Em volta da mesa redonda em um dos cômodos privados da mansão, Petrus, André, Kelly e os sócios de Rico, Maurício, Damásio e Hector. Os seis discutiam sobre assuntos relacionados aos ataques sofridos por Kai. Tinham, de fato, vantagens naquela guerra, ainda assim não desejavam prologar a briga por mais tempo, ou acabariam tendo ainda mais perdas de homens e dinheiro. Também não queriam atrair atenção, caso a polícia fosse acionada seria difícil passarem despercebidos.
Esperavam Rico para continuar a conversa.
— O que acontecerá da próxima vez que o K9 aparecer? — Damásio indagou. Cruzou as pernas e aconchegou-se na poltrona. O semblante carregado de preocupação. — Isso está fugindo do nosso controle. Logo a mídia começará a notar que há uma rixa, uma briga. As pessoas falam. Os boatos se espalham. Aqui no México tudo vira notícia.
Maurício concordou, segurava um copo com gin nas mãos.
— Muita gente está morrendo, André. — acrescentou, lembrando-se da carnificina que ocorreu no último ataque. — Há duas formas de acabar com isso, uma simples mas que Rico obviamente não aceitará, que é abrir mão dos negócios na América latina e entregá-los ao K9. Ou... ou fazer uma parceria com ele.
Petrus riu desdenhoso, chamando atenção.
— Tem razão, ele obviamente não vai aceitar isso. K9 tentou machucar os filhos dele, exterminá-lo agora é questão de princípios. E eu não posso ir contra isso, pois qualquer miserável que é capaz de tocar em crianças deve morrer.
— Além disso, K9 armou um circo ao mandar Kênia pra cá. — Kelly se pronunciou. Ela trocou uma breve troca de olhar com André. — Agora que sabemos a verdade, o motivo dessa guerra vai além de território. Isso vem se arrastando há décadas!
— Mulher. — Héctor murmurou, pensativo. Um sorriso maroto surgiu no canto da boca. — Há motivo melhor pra ir à guerra?
Os seis se entreolharam, cada um com uma opinião distinta, cada um em busca de alternativas das quais não se resumiriam em mais mortes. Foi entre o silêncio que se estabeleceu que a porta foi aberta e Borelli passou por ela. Estava diferente, já não abusava da pose inabalável ou do controle. Parecia até distante, o corpo presente mais a mente longe. O olhar perdido, vazio e denso. Os cabelos emaranhados, ombros baixos e o terno amassado. Irreconhecível.
Todos o encararam por longos segundos, fazendo - mentalmente - suas observações.
— Meninos, vocês poderiam nos dar um minuto? — Kelly pediu inexpressivamente ao notar as condições do chefe. Claramente não queria falar com ninguém. Ele precisava de tempo e ela daria isso a ele.
Novamente se entreolharam. Maurício foi o primeiro a afirmar e levantar, logo em seguida cada um o seguiu, deixando os dois a sós. Calada, Kelly permitiu que Rico se sentisse confortável para poder dizer algo. Ele permaneceu parado por um tempo, como se os pés tivessem presos no chão, então ela tomou a iniciativa de oferecer uma bebida forte, que ele aceitou de bom grado.
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O Grande Rico Borelli. - I
Mystery / ThrillerKênia Martino: uma mulher treinada para matar e desestruturar impérios. Nascida no mundo do crime e criada por criminosos, desde criança precisou aprender a lutar para sobreviver. Aos 17 anos perdeu os pais e a irmã em um ataque misterioso, sendo ob...