Epílogo

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Treze anos atrás:

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Treze anos atrás:

A vida pode ser mais cruel com crianças do que com adultos. As pessoas tem o incrível e aterrorizante poder de fazê-las sofrer. Era seu oitavo aniversário, uma manhã ensolarada e quente em uma parte isolada do México. O garoto que acabará de completar seus 8 anos de idade, escondia-se atrás da velha construção que chamava de ''casa". Um esconderijo que encontrou para se refugiar da realidade chocante em que vivia. Segurava uma flor silvestre em uma das mãos, agarrando-a com força enquanto fazia uma oração silenciosa para que tudo ficasse bem. Uma lágrima escorreu pela bochecha direita. O coração palpitava de felicidade. Ele ergueu os olhos e a encontrou. Via, a garota com a capacidade extraordinária de lhe tirar do inferno, usando seu único vestido verde com estampa de ursos. Os cabelos castanhos amarrados de forma desleixada. O olhar meigo e inocente, mãos delicadas e um sorriso encantador. Ele adorava vê-la.

Ela sentou ao lado de Derian, o entregando uma caixa que trazia consigo. A expressão surpresa foi notável.

— Isso é pra mim?

Ela assentiu.

— Hoje é seu aniversário. Quem mais ganharia presente? — indagou, risonha. Derian entregou a flor à ela, algo que havia trabalhado duro para conseguir. Via rolou os olhos. — É claro que você tem um presente para mim. Você sempre tem. Eu amei, Arlin. É linda e tem um cheiro familiar... Me lembra do quintal da minha última casa.

Via estava com dez anos, dois anos mais velha que Derian. Os dois criaram um laço forte assim que se conheceram. Fazia apenas cinco anos que a garota morava no orfanato, os pais sofreram um acidente de carro e para a má sorte, não tinha outros parentes vivos. Já Derian, vivia naquele lugar desde que nascerá. Ninguém o adotava, nem mesmo o olhavam durante as visitas. Mas ele tinha seus ''amigos secretos".

— O que é isso?

— É pra você sempre se lembrar de mim. Aonde quer que for. — murmurou, estranhamente entristecida. Ela respirou fundo, notando o olhar confuso do amigo. — Estou indo embora, Arlin. Finalmente encontrei uma nova família.

Automaticamente ele franziu o cenho. Uma batida do seu pequeno e frágil coração falhou. Ele engoliu em seco e respirou com dificuldade.

— Você não pode ir! — exclamou rapidamente. Ele olhou ao redor. — Somos tudo o que temos. Ficarei sozinho?

Via apanhou a caixa das mãos de Derian, abrindo-a e tirando uma pulseira de miçangas pretas. Ela sorriu amarelo.

— Enquanto usar isso, estarei sempre com você. Fique feliz por mim, Arlin. Por favor. Fique feliz.

Naquela altura ambos lagrimavam. Ele sabia que a perderia, perderia a única amiga que tinha, o único refúgio. Ainda assim desejou-lhe felicidades. Se abraçaram forte e passaram o restante da tarde juntos, conversando e rindo. No dia seguinte quando ele procurou por ela, não a encontrou mais. Ele percebeu que aquela tarde foi uma despedida, e que nunca mais voltaria a vê-la.

O Grande Rico Borelli. - I Onde histórias criam vida. Descubra agora