LVII

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Chittaphon agitava os seus pés no ar enquanto conversava sem parar naquele telefone. Vestia um roupão de algodão que Taeyong trouxera e seu cabelo ainda estava molhado do banho. Estava esperando-o secar, mas nada o impedia de fofocar numa chamada.

— Jaehyun, você não está entendendo. É melhor você ficar na zaga... Não, não... Não põe Mark na zaga, não. Eu vou dar um supapo nele, se for assim — resmungava Ten quando Taeyong voltou do seu banho, ainda amarrando o roupão ao corpo — Você ainda me pergunta o porquê? Querido, se Mark abrir a boca pra falar um "yo yo" ou "let's get it", eu vou fazer ele engolir aquela bola!

O coreano riu da conversa e cutucou o pé de Chittaphon para chamar a sua atenção, mas Ten aparentemente tinha ignorado-o. Tentou mais algumas vezes e finalmente Ten virou-se para ele, embora ainda deitado de bruços na cama.

— Espera aí, Jaehyun — e logo depois afastou o celular do rosto — Que é?

— Com quem você está falando? — enfiou os dedos nos molhados fios escuros do tailandês e sorriu carinhosamente.

— Ué, você não me escutou falar o nome de Jaehyun? — Ten esquivou-se do contato.

— Ah, perdão, então — o sorriso tinha ido embora, principalmente quando Ten voltou a conversar com o amigo e agiu como se Tae não estivesse querendo atenção.

— Sim, eu sei que Mark é uma desgraça no ataque, mas é melhor largar ele lá — o moreno continuou — Ah, e também tem aquele pivete lá, o Lucas. Pronto, manda Lucas, Mark e mais alguém pro ataque. E então fica Doyoung e você na zaga, são os que eu mais suporto.

De soslaio encontrou Taeyong a trocar de roupa com a cara emburrada, provavelmente com raiva sua por estar ignorando-o e sendo desdenhoso. Mas não era sua culpa, afinal. Taeyong deve ter inventado aquilo na noite passada porque era seu aniversário e aquele somente era um dos seus presentes planejados.

Ele soube disso porque Taeyong nunca tinha gostado 100% daquela ideia, mas havia concordado somente para agradá-lo. Era óbvio. Se não por isso, por que teria se alterado com meras marcas, por que ter rejeitado-o repentinamente? Taeyong não queria repetir aquilo e pensar nisso só fez com que Ten achasse-o um tanto falso em determinados momentos.

— Não, Jaehyun, nem se ache. Eu não te amo, eu te suporto. São coisas completamente diferentes — Ten suspirou com impaciência — Ah, ok, ok. Obrigado, eu sei que sou fenomenal. Uhum, bye bye. Que Deus me ouça e você saia da minha vida. Tchau — desligou o telefone.

— Posso falar contigo agora? — Taeyong sentou-se ao seu lado na cama, mesmo que Ten não estivesse nem aí para o que fosse falar e se preocupasse em mandar figurinhas maliciosas para os amigos.

— Você pode falar quando quiser. Desde quando pede autorização? — Ten fingiu um bocejo de tédio.

— Ah, ok — Taeyong respirou fundo — Pode bloquear a tela do seu celular e olhar para mim, por favor?

Chittaphon bloqueou a tela e sentou-se na cama de frente para Taeyong, encarando-o intensamente enquanto esperava-o falar alguma coisa.

— Chega mais perto...

— Não quero — Ten coçou os olhos de sono e fez um gesto para que ele se apressasse.

— Então eu posso chegar mais perto?

— Meu Deus, Taeyong, fala logo!

Taeyong se assustou com aquela voz de bebê em alto tom.

— Antes de tudo, saiba que você bravo é a coisa mais fofa e sexy do mundo — começou ele — E que eu te amo muito.

— É, mas não precisa agir de uma maneira idiota pra justificar o que sente por mim — Chittaphon cruzou as pernas como asas de borboleta.

Bitch, what the fuck? Do que tu 'tá falando? — TaeTae não estava entendendo era nada.

— "Tennie isso, Tennie aquilo..." No final, você só fez o que eu queria que fizesse, não o que você queria fazer.

— Espera, espera. Está falando de ontem?

— Deixa pra lá — balançou a mão para que Taeyong esquecesse o assunto — Não deveria ter te interrompido. Fale logo de uma vez.

— Agora estou curioso e tenho que te entender.

— Taeyong, para de se esforçar assim por mim. Eu não vou cobrar compreensão sua por eu te compreender até demais. Esquece o que eu falei e diz logo.

— Ok, então — Taeyong concordou com ele.

Ten respirou fundo, perplexo com aquilo tudo. Tornou-se um pouco sufocante aqueles pensamentos acerca do coreano, pois ele fazia exatamente o que Ten dizia como se fosse um robô ou um desesperado para agradá-lo.

— Eu só queria me explicar, sabe — estalou os dedos para ocupar-se em algo — Que eu quero que nossos momentos sejam especiais, cada um. Por isso eu quero cozinhar pra você, te beijar e te tratar com carinho.

— Você disse que ia me bater — Chittaphon recordou-o.

— Foi só forma de falar, Ten. Vou te bater não, calma — deslizou sobre o colchão e parou ao lado do moreno, puxando-o para um abraço carinhoso — Você é uma criança.

— Era só isso que queria falar?

— Não. Na verdade, eu adoro fazer amor contigo, mas acho que devemos ir com calma. Tipo comida, sabe? Quando você tem uma comida especial, gosta muito dela, é a sua favorita. Mas o fato de você não comê-la sempre torna-a especial, entende? E quando você passa a ingeri-la com muita frequência, acaba deixando de ser especial e vira uma comida qualquer na sua rotina. Você entendeu?

Ten quis rir quando Taeyong citou o "fazer amor", uma vez que achava aquele termo muito brega. Mas, sendo falado com a voz de TaeTae mais a sua timidez com o assunto, transformou aquilo numa coisa comicamente fofa.

— Você comparou nosso sexo com comida? — mordeu o lábio inferior para não soltar uma gargalhada, pois sabia muito bem que só iria piorar a situação, dada pela expressão de Taeyong.

— Foi uma bela metáfora, já que você me mordeu.

Ten revirou os olhos.

— Sim, eu peguei seu recado. Você é mais romântico que eu, meu coração amolece. Entendi, entendi. Pronto, não precisa se preocupar — acariciou as costas do seu amor e beijou sua bochecha — Você está bem, né?

— Sim, já disse o que tinha que dizer. Espero que não fique mais bravo comigo — Taeyong deitou a cabeça no colo de Chitta e passou a observá-lo.

— Está tudo bem — mesmo que, internamente, Ten ainda não estivesse seguro sobre a noite anterior.

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