Quarenta e quatro

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- Você não irá se sentar ? - Nicolai me desperta do transe em que eu estava.

- Ah, claro. - Ainda olhando tudo ao redor eu me dirijo ao lugar reservado para mim. Ao me sentar, Nicolai me olha com um brilho nos olhos, ele está aprontando alguma eu tenho certeza.

- Abre a redoma. Vamos, você vai gostar, tenho certeza! - Nicolai tenta disfarçar a empolgação, mas falha miseravelmente. Olho a redoma e a levanto.

Um prato lindo, não, melhor, maravilhoso de arroz com feijão e bife, a porção é generosa e eu estou prestes a chorar, pois se bem conheço esse arroma de feijão é igual ao que minha mãe faz.

- Como ? - Olho para Nicolai que levanta sua redoma também exibindo um prato idêntico ao meu.

- Essa é uma das minhas surpresas para você. Deve ser muito difícil ficar longe da família, ainda mais sendo jovem como você, ainda na faculdade, então eu imaginei no meio da reunião com Pierre uma forma de te deixar mais a vontade e como você gosta tanto de comer, resolvi pedir ajuda à dona Sônia, sua mãe, liguei para ela e ela me passou a receita. - A aeromoça entra na cabine e consigo traz dois copos normais de vidro transparente e uma jarra de água, ela deixa tudo na mesa e sai rapidamente.

- Como você conseguiu arrancar da minha mãe a receita de feijão dela ? Ela não contou nem para mim o que ela coloca nesse caldo. - Nicolai serve os copos com água e me entrega um.

- Para você saber a história toda, assim que ela me atendeu, tive que conversar com ela por intermédio de um tradutor, assim que ela entendeu que se tratava de mim, ela ficou histérica, ela achou que você havia sido internada novamente, demorou para eu convencê-la que não era nada disso, ai contei minha idéia, ela topou de primeira, com a condição é claro de que eu não contasse a ninguém, a não ser ao cozinheiro, a receita de feijão dela, nem mesmo a você, porquê segundo ela a receita " é passada de geração em geração" e você só terá ela quando for mais velha. - Gargalho com a história, minha mãe deve estar nesse momento surtando com isso, de ter falado com a realeza. - Agora, coma, o cheiro está gostoso.

- Não é só o cheiro, é o prato todo, não tem como ser ruim. - A minha primeira mastigada vem acompanhada com um gemido de alegria, está perfeito, muito boooom.

Nicolai olha um pouco desconfiado para a comida mas acaba por comer e parece pensar um pouco se gosta ou não da comida.

- Exótico. - Nicolai continua a comer desconfiado e eu comer rezando.

- Aliás, qual a próxima surpresa ? Um unicórnio ? - Nicolai dá um gole na água e abre o paletó, do bolso interno, ele retira um envelope vermelho sangue e coloca na mesa, na minha frente. Dou mais três garfadas na comida dando um fim na comida, limpo as mãos no guardanapo e pego o envelope.

Na aba, o brasão da casa real reluz em doutado em um carimbo, abro a carta e o brasão se desfaz em dois, dentro do envelope, dois cartões médios brancos com arebescos dourados com escrita cursiva perfeita.

- Sua Majestade Real o Rei Ivan II da Rússia e domínios lhe convida a comemorar seu 52° Aniversário de vida. - Leio em voz alta.

- Sim, daqui duas semanas será aniversário do Rei. - Nicolai termina sua comida deixando um pouco de arroz no canto. - Nós iremos para a Rússia comemorar o aniversário dele, serão dois dias de festa, no primeiro haverá uma noite de apresentações no Teatro Real de Moscou, apresentarão a ópera favorita do meu pai, além de uma peça de dança apresentada pelo bale Bolshoi, no segundo, um baile Real em homenagem à ele.

Fico parada olhando para os convites. Tudo isso parece fantástico, mas...

- Eu não... - Tento raciocinar mas Nicolai sequer me deixa terminar a frase.

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