Ao encerrarem o assunto, Rico pediu para ficar a sós com Kênia. Mandou trazerem uma garrafa de vinho de sua prestigiada adega. A levou a sede, queria lhe mostrar o estoque de armas que haviam acabado de fabricar. Se havia algo que os dois tinham em comum era a fascinação por armas, e ele iria explorar isso a seu favor.
Ao chegarem no corredor estreito e de pouca iluminação, Kênia entrou em alerta, mantendo-se em posição para não ser pega desprevenida. Não confiava em Rico ao ponto de ficar despreocupada dentro daquele galpão repleto de portas. Sabia que por trás de cada uma havia algo a ser temido.
Pararam à frente da penúltima porta onde Rico pousou o dedo anular no aparelho eletrônico preso na parede, e logo em seguida digitou uma numeração. O leitor digital confirmou sua identificação, mostrando nitidamente seu rosto.
— Sempre bem protegido não é, senhor Borelli. — comentou enquanto o seguia para dentro do cômodo.
— São apenas precauções.
— Ahãm, sei.
Kênia calou-se ao colocar os olhos sobre a primeira arma por trás de um enorme proteção feito com vidraça blindada na parede oposta.
— Isso que eu chamo de precaução. — comentou, empolgada. Aproximou-se, sendo observava por Rico, que se adiantou em abrir a estreita janela de vidro, dando a ela total acesso as armas. Ela olhou para Rico. — Posso?
Ele apontou para elas, assentindo.
— Com prazer.
Havia uma de cada modelo diferente, pistolas, revólveres, sniper, rifles...
Kênia não hesitou em pegar uma das sniper, a acariciando como se fosse a coisa mais preciosa que pudesse ter o privilégio de ter em mãos.
— É essa. — murmurou, quase inaudível.
— É essa?
Ela subiu o olhar até Rico, mirando a arma em direção a parede.
— É com ela que vou matar o Kai.
Ele a fitou com curiosidade, arriscando passos para mais perto. Mãos em ambos os bolsos da calça, postura ereta e um olhar diferenciado.
— Por que essa vontade repentina de matá-lo? Se bem me lembro, até pouco tempo vocês dois tinham algo. Um caso?
Kênia abaixou a sniper e a deixou no seu devido lugar. Tornou a olhar o restante das armas, mas sem voltar a tocá-las.
— Você tirou minha família de mim, Rico. Mas você tem razão quando falou que nunca mentiu... Gente apaixonada fica cega. — o olhou de escanteio, sorrindo amarelo. — Mas o Kai... ele fez diferente. Ele me fez acreditar que eu precisava me tornar essa pessoa que sou só para me vingar. Ele tirou mais do que minha família, tirou meu filho e minha vida. Talvez eu me recuperasse de tudo se ele não tivesse me encontrado.
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O Grande Rico Borelli. - I
Gizem / GerilimKênia Martino: uma mulher treinada para matar e desestruturar impérios. Nascida no mundo do crime e criada por criminosos, desde criança precisou aprender a lutar para sobreviver. Aos 17 anos perdeu os pais e a irmã em um ataque misterioso, sendo ob...