LXVIII

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Quando a manhã chegou e Taeyong acordou na cama de Ten, abraçado bem forte pelo menor, ficou a se perguntar como é que foi parar ali. Cutucou o namorado umas três vezes e nada de Ten acordar. O menino dormia muito, talvez fosse por isso que sempre chegava atrasado. Na verdade, Taeyong não entendia muito bem isso. Todas as vezes que dormia na casa dele, eles sempre chegavam cedo. Então o problema não era o despertador.

— Tennie... — cutucou seu rostinho e logo cobriu-o de beijos. — Tem escola hoje, meu amor.

— Não estou nem aí — o tailandês virou o rosto para o outro lado, ignorando os pedidos de Tae para que levantasse logo. Mesmo que o outro lhe sacudisse, ele ainda continuava dizendo que não iria e ponto final.

— Tem certeza? — perguntou, decidindo ali mesmo que levantaria e deixaria Ten em casa, caso não se levantasse.

O moreno não respondeu, apenas afundou mais a cara no travesseiro enquanto Tae levantava-se para o banheiro. Havia dormido, mas seu corpo estava tão cansado que nem parecia que cogitou fechar os olhos durante a noite. Quando chegou ao banheiro, assustou-se com o fato que havia esquecido sobre seu cabelo: estava horrendo, pintado de vermelho por tinta spray de atacado. Seu dia já havia começado de ponta cabeça só pelo fato de ele ter de ir para a escola assim.

— Ten, você não vai mesmo? Daqui a três dias é o interclasse. Se você não treinar, vai levar bolada na cara — avisou o mais velho, olhando o corpinho bonito do seu namorado estirado à cama. Taeyong balançou a cabeça na negativa ao encostar-se no batente.

— Não me importo — respondeu Chittaphon, com a voz abafada.

Taeyong soltou um suspiro alto e decidiu tomar uma ducha. Teus dedos avermelhados ficaram ao tentar esfregar os fios da cabeça, fugindo daquela cor que pouco lhe agradava. Escovou os dentes, vestiu-se com um dos uniformes de Ten e cutucou o namorado na bunda. Subentendeu que o moreno havia dormido realmente muito tarde para estar naquela preguiça toda.

Quando desceu e deu bom dia a todos da casa — nisso inclui-se alguns dos familiares que haviam surgido na noite anterior —, comeu um pouco e decidiu que iria para escola. Não queria de jeito nenhum perder assunto, uma vez que suas notas de repente haviam descido um pouco. Não sabia muito o porquê. Esforçava-se na mesma intensidade de sempre, então aquilo era apenas mais uma incógnita a ser descoberta.

Taeyong pensou que veria Ten descer correndo as escadas, pedindo para que esperasse ele e que só estava tirando seus cinco minutinhos de soneca, que na verdade haviam se estendido um pouco e que não havia problema nenhum naquilo. Mas não, o preguiçoso do seu namorado não havia nem levantado da cama quando Lee despediu-se dos pais dele e entrou no carro pensando se deveria puxar Ten da cama ou não.

Os pais de Ten não estavam ligando se o menino ia à escola ou não, se estava chegando no horário ou não. Eram tão liberais. No entanto, Taeyong sabia que era muito perigoso se aproveitar. Ten certa vez contou ao namorado que, caso tivesse de repetir a última série de sofrimento do ensino médio, provavelmente seus pais lhe puxariam para a Tailândia e sua vida seria um inferno, pois não iria poder sair com os amigos nem namorar. Aquilo era horrível.

Taeyong ia pensando nisso quando chegou à escola. A tinta não havia saído por completo da sua cabeça, então na verdade ele tinha um vermelho desbotado. Ou talvez algum tom esquisito de rosa. Ele não queria pensar muito nisso, então decidiu passar direto pelos amigos de Chittaphon enquanto escutava Lana Del Rey nos fones de ouvido.

— Seu surdo! — Doyoung tirou um lado dos fones do ouvido do menino e segurou-o pelo braço. — Cadê Ten?

— Dormindo — respondeu.

— Mas você não dormiu lá? Por que não acordou ele? — tornou a perguntar.

— Ele não quis vir — afastou o braço do contato nojento do amiguinho de Ten e formou seu percurso para o banheiro lavar a mão.

Não gostava muito de contatos. Detestava contatos. Só gostava dos contatos de Ten, mesmo que o menino só lavasse as mãos durante o banho e olha lá quando é que tomava banho. Pensar nisso só fez com que ele pensasse que deveria ter tentado um pouco mais chamá-lo. Mas ele já estava na escola, então o máximo que podia fazer era ligar para Ten até que ele acordasse.

Não tinha muito o que fazer quando não havia retorno da outra linha. Então ele decidiu que não se importaria com aquilo. Sentou-se no seu lugar de sempre, ninguém ao seu lado lhe tirando a paciência. E, por mais que havia passado mais tempo sozinho que acompanhado naquele lugar, sentia falta de alguém especial com suas cantadas pornográficas.

— Bom dia, alunos — a professora de química apareceu. — Espero que estejam todos presentes...

Taeyong não costumava dar atenção às ladainhas dos professores antes de dar o assunto, então ocupou-se em tirar os materiais da mochila e colocá-los sobre a mesa.

— ... Porque hoje tem teste surpresa valendo ponto extra — o dito pela mulher fez Taeyong congelar, o estojo que estava segurando parar no meio do ar. Ele piscou algumas vezes.

No momento seguinte, quis chorar. Era pra ter puxado Ten da cama. Era pra ter puxado Ten da cama, Taeyong. Merda.

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