IX

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Taeyong vinha devagar, cauteloso com uma pilha de CDs sobre os braços. Tentava não tropeçar na neve e tampouco deixar um sequer cair, senão precisaria de um grande procedimento para recuperar o caído. Ele inspirou profundamente e assistiu o ar condensado quando expirou. Viu que seu tênis estava desamarrado e deu de ombros para o pensamento de que deveria tentar amarrá-lo antes de chegar ao carro. O seu carro.

— Tae, não acha isso meio exagerado? — Ten estava inclinado sobre a porta aberta do veículo, ainda vestindo o casaco do namorado e cansado de revirar os olhos em cada comentário do seu sogro.

— Mas ele está certo mesmo — disse o sr. Lee, opondo-se a Ten. — Deve trazer todos os CDs para escutar.

— É, mas existe uma coisa chamada bluetooth — respondeu, embora não quisesse ser rude — Aliás, ele pode escutar qualquer música usando bluetooth, enquanto CD é um tanto limitado.

— Você tem razão, Ten, mas eu cresci escutando esses CDs e seria frustrante ter um carro e não poder escutá-los.

Ten deu de ombros e deixou Taeyong guardar os CDs dentro do carro. Ignorou os olhares do Sr. Lee e apenas tentou transparecer desinteresse.

— Vocês são da mesma escola, certo? O Taeyong se comporta? Apronta muito? Chama muita atenção? — o homem quis saber, aproveitando que o filho estava dentro do carro.

— Lee, ele é praticamente invisível — Ten falou baixo — Ele tem problemas sociais, como o senhor bem sabe.

— E então você apareceu, certo? — o mais velho aproximou-se de Ten.

— Acho que iríamos nos conhecer de um jeito ou de outro, senhor — o tailandês tomava cuidado para não falar demais e acabar deixando escapar a existência do romance entre os dois.

— Destino? — sugeriu uma palavra que se encaixava com o que foi dito.

— Não, mas quase — suspirou e enfiou as mãos dentro dos bolsos do casaco — Não sei bem como explicar. Apenas que a nossa amizade surgiu de um modo que, de um jeito ou de outro, iríamos nos topar por aí e conheceríamos mais sobre nós mesmos.

— Pronto! — Taeyong saiu do carro e concertou a roupa — O que falavam?

— Sobre o pneu do carro — o Sr. Lee mentiu, para a surpresa de Ten — É um belo pneu, certo?

Ten fitou-o confuso.

— Absolutamente.

A porta de entrada foi aberta e a sra. Lee colocou a cabeça para fora pra poder gritar:

— Vocês vão congelar aí fora!!

Taeyong virou-se para trás e fez um gesto para que a sua mãe fechasse aporta e não saísse.

— Estamos bem, mãe! — disse, irritado.

— Ah, pois então morram aí fora! — a sra. Lee bateu a porta com raiva.

Deus que me dibre — resmungou Ten.

O Sr. Lee suspirou impaciente e tratou de subir as escadinhas para entrar na casa.

— Eu vou lá amansar a onça...

— Ah, pai! Eu posso... bem... testar o carro? Tipo... eu posso sair com Ten e... Bem, eu só quero me acostumar com ele — Taeyong encolheu os ombros.

Sr. Lee parou no meio da escada e soltou uma risada.

— Pode sim, pode sim! — adiantou-se para entrar.

Taeyong animou-se, sorriu sozinho e entrou no carro. Já sabia como dirigir, graças a seu pai, é claro. Ele não iria para tão longe, afinal, ainda não tinha uma carteira de motorista, embora só precisasse esperar apenas alguns meses.

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