48 • Xeque-mate.

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Ele entrou no cômodo escuro e frio, o bi bi bi das máquinas hospitalares que a manteve respirando era o único som no ambiente

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Ele entrou no cômodo escuro e frio, o bi bi bi das máquinas hospitalares que a manteve respirando era o único som no ambiente. Rico sentou na beira da maca, observando o rosto singelo de Kênia. A respiração lenta e baixa. Tocou em seus cabelos enquanto analisava seus traços exóticos.

Alguns segundos depois ela abriu os olhos lentamente.

— Não fale nada. Não faça esforço desnecessário. — balbuciou, ela balançou a cabeça em afirmação. Fixou o olhar no dele. Rico sorriu em um misto de decepção, tristeza e raiva. — Foi um dia duro, e você é a única pessoa que eu queria ver no final. E isso é o pior de tudo porque... não posso mais me dar ao luxo de te ter aqui. Finalmente chegou o fim que tanto evitei.

Os batimentos aceleraram. Kênia tentou tirar o inalador que mantinha a respiração controlada. Rico a ajudou, mesmo sabendo que ela não poderia fazer tantos esforços. Os lábios ressecados e cortados, a pele sem vida, olheiras profundas, assim se encontrava Kênia Martino.

Atenciosamente pegou o copo com água, colocou um canudo e levou até sua boca. Esperou pacientemente ela beber um pouco.

— Eu disse a você para não dar uma de herói.— balbuciou, cansada. Nem abria os olhos por completo. Engoliu em seco, respirando pesadamente. — Não posso continuar enganando a morte desse jeito...

Rico tocou seus cabelos, acariciando alguns fios. Em cada gesto, olhar, cada vez que o coração batia mais forte, as mãos suavam e o nervosismo tomava conta, ele sabia que era o corpo reagindo a ela.

— É bom ser mais cuidadosa, posso não estar na próxima vez. — disse, pensando no quão infeliz ficaria com sua partida. — Tudo vai ficar bem.

— Está mentindo. — retrucou ao franzir o cenho e analisar as marcas de exaustão que ele mostrava no semblante. — O que aconteceu?

Deitou-se ao seu lado, pousando a cabeça no travesseiro e colocando o rosto entre o pescoço de Kênia. Ela ouvia a risada baixa e sentia a respiração pausada.

— Eu sou o homem mais poderoso desse país. Mas estou tendo a sensação de que estou sufocando dentro da minha própria existência. É como se todas às coisas me engolissem ao mesmo tempo. — revelou, sincero. Apanhou a mão de Kênia, entregando-a o anel que passou metade da vida usando. — Quero que fique com isso. Leve com você para onde quer que for.

— Isso é uma despedida?

Os dois ficaram em silêncio por breves segundos. Pensamentos turbulentos, sentimentos confusos e uma saudade antecipada. O vazio de suas ausências seria desgastante e insuportável, mas necessitavam de um tempo um do outro. Rico tomará a decisão de deixá-la ir na sua última visita a Kai, quando descobriu a verdade.

Rico Borelli entrou no cômodo a passos pesados e curtos. O peso do corpo pareceu insuportável. Sentia como se carregasse toneladas de chumbo nas costas.

O Grande Rico Borelli. - I Onde histórias criam vida. Descubra agora