XXXII

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Taeyong inspirou profundamente e apertou-o forte contra o seu peito. O rosto devidamente enterrado na curva do pescoço tailandês fazia cócegas ao outro garoto, o qual acariciava encantadoramente a sua nuca e agradecia por todo o apoio que viera recebendo nos últimos dias. E aqueles corpos colados, simplesmente trocando calor, faziam com que ambos corações batucassem mais rápido e intensamente, somente para terem a ínfima chance de se encontrarem no meio daquele poço de sentimentos. Quando o platinado afastou-se e carinhosamente segurou as mãos do estrangeiro, recebeu um sorriso arrebatador que descongelou todos os sentimentos duros e inexpressivos dentro de si. Ajeitou o cabelo preto do menino e tocou levemente na pontinha do seu nariz, fazendo-o sorrir como se tivesse um motivo óbvio para tal.

Taeyong se sentia um bobo apaixonado enquanto perto do menino. Era sempre a mesma coisa: quando, se por algum acaso, acabavam por deitar o olhar um sobre o outro, automaticamente sorriam como se fossem máquinas programadas para exercer aquela função. E se assim não bastasse, apenas estando um ao lado do outro, já era mais que necessário para a cota de carinho recomeçasse a erguer em taxas alarmantes. Sobretudo porque o coreano particularmente achava o cheiro do moreno o aroma mais singular que tivera a chance de experimentar. E talvez esse seja o motivo daquelas risadas tragicamente anasaladas — uma vez o queixo repousado no ombro pornkul — que mais simpatizavam com um porco sendo torturado do que com uma demonstração de alegria e graciosidade.

— Você pode comprar alguma porcaria para mim lá fora? Eu estou morrendo de nervoso e tenho que me acalmar comendo — Chittaphon arrancou uma quantia de dinheiro do bolso e entregou-o ao namorado — Eu estou até imaginando o cheiro...

— É sério que você gosta dessas comidas de esquina? Tem cheiro de intoxicação alimentar — Taeyong cruzou os braços e fechou a cara, recusando-se a ser cúmplice daquele envenenamento.

— O que você propõe? Que vai em casa preparar uma comida e depois volta com uma quentinha? Isso tudo em apenas dez minutos? — Ten ergueu uma das sobrancelhas e encarou o outro, que subitamente aliviou a expressão e articulou um mini beicinho.

— Não era isso o que eu tinha em mente. Eu preferiria trazer alguma coisa industrializada, já que tem menos chances de te matar do que um dogão com pedaços de unha.

Ten jogou a cabeça para trás e desatou a rir.

— Que nojo, Taeyong! — bateu-o amigavelmente no ombro — Então você prefere me entupir de sódio?

O coreano ficou em silêncio por meio minuto pensando sobre o que faria acerca do assunto. Quando enfim concluiu, hesitou duas vezes antes de falar.

— Você precisa mesmo comer? — permitiu os ombros decaírem e fez cara de paisagem.

— Você precisa mesmo respirar? — a resposta irônica fez com que Taeyong revirasse os olhos — Mesmo sabendo que o ar é todo poluído, você respira mesmo assim. Por quê?

— Se eu não fizer, eu morro.

— Então compra uma intoxicação alimentar pra mim — empurrou-o para a saída.

Taeyong fez uma careta para Chittaphon, mas não funcionou como planejado. Seguiu silenciosamente para fora do âmbito escolar, meteu-se numa daquelas filas ao redor do carrinho de comida e pediu a primeira coisa que viu na frente. Obviamente que não incluiu pequenos detalhes que Ten não gostava, mas talvez devesse ter posto justamente para aprender uma lição sobre coisas vendidas no meio da rua.

Quando voltou com o lanche, recebeu beijinho até na pontinha do cabelo como agradecimento, mesmo com a boca cheia de praguejos sobre Ten estar com documentos caso fossem parar em algum hospital. O mais baixo apenas concordava com a cabeça enquanto mantinha a boca ocupada, ignorando os resmungos de velho soltados pelo Lee. Era carinhosa a sua preocupação, mas aquilo era um tanto de exagero da sua parte.

Quando terminado o lanche e Taeyong abaixou-se para amarrar o sapato de Ten, não tardaram a aparecer no anfiteatro. Os meninos não puderam deixar de notar a presença de muito mais pessoas para participar do avançado do que do iniciante, o que realmente preocupou Chittaphon. Mesmo assim, ele suspirou e acreditou no seu potencial. Afinal, ele estava deslumbrante naquele traje e treinou demais para se preocupar com aquilo. Percebeu que a quantidade de concorrentes um tanto surpreendente era apenas um motivo para que ele esforçasse mais e mais.

— Se você não ganhar, eu mato todo mundo a facadas — foi a fala de Taeyong quando sentou-se numa das cadeiras enquanto segurava a mochila de Ten.

— Não precisa. Eu vou matar todos de inveja — deu uma piscadela para o Lee e afastou-se.

Taeyong sorriu ao vê-lo desfilar para o palco.

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