Vai ficar bem?
Rico trocou um olhar rápido com Kênia, ainda continuava visivelmente preocupado.
— Sim. Descubra quem os mandou, André. — ordenou. O homem assentiu, como uma promessa silenciosa de que cumpriria a ordem.
— Prontos? — o piloto perguntou ao por o headset. Rico concordou, André fechou a porta do helicóptero e afastou-se quando a palheta de hélice começou a girar, causando uma ventania ao redor.
Aos poucos foram decolando, pegando o impulso conforme a palheta girava, ouvindo apenas o som do motor, sentindo as batidas descompassadas dos corações, e tendo os pensamentos embaralhados. Sua propriedade ficava á dez minutos de distância de onde estavam, do alto podiam avista-la. Era bem grande e chamativa, mesmo que ele tentasse ser discreto.
Vez ou outra Rico verificava o pulso de Kênia, a mesma resmungava, recusava sua ajuda ou seu toque, como se ele fosse incapaz de ajudá-la. Talvez fosse. Não sabia bem o que faria quando chegassem ao castelo, se a deixaria morrer ou a salvaria. Ele a queria viva, mas isso poderia custar-lhe uma reputação. Uma que apreciava bastante.
— Não vou morrer, Borelli. Para o seu azar. — balbuciou entre um sorriso fraco. Ela tossiu.
— Sei que não. Para o seu azar. — retrucou, não tão sorridente quanto ela.
— Senhor, fui informado que Rivânia Versace está o aguardando na sede. Gostaria de ir direto para lá? — o piloto indagou.
Rico esfregou os olhos, exausto demais para tratar de negócios com Rivânia e ainda suportar as cantadas ridículas e olhares patéticos que ela o enviava sempre que estavam juntos.
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O Grande Rico Borelli. - I
Mystery / ThrillerKênia Martino: uma mulher treinada para matar e desestruturar impérios. Nascida no mundo do crime e criada por criminosos, desde criança precisou aprender a lutar para sobreviver. Aos 17 anos perdeu os pais e a irmã em um ataque misterioso, sendo ob...