capítulo-39 ( penúltimo )

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Deitei minha cabeça sobre o travesseiro, com o olhar fixo sobre o teto acinzentado pela luz da lua que vinha de fora.

Apertei mais o cobertor abaixo de minhas mãos, na altura do peito e o Apertei com toda força, deixando uma , duas , três... enfim um mar de lágrimas.

O lugar estava silêncioso , frio e sem vida , paredes brancas com alguns quadros estranhos pendurado, poltronas espalhadas e uma cama no centro.

Naquela cama estava meu maior sonho, a pessoa que eu conheci do nada, sem planejamento . Apenas nos encontramos, se foi por acaso? Não sei , destino ? Talvez.

Se corpo imóvel sobre a cama do hospital trazia um aperto muito forte em meu peito, talvez aquele momento seria para pensar no erro que eu tinha cometido em abandonar s/n e nossa filha, e agora as duas estão ambas entubadas em uma cama de hospital, lutando para ficar melhor.

Me levantei da cama improvisada que ficava encostada na parede do outro lado do quarto, caminhei lentamente até s/n , passei levemente os dedos em sua face gélida, estremecendo meus músculos.

- s/n você pode me ouvir? .- perguntei, obviamente com a idéia inútil de receber uma resposta.

- eu não queria que acabasse assim , não queria que tudo tivesse sido por minha culpa. Eu me arrependo amargamente se acontecer algo a você.

Olhei para os lados do quarto escuro com os olhos um pouco fechados , era apenas possível ver as silhuetas marcadas pela luz da janela , me virei, pronto para voltar a me deitar.

Quando um apito agudo começou a soar pelo quarto , parei de imediato, e corri novamente para s/n. Na tela onde mostravam seus batimentos cardíacos , agora não passava apenas de uma linha cruzando a tela.

Corri até a porta desesperado.

Um médico que passava se assustou quando pulei para fora do quarto, e ao notar meu rosto horrorizado, me deu um leve empurrão e entrou no cômodo.

O homem voltou ao corredor ao meu lado e chamou alguns que estavam por perto e novamente voltou para dentro .

- Aconselho que você fique na sala de espera. - Uma moça com roupas brancas puxava meu braço pelo corredor.

- não! Não! Me deixa ir com ela .- me soltei.

Escapei de suas mãos e me disparei até os médicos que estavam levando s/n praticamente correndo.

Dois homens me barrou , cada um segurou em um braço e me parou com tudo . Tentei me soltar , mais eles era bem mais fortes do que eu.

- Senhor, por favor colabore .- um dos falou .

Cada vez mais eu me via longe dos médicos, até que perdi toda a visão, quando viramos o corredor e entramos na sala de espera , onde todos já estavam ali.

- aconteceu algo ? .- imediatamente Ana correu até mim desesperada .

- e-eles levaram ela , e ...e.- gaguejei.

- e? .- mexeu os braços sinalizando para que eu terminasse a fala .- fala longo Namjoon.

- eu não consigo. - me soltei das mãos já frouxas dos homens e corri a saída do hospital.

Corri o mais rápido o possível, com a visão imbaçada pelas lágrimas, parando apenas para respirar, cansado de correr, parei em uma espécie de praça.

Havia alguns casais espalhados, grupos de adolescentes em grandes rodas se divertindo . Me aproximei de um banco , olhando a minha volta sem parar , aquele lugar era totalmente desconhecido pra mim , porém não estaria muito longe do hospital.

Me curvei colocando a cabeça entre as mãos , fazendo minha visão escurecer extremamente.

Vento fresco e pesado batia contra meu cabelo , refrescando todo suor que escorria. Era aquilo que eu precisava. Ar fresco, silêncio, um momento pra organizar meus pensamentos, um momento pra parar e pensar em tudo que estava acontecendo.

Diferente do hospital, onde era apenas um lugar nada agradável, onde se trás vida, mas também leva vidas , e eu não quero estar lá , mesmo que a s/n precise o máximo de mim nesse momento. Eu não consigo ter forças pra voltar lá e encarar o problema de cara .

- posso me sentar aqui ?.- uma voz conhecida soa acima de mim.

Retirei as mãos do rosto, encarando os coturnos sujas com barro da pessoa. Eu reconhecia aqueles coturnos. Era jungkook. Ele sempre usava.

Balancei a cabeça positivamente e o rapaz sentou-se ao meu lado .

- cara , você é louco de sair correndo sozinho , por um lugar que você não conhece, ainda mais na situação que você está. - respirou fundo dando uma risada abafada no final.

- tudo ,menos aquele lugar.

- por mais que , tenha sido super errado, foi melhor assim , logo que você saiu o clima pesou, e eu vim logo atrás de você quando saiu correndo. Eu não podia te deixar sozinho .

- Como assim jungkook? , o que aconteceu lá? .- pulei do banco ficando em pé.

- calma , você tá tornando tudo muito difícil pra mim .- se levantou em seguida, enchendo os pulmões e com o rosto aflito. - quer dizer...

- Vocês dois aí.- a voz de Ana surgiu do nada .

Olhamos para ela um pouco surpresos , e sua face estava manchada pelas lágrimas e a tristeza.

- venham comigo. - soluça. - principalmente você. - apontou para mim .

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