VIII

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Voltando à mesa, Ten resolveu se arrepender de ter chegado naquele momento. Taeyong estava conversando com o pai, olhando para o celular e sorrindo.

Chittaphon sentou-se e olhou para o celular do namorado. Sua respiração quase foi embora quando percebeu que ele admirava a foto de uma garota. Eu sou mais bonito que ela, ainda pensou.

— Olha, Ten, ela não é bonita? — Taeyong mostrou-o.

Ten comeu um pouco de arroz.

— Dá pro gasto — respondeu, indiferente.

O sr. Lee fitou-o como se tivesse problemas mentais ou sérios de visão, porque estava mais que óbvio o fato daquela menina ser muito bonita.

— Por que não conversa com ela?— sugeriu o pai Taeyong.

O filho, que acabara de seguir o perfil da moça, olhou discretamente para Ten ao seu lado, que apenas fazia a egípcia enquanto comia o seu arroz.

— Ahn... talvez depois — disse, bloqueando o celular e guardando-o no bolso.

Ten pegara-o no mesmo instante. Já sabia a senha de Taeyong, pois já a vira suficientes vezes para que gravasse os números para desbloquear. Ele entrou no perfil da garota e fez com que Taeyong parasse de segui-la.

Sr. Lee achou estranho Ten mexer no celular de Taeyong como se fosse seu.

— Eu estava checando o prêmio diário de um jogo que eu e Taeyong jogamos aqui — comentou — Pois é isso o que amigos fazem — e pousou, com um sorriso forçado e um olhar de fúria, o celular em cima da mesa.

Taeyong o pegou como um cachorrinho assustado, para depois pô-lo dentro do bolso da sua calça.

— Aliás, esse casaco não foi o que eu lhe presenteei ano passado? — o sr. Lee não parava quieto, apontando para a roupa de Ten e exigindo explicações de Taeyong.

— Amigos também dividem roupas, pai — respondeu Taeyong.

— Eu pensei que meninas eram quem faziam isso — resmungou o homem.

— Meninos podem fazer tudo o que meninas fazem, do mesmo jeito que meninas podem fazer tudo o que meninos fazem. — Ten falou antes que Taeyong pudesse elaborar a sua resposta — Meninos podem ser femininos e namorar garotos. E meninas podem ser masculinas e namorar garotas.

Um silêncio mortal se fez na casa, e o único som audível era o do crepitar da lareira. O Sr. Lee apenas arqueou o cenho e assistiu o mais novo entre eles servir-se mais de arroz.

— Mas é claro que cada um tem sua opinião — concluiu Chittaphon, no intuito de quebrar o silêncio.

— A comida está boa, mãe — Taeyong elogiou.

— Ah, obrigada... — ela agradeceu.

— Taeyong, logo quando você se graduar, vamos te levar para fazer a sua carteira de motorista, ok? — o seu pai avisou.

— Okay, embora eu já sabia dirigir — deu de ombros.

— Por isso mesmo vai ser mais fácil — o homem sorriu.

Ficaram em silêncio até o final da refeição, quando o Sr. Lee chamou Taeyong para mostrar a surpresa e Ten fora para a cozinha com a sra. Lee para ajudá-la com as louças.

— Ten, peço que seja um pouco paciente — a mais velha iniciou a conversa, enquanto Ten enxugava tudo.

— Sou paciente até demais, deve ser por isso que acabo sendo trouxa — resmungou entredentes.

— Mas você não está sendo trouxa. Meu marido sempre fica no neutro com essas coisas. Segundo ele, cada um que cuide da sua vida e que ame quem quiser. No entanto, quando ele vê isso na sua família, não consegue compreender muito bem. Ele realmente não se importa, mas Taeyong é nosso filho e ele não acha que isso é o melhor  para ele — contara.

— E a senhora acha? — Ten evitava olhar para ela, concentrando-se apenas no prato.

— Eu não tenho que achar nada; Taeyong que deve achar — concluiu, enxugando a mão num pano.

Ten abria a boca para falar alguma coisa, mas a voz de Taeyong sobrepôs à sua. Ele vinha correndo e escandaloso, fazendo barulho com a pisada e mais ainda com os gritos estrondosos.

— Um carro! Um carro! Eu ganhei um carro! — era o que repetia.

A sra. Lee, obviamente, já sabia de tudo, mas fez-se surpresa com a notícia. Ten se surpreendeu ainda mais e, ao ver Taeyong com aquele sorriso e aquele olhar brilhante, irradiando alegria e felicidade; fora quase impossível não sorrir também.

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