XXXI

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— Pois é... — resmungou o moreno.

Depois disso, silêncio. Não um silêncio total, pois a mente de ambos estava gritando sobre o outro. E, por mais que negasse, Taeyong sabia que não tinha para onde correr, pois de um jeito ou de outro aquilo iria acontecer. Era assustador o modo como as coisas haviam mudado entre os dois. E agora pareciam que eram dois estranhos pensando se iriam transar ou não. Mas não era algo assim tão sério, mesmo que Taeyong tivesse visões dramáticas sobre o assunto. Era algo delicado, de fato. Nunca imaginara aquilo, nem cogitara ou pensara. Achou que tudo iria ser do mesmo jeito, mesmo sabendo que o mesmo sempre cansa. Ademais, Chittaphon queria apenas experimentar algo diferente. Nunca tinham conversado sobre aquilo, nem um ínfimo comentário ou piadinhas. Tudo desenrolara automaticamente, como se fosse para ser daquele jeito e pronto. Por isso a surpresa de Taeyong, por isso o silêncio de Chittaphon. Mas chega uma hora que até o silêncio cansa.

— Eu vou tomar banho — movimentou-se sob o Lee e agarrou a toalha do chão.

— Uhum — Taeyong coçou a ponta do nariz de nervoso e sentou-se na cama.

Quando Ten entrara no banheiro, o moço de cabelo branco tivera de se aliviar sozinho, bem quietinho e caladinho. Não estava bravo nem nada, era só que ele parecia um robô quando encurralado por certos assuntos que roubavam-lhe demais a mente. Mas nada mudou. Ten voltou, se vestiu, deitou na cama e ficou a jogar o seu jogo do momento. Taeyong banhou-se e, ao retornar, abraçou o moreno por trás e encostou a cabeça na curva do seu pescoço.

— Você me dá um tempo?

Ten virou-se para olhá-lo.

— O quanto quiser.

No dia seguinte, Ten estava a pessoa mais insuportável do mundo. Suas piadas estavam horríveis e as cantadas as coisas mais toscas escutadas por Taeyong. Mesmo assim, seu coração aquecia quando via-o desfilar como modelo com aquele sorriso ambíguo no rosto vindo falar contigo. E era sempre a mesma coisa.

Na aula de geografia:

— Taeyongie, você sabe a diferença entre clima e tempo? — e, sabendo que o outro responderia de acordo com o seu extenso conhecimento, continuou sem a resposta — Clima é o que está rolando entre nós e tempo é o que estamos perdendo.

Na aula de física:

— Taeyongie, sabia que devemos medir a temperatura de alguém apenas na boca, nas axilas e no ânus? — e desatou a rir sem nem mesmo ter terminado — Eu tenho um termômetro aqui dentro da minha calça e gostaria de saber se, com exceção das axilas, você gostaria que eu medisse a sua temperatura.

Na aula de matemática:

— Taeyongie, me empresta a sua régua para eu medir meu cilindro para ver se cabe na sua circunferência.

Na aula de sociologia:

— Taeyongie, o governo pode foder todo mundo, menos você. Sabe o porquê? Porque isso só eu posso.

Na aula de história:

— Taeyongie, sabe o que o cavalo de Napoleão fez com a égua? É o que eu quero fazer com você.

Na aula de química:

— Taeyongie, sabe como o cobre está na tabela periódica? — e então riu maliciosamente — O resto você já sabe...

No final da manhã, Taeyong já estava completo, cheio, excessivo de tanta grulha. Mesmo assim, ele ainda continuava andando pelo corredor e respondendo: "Não, não sei pra que faz", "Não, não sei o que é", "Não, não sei porque." Ainda continuava aquele mesmo ser frio, impaciente e chato, embora não tanto quanto antes — não para Ten. Mas aquele era o dia da apresentação, então estava a guardar o nervosismo para o momento, mesmo que não fosse ele quem iria se apresentar. 

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