XXXIX

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Enquanto o sol aparecia cada vez mais, Taeyong aparecia cada vez mais na casa do tailandês e ajudava-o nos estudos e nas lições. Ajudava a sogra preparando a comida e aprendia novas receitas. Brincava com Ten no parquinho no seu quintal e lhe dava carona para exatamente tudo. Na escola, porém, não costumavam ficar juntos no período do intervalo. Ten gostava de ficar com os amigos, Taeyong preferia a biblioteca pelo friozinho e o silêncio. Com seu headphone de orelha de gatinho, ele escutava algumas canções calmas para leitura e aguardava pacientemente a retomada das aulas.

— Taeyong! Taeyong! — Ten entrou afobado na biblioteca, com um hambúrguer na mão e a boca cheia de alface. — Parece que já saiu o resultado da apresentação!

— Menino, cala a boca — a bibliotecária chamou a atenção, uma vez que sua gritaria estava incomodando a todos e inclusive Taeyong.

— Ih, fica na sua! — Ten ignorou-a — Vamos, Taeyong... — fez um gesto para que o menino se apressasse.

— Ei, não pode comer aqui, você não sabia? O que há com você? Preciso chamar alguma autoridade pra resolver isso? — aquela mulher chata estava de pé e com os braços cruzados, fitando-o com aqueles olhos de bazuca.

— Vai chamar o Donald Trump, por acaso? Algum faraó do Egito? Algum membro das antigas dinastias? — Ten passou a encará-la de volta e começou a massajar a têmpora — Ai, Taeyong, vem logo senão vai ser rajada de livro na cara dessa criatura!

Taeyong, atrapalhado, enfiou os livros na mochila e deixou o fone ficar ao redor do pescoço. Pediu desculpa à bibliotecária e puxou Ten para fora do ambiente de leitura, reclamando sobre ele parecer um tornado nos lugares e sempre fazê-lo passar vergonha por sempre chamar atenção.

— Se ela tivesse sido educada, eu poderia ter sido também — o moreno se explicava enquanto terminava seu hambúrguer que, com toda a certeza, Taeyong implicaria sobre aquele mesmo papo de intoxicação alimentar.

— Okay, vamos esquecer — Taeyong suspirou — E como podemos ver o resultado?

— Mark falou que estava no mural — Ten puxou-o para descerem as escadas — Eu ainda não vi, então vou fazer isso com você.

— Certo — Taeyong segurou a sua mão gordurosa de comida e se arrependeu no mesmo segundo — Ten, me diz que você lava a mão, no mínimo, trinta vezes por dia...?

— Trinta vezes é a quantidade que lavo por mês — Chittaphon contou e pareceu não se importar com a expressão sofrida de Taeyong, o qual afastou a mão e tirou da mochila o álcool em gel.

Ten já estava tão acostumado com aquilo que nem se importava. Jogou o embrulho do hambúrguer no lixo e comeu as últimas mordidas na mão mesmo, ainda que através daqueles olhares esquisitos de Taeyong quando fazia aquilo.

— Se você ficar doente, eu não vou te visitar — Taeyong enfiou o resto do hambúrguer dentro da boca de Chittaphon e despejou uma quantidade generosa de álcool em gel nas mãos dele.

— Já sabemos que não vou poder me casar com você, já que não irá cumprir o "na saúde e na doença" — Ten esfregou ambas mãos com uma cara feia.

— Se a gente se casar, eu vou me certificar de que você nunca fique doente — deixou um beijinho na bochecha do namorado e enfim pôde segurar a sua mão.

— Obrigado — Ten sorriu timidamente e, feliz, mordeu o lábio inferior. — Obrigado por estar sempre do meu ladinho.

— Woah, olha só como você está fofo hoje! — Taeyong interrompeu as próprias passadas para apertar as bochechas do menor — Ah, diga uma coisa que você quer muito mesmo...

Ten fez beicinho e jogou-o para lado, fazendo cara de paisagem ao mostrar que estava pensando sobre o assunto.

— Quero muito? — quis ter certeza.

— Sim.

Pensou um pouco mais, contudo não conseguiu pensar em exatamente nada. Não era muito apegado a coisas materiais, então não tinha a mínima ideia do que queria. E se não fosse objetos, ele não precisava de mais nada. Tinha um namorado maravilhoso, uma família barraqueira assim como ele e vivia comendo o que queria. O que pedir mais?

— Eu ia responder teu cobre, mas deixa quieto — riu baixinho — Bem, eu não sei muito sobre isso, Tae.

— Se você quiser muito, pode ser — Taeyong deu de ombros e Ten estranhou aquilo.

— Não, Taeyong. Relaxa, eu não vou te forçar e não quero que se sinta obrigado para me agradar. Estou brincando — retomou a caminhada e esperou que Taeyong dissesse algo.

— Então me diz o que você quer — ainda falava.

— Não quero nada, estou bem assim — Ten tentou despreocupá-lo — Só vamos ver o resultado.

Taeyong concordou com a cabeça, mas interiormente estava pensando num possível presente para Ten caso ele conseguisse passar no teste. Um simples parabéns, um abraço e um beijo não seriam suficientes para comemorar o feitio. Se Ten não queria mais nada, Taeyong não sabia o que dá-lo. Estava confuso.

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