XXXIII

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Por mais que Ten alegasse seu enjôo latente por aquela música, não poderia se sair melhor do que fora. Os jurados solicitaram a sua presença no palco logo quando o rapaz morria de ansiedade. Tinha sido um dos últimos e Taeyong teve tempo o suficiente para xingar todos aqueles três avaliadores em três línguas diferentes — crédito dado a Ten, uma vez que este andara ensinando alguns palavrões tailandeses para o namorado ao invés de ensiná-lo, talvez, como dizer "bom dia", "eu quero comida" ou até mesmo explicar o porquê de um rapaz da escola, também da Tailândia, vivia a chamá-lo de P'Ten.

Porém, todos os palavrões foram esquecidos quando o seu Chittaphon tocou o pé no palco, assim que chamado para tal, e a música iniciou. Honestamente, Taeyong particularmente achou aquela apresentação demasiadas vezes melhor que os treinos de Ten. Talvez porque fosse realmente pra valer, ou talvez o nervosismo e a tensão do momento. Mostrou-se mais eclético, com passos mais velozes e precisos. De fato, a sua apresentação foi deslumbrante e excedeu as expectativas. E assim que a apresentação teve fim, juntamente com a gravação que TaeJack fazia, todos se ergueram dos respectivos lugares e aplaudiram o moreno.

Lee orgulhoso ficava quando eram abordados pelas mais variadas pessoas que elogiavam a performance de Chittaphon. E embora os avaliadores permanecessem impassíveis, não havia como eles terem detestado aquilo. E, se por algum acaso recusassem a entrada do garoto para o grupo, provavelmente seriam linchados na saída da escola por alunos furiosos. Taeyong faria parte desse grupo.

— Eu tenho certeza que você entrou — Tae ia dizendo, chacoalhando seu smoothie enquanto observava o outro morder freneticamente o canudo do seu Americano.

— Eu sei disso — Ten suspirou e olhou ao redor da cafeteira aconchegante e quentinha em que estavam — Estou meio tímido com isso. Eu não sei lidar quando recebo muito elogio e carinho, Tae. Sou acostumado a ser xingado, então sempre tenho uma resposta para dar. Eu realmente não sei lidar quando sou elogiado.

— Eu sempre te elogio — Taeyong entornou os lábios e pousou os olhos na tela bloqueada do celular.

— Eu sei disso. Eu consigo reagir aos seus elogios. Mas eu não consigo quando são de desconhecidos, entende? — Ten apoiou o queixo numa das mãos e puxou um dos braços branquelos do coreano — Você não está com ciúmes, né?

— Quando foi que tive ciúme seu?

Ten fez uma careta.

— Deveria. Eu fico com ciúmes toda hora. Inclusive agora — sugou o líquido e olhou disfarçadamente por cima do próprio ombro.

— Quê? — Taeyong olhou de um lado e depois para o outro, procurando pelo menos um pequeno motivo para ciúmes.

— Tem umas vagabundas atrás de mim que não param de olhar pra você e soltar risadinhas. — contou, ignorando a olhadela nada sutil do outro para encontrar as tais garotas — Aliás, se eu escutar mais um "oppa", eu vou me levantar aqui e não vai prestar.

— Mas eu sou viado...

— A culpa é dessa tua cara de hétero, Taeyong. Quero ver se elas ainda te chamariam de oppa se te vissem bêbado dançando com o maior jeito de gay, com aquela vozinha melosa e as mãozinhas ousadas em mim — Chittaphon falou aquilo com tanta raiva que quase todos do café escutaram o que fora dito. Contudo, sua única intenção naquele momento era que as meninas tivessem escutado.

— Ten, você endoidou? Fala baixo! Shh! — Taeyong inclinou-se sobre a mesa.

— Se a sua beleza está pública, sua homossexualidade também deveria estar — como quem não tivesse dito nada afrontoso, apenas pegou um cookie do prato sobre a mesa e inocentemente mastigou-o.

— Eita, que dramático — Taeyong revirou os olhos — O que quer que eu faça? Que eu ande com a bandeira LBGT debaixo do braço para todo canto?

— Eu praticamente faço isso — Ten puxou a mochila para o colo e mostrou o botton da bandeira ali grudado.

O menino de cabelo platinado bufou.

— Não quer dizer que eu deva fazer o mesmo.

— Claro que não, Tae. Estou apenas brincando. Eu sei que você não é muito de se abrir e também tem esse negócio com seu pai. Honestamente, isso me irrita demais, mas eu sei que é egoísmo da minha parte e eu devo te apoiar. Ele deveria te entender...

— É, eu sei. Também sei que você evita falar dele. Está tudo bem.

— É que seu pai está fazendo algo de errado e eu não quero xingá-lo com você — deu de ombros — Mas tudo vai dar certo.

Taeyong concordou com a cabeça. Enquanto ficavam em silêncio, Chittaphon ia acompanhando as mensagens que estavam sendo mandadas no grupo da classe em que estudavam. Taeyong claramente não estava, uma vez que não revelava seu número para ninguém, tampouco conversava com ninguém. Vez ou outra Ten ficava triste por isso, pois o centro de tudo do coreano era o tailandês e às vezes o menino tinha de ficar um pouco com seus próprios amigos e deixá-lo só.

— Tae, estão me pedindo pra te perguntar se você está interessado em participar do interclasse desse ano.

— Aquela palhaçada de um bocado de idiota correndo atrás de uma porcaria esférica e chutando-a até uma rede pateticamente situada em ambos extremos de uma droga de quadra?

— Você está falando do futsal? Se sim, é isso mesmo — concordou com a cabeça — Você vai, né?

— Não — disse rapidamente, trazendo aquele tom sinistro e frio outra vez — Eu não estou interessado. Eu não participo das aulas de Educação Física, de qualquer jeito.

— Bem, eu vou. — o moreno balançou as pernas por debaixo da mesa — Quero te ver de saia e dois pompons gritando: "Vai, golerão!"

Taeyong se engasgou com seu smoothie.

— Você vai ser goleiro?

— Eu sou bom em agarrar bola — Ten propositadamente deixou escapar malícia no seu tom de voz e no olhar de soslaio.

Taeyong ficou encabulado. 

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