XLIII

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Taeyong tinha pensado minuciosamente sobre tudo o que seria feito e o que aconteceria. Contou para a sua mãe e pai, mas somente para alertá-los de que passaria a noite fora e não deveriam ligar tampouco incomodar. Fez mais de trinta ligações num único dia e dez delas só eram internacionais. Para Yuta, especificamente. Ficaram trocando algumas mensagens, pois era muito urgente.

— O que está fazendo com uma pá? — sr. Lee perguntou ao filho, logo pela manhã, quando viu-o sair com luvas e uma pá. — Não creio que faltou a escola por conta disso.

— Vou abrir uma cova — Taeyong brincou, mas calou-se ao perceber que talvez tenha sido pesado — Pai, o senhor deveria fazer o mesmo pela mamãe.

— Eu sou ocupado demais para isso — seu pai checou o relógio e deixou a xícara de café sobre a mesinha de centro — Ei, Taeyong, vê se toma cuidado no trânsito.

— Certo, pai — o garoto sorriu para o homem e fechou a porta de casa.

O último objeto que teria de pegar era aquela pá e a mesma não tardou a estar dentro do automóvel. Atentamente encaminhou-se por entre as ruas da cidade e chegou ao seu destino. O sol estava intenso, ainda que cedo pela manhã. Quando estacionou o carro, percebeu que havia doze ligações de Ten e o equivalente a umas quarenta mensagens. Aquilo era preocupante, mas pôde segurar a vontade de responder cada chamado e ligar para ele.

— Me perdoa, Ten — disse consigo mesmo, contemplando a sua foto de bloqueio com um sorriso tão lindo que era impossível não se apaixonar a cada vez que ia checar o horário.

Apressado, Taeyong desceu do carro e pegou a pá. A casa continuava a mesma, ainda com muitas janelas e espaçosa. Felizmente ainda tinha vários móveis, mas nenhum eletrodoméstico e por motivos óbvios. TaeJack fez um movimento circulatório com os ombros e passou a cavar o local específico em que Yuta tinha sinalizado, bem ao lado da caixa de correio. Suava fácil, pois não tinha afeição com o calor, não com o sol e seus violentos raios. Sorriu de alegria quando sentiu a pá encontrar num metal e de lá arrancou a chave da casa.

— Yutaaa!! — gritou ao telefone enquanto abria a casa — Eu consegui pegar a chave e estou abrindo a casa!

— Ah, que bom! Eu pensei que talvez um cachorro tenha desenterrado ou tenha sumido — o japonês riu ao telefone, o que fez Taeyong rir de saudade daquela risada.

— Eu morro de medo de desenterrar coisas, sabia? Vai que eu descubro um esqueleto, sei lá — ia contando enquanto caminhava pelo interior da casa e matava a saudade daquele lugar — Yuta, quando você virá pra Coréia?

— Eu não sei, mas talvez ano que vem — o menino lamentou — Dê uma ajeitada aí e quando precisar, me ligue. Eu estou estudando.

— Desculpa, estudioso — Taeyong brincou — Felizmente não preciso me acabar de estudar.

— Vai esfregar na cara agora? — Yuta desligou antes que Taeyong pudesse responder, mas foi apenas de birra. Taeyong riu sozinho com aquilo.

Aos poucos, Taeyong ia limpando a casa e organizando algumas coisas. Como estava há tempos parada, deu um pouco de trabalho. Mas ele não se importou com aquilo e continuou feliz com a tarefa. Dali a algumas horas tudo estaria brilhando e, claro, graças ao Lee.

— Ei, Taeyong! — agora era vez de Yuta gritar no telefone, logo quando Taeyong estava limpando as janelas — Só para ter certeza: energia e água voltaram ao normal?

Taeyong acendeu a luz e, em seguida, abriu a torneira da cozinha da casa. Como tudo estava funcionando bem, soltou um suspiro de alívio e alegria.

— Sim, não se preocupe. Ah, Yuta, nem sei como te agradecer por isso! Levou cinco dias de espera, né? — Taeyong inclinou-se na parede de entrada da cozinha e nela passou a desenhar formas com a ponta do dedo indicador.

— Exatamente. É uma burocracia do capeta, mas eu consegui.

— Ainda bem que já tinha falado contigo há uma semana. Bem, eu só vou dar uma arrumada aqui e decoro. Ei, você é o melhor amigo do mundo, sabia disso? — Taeyong sorriu sozinho e apertou o celular contra o rosto.

— E eu não sei lidar com você soft — Yuta respondeu, o que fez com que Taeyong risse como uma criança.

— Ok, então. Não pule as refeições e beba água. Eu te amo, mas nunca que vou doar meu rim pra você.

— Pois eu vou agora ligar pra polícia coreana e dizer que tem um maluco na minha antiga casa inventando um papinho careta de que vai fazer surpresinha pro namoradinho purpurinado — o Nakamoto decidiu ameaçar.

— Por que você falou purpurinado?

— Porque é isso o que você fala toda vez que vai descrevê-lo — Yuta riu.

— É, mas só eu posso chamar ele assim — Taeyong respirou fundo, logo após — E eu não sei qual o seu problema com coisas românticas.

— E eu não sei qual o seu problema com doação de órgãos. — o japonês resolveu devolver na mesma moeda.

— Você é um desgraçado, Yuta!

— Você é mais! — riu sarcasticamente com a falsa calúnia.

— Vá à merda!

— Já estou na tua vida!

Taeyong achou aquilo tão pesado que ele mesmo foi quem encerrou a chamada e voltou a arrumar a casa. Não parava de checar o horário, não parava de receber as mensagens de Ten e ignorá-las. Faltando duas horas para o horário de saída do grupo de dança (no finalzinho da tarde), deixou a casa e correu às pressas para o lago antes congelado. Estava nervoso e rezando para que tudo desse certo.

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