49 • Tempos desesperados.

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Dias haviam se passado desde o dia em que André Forastieri fora enterrado

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Dias haviam se passado desde o dia em que André Forastieri fora enterrado. Kênia partiu no dia seguinte, e Borelli desapareceu do mapa. Os dias foram longos e intermináveis para cada um, turbulentos encontros e desencontros. Não houve um dia se quer que não pensassem um no outro. Rico Borelli abriu as portas do mundo para Kênia. Deu a ela a chance de recomeçar, seguir em frente. E ela seguiu, seguiu em todas as direções possíveis. Enquanto Rico continuava sumido, fazendo sabe lá o quê.

Houve noites que pensou em voltar, chegou a vasculhar a internet em busca de notícia.

E então, se deparava com a ascensão do império Borelli. De novo, de novo e de novo. Em todos os lugares improváveis havia notícia sobre eles. Ela pegava o jornal pela manhã e o nome Borelli logo aparecia. Abria uma revista e Petrus reaparecia, corte de cabelo novo, roupas formais e um olhar que ela bem conhecia.

Se perguntava por onde andava o patriarca da família. Se perguntava se Derian estava sendo bem tratado, se poderia vê-lo algum dia. Chegou a pensar em Anelise, no estado emocional que ficou. Lembrava-se de que a garota era perdidamente apaixonada por André.

André... Soube da notícia ao abrir os olhos. Sentiu-se mal por ter sobrevivido. Tentou encontrar Eloá, mas a mesma sumiu sem deixar rastros. Percebeu que estava só no mundo e que não teria a quem recorrer. A solidão foi sua companheira nas noites em claro.

Kênia passou a viver uma vida monótona e pacata, algo nada familiar. Acordava de manhã, tomava um café na esquina e voltava para casa, sem muitas aventuras e riscos. Havia se instalado no México, no lugar onde prometeu a si mesma que nunca mais colocaria os pés. E ao cansar da vida monótona, voltou a ativa. Mas dessa vez não trabalhava para quem pagasse mais, mas sim para quem lhe apontasse alvos dos quais valeria a pena os esforços.

E Kênia viveu assim por um ano.

Isolada no lugar em que perdeu os pais e a irmã, afastada do único parente que ainda restava: Derian.

Passou noites acordada, pensando em Rico e no que ele andava fazendo. O coração ainda doía. O sentimento que sentia por ele continuava forte e intenso, a dominava.

Mas um dia ela se acostumou com a dor e a saudade. Fez o que qualquer pessoa normal faria, deixou de se martirizar. Resolveu enfrentar os medos, os inimigos que a cercava.

Era noite e Kênia estava a caminho de um restaurante. Havia colocado um vestido curto preto de alças curtas. Prendeu os cabelos em um rabo de cavalo e pôs um exuberante par de brincos. Teria um encontro com um cliente e precisava soar sociável. Durante o trajeto observava - sem foco - as ruas movimentadas. Respirou vezes seguidas, algo que passou a fazer sempre que lembrava-se de Rico e Derian.

— Chegamos, senhora.

Desviou o olhar da janela, reparando que já estavam em frente ao restaurante. Kênia respirou pausadamente, sentindo um cansaço emocional.

O Grande Rico Borelli. - I Onde histórias criam vida. Descubra agora