Nove

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Acordo com o barulho do meu celular tocando. Achei que tinha deixado ele na sala depois do que aconteceu ontem com Nicolai.

Passo as mãos em meus olhos e me ponho sentada na cama, pego o celular e atendo.

- Alô? - Pergunto meio sonolenta.

- Filha? - A voz dá minha mãe soa aliviada do outro lado.

- Oii mãe, como vai a senhora ? - Pergunto soltando um sorriso por ouvir a voz da dona Lara. - E o meu pai?

- Seu pai e eu estamos muito bem mocinha, mas estamos preocupados com você. Que história é essa de você estar namorando um homem comprometido? - Ela pergunta irritada e eu solto um suspiro.

Minha mãe na maioria das vezes a tarde senta no sofá e fica a tarde inteira vendo esses programas de fofoca, meu pai gosta mais de ficar desenhando, ele tem um talento extraordinário. Ele deve ter estranhado vendo a filha envolvida em alguma fofoca.

- Não é assim mãe, eu não estou envolvida com homem algum. - " Deixa eu fala com ela" ouço meu pai ao fundo e minha mãe bufa.

- Teu pai quer falar com você meu anjo, mamãe te ama tanto. Estou morrendo de saudade. - Ouço ela fungar e sei que está chorando.

- Eu também te amo mamãe, sinto tanto sua falta. - Seguro o choro, não quero ela preocupada comigo.

- Amélia? Oii filha. - A voz de meu pai faz com que eu abra um sorriso em meio a minha cara de choro.

- Oii papai, como o senhor está? Não me esconda nada. - Ele solta uma risada.

- Eu estou bem. - Ele diz. - Mas a sua voz me parece triste, sua mãe saiu da sala, pode falar pra mim o que está acontecendo.

Enfim consigo contar tudo o que aconteceu desde que fui contratada, sem chorar. Meu pai e eu temos uma ligação forte, minha mãe diz que as vezes parece que eu o amo mais, por lhe dar tanta atenção, mas na verdade meu pai é o meu melhor amigo, ele me ouve e sabe sempre me dar os conselhos certos.

- Estou orgulhoso de você, mas me preocupo com esse tal de Nicolai. Não deixe ele te intimidar minha flor, ou eu apareço ai e dou uma lição nele. - Meu pai força a voz para parecer bravo mas só o que consegue é me fazer rir. - Me sinto avô desta menina a Maria, traz um dia ela aqui no morro, vou fazer um almoço caprichado pra ela.

- Pode deixar que um dia eu levo ela ai papai, ela vai amar o senhor. - Falo e o silêncio toma conta da ligação.

- Estou com tanta saudade minha violeta. Como está minha afilhada Kate? - Ele pergunta.

- Aproveitando o máximo que pode aqui dos Estados Unidos. - Relembro da vez que Kate me apareceu na cozinha toda bagunçada.

- Eu vou desligar. Tenho que voltar para a loja meu anjo. - Ele diz e eu suspiro por ter que desligar.

- Tchau papai, amo tanto o senhor. Manda um beijo pra dona Lara e diz que eu vou continuar viva. - Sorrio pro ar e me levanto da cama.

- Tchau filha, manda um beijo pra Maria e pra essa Gia. Eu também te amo. - E ele desliga.

Um lado bom deu estar aqui em Boston é que eu conheci a Gia, a Maria, o senhor Miguel lá da portaria. E de certa forma, Nicolai, se não fosse por ele eu estaria voltando para o Brasil sem ao menos ter ido no primeiro dia de aula, e apesar de toda grosseria dele, ele é alguém bom, acho que lá no fundinho ele seja alguém mais simpático.

Melhor eu ir tomar um banho. Acho que vou surpreender Gia por acordar tão cedo assim.

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