XVIII

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Aquele parquinho parecia ser esquecido, como se pertencesse a uma criança fantasma e que estivesse abandonado entre todas aquelas camadas de neve. Mas seu dono estava ali, com uma caneca de Star Wars entre os dedos e provando o seu doce e quente café. Bebericou algumas vezes, para então concluir que realmente não estava com vontade de bebê-lo. Ten olhou sobre o seu ombro e suspirou pesadamente com a imagem. Talvez fosse aquilo o que ela mais queria, mas não tinha a consciência de que Taeyong se daria tão bem com o seu pai a ponto de superar o próprio Chittaphon, cujo apenas mantinha-se em silêncio durante aquele monótono jogo de xadrez. 

Analisou a bebida quente presente na sua caneca e sentiu a fumaça esquentar o seu rosto, concluindo sobre o quão ambos garotos eram opostos. Ele era quente como o verão, como o café que tanto forçava-se a beber, o qual deixava o garoto platinado acordado altas horas da madrugada — por uma grande e nobre razão, é claro. 

  — Xeque-mate! — o grito de Taeyong chamou a atenção de Ten.

— Aish... Você é muito bom... Age quietinho e calcula tudo! Parece um cãozinho! — sr. Leechaiyapornkul exclamou como resposta, cruzando os braços e desistindo das próximas partidas.

  — O segredo é a prática! — Taeyong riu, vitorioso, e deu um gole no chá gelado que tanto tinha implorado para Ten dar-te, pois o tailandês teimava em empurrar-lhe bebidas quentes. Taeyong detestava bebidas quentes, até mesmo no inverno.

  — Seria muito mais fácil se Ten jogasse comigo — o homem metralhou-o com o olhar.

Ten revirou os olhos.

— Não perco meu tempo com isso, sendo que eu poderia muito bem estar jogando Amor Doce — deixou a caneca no parapeito da janela e girou o corpo na direção dos dois.

  — Amor o quê? — havia uma interrogação enorme sambando na cabeça do Lee.

  — Doce, Taeyong. Amor Doce — mordeu o lábio inferior — É a merda de um jogo que serve para gastar o meu tempo e me apaixonar por um macho de desenho.

  — Quê? — Taeyong estava paralisado, sentado no sofá, atônito com as palavras de Chittaphon.

— É uma viadagem que inventaram para iludir garotas e garotos como Ten Chittaphon — resumiu ele, cuspindo aquelas palavras como se detestasse o jogo. — Depois te mostro o que é, mas você não pode pegar o meu macho.

— Seu o quê, Ten? — seu pai arqueou as sobrancelhas.

— Macho. Nunca ouviu falar de macho, não? — Ten descruzou os braços e caminhou calmamente até as escadas, para então subir os degraus e tentar dar um jeito no seu quarto.

Taeyong não havia entendido completamente nada, mas o sogro fez um gesto para que pegasse o notebook sobre a mesinha e juntos foram pesquisar que raios era aquele tal de Amor Doce. No final, só decepção, por parte do pai de Ten, é claro, pois Taeyong apenas estava tentando aprender a mexer naquilo sem machucar nenhum dos personagens robotizados. Enquanto isso, Ten ia jogando todas as suas roupas dentro do guarda-roupa e rezava para que Taeyong não abrisse aquela porta, pois não queria ser o culpado pelo soterramento do próprio namorado.

  — O que fazem? — indagou assim que desceu as escadas e encontrou os dois tão focados em algo na internet.

— Estou tentando um encontro com Nathaniel, mas essa barrinha estranha só sobe com o Castiel — contou Taeyong, nada entusiasmado.

  — C-com Castiel? Ah, não, Taeyong, larga isso daí! — Ten acelerou os passos e arrancou o notebook das mãos de Taeyong.

— Ficou louco? — Taeyong arregalou os olhos e fez um biquinho que Ten julgou como uma das coisas mais fofas que fizera. Ele não costumava expressar-se  de uma maneira tão aberta quanto aquela.

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