Dezessete

3.3K 245 167
                                    

Nicolai ainda veste a camiseta branca social de hoje cedo, a sua calça social preta está um pouco abarrotada, seus sapatos pretos com um detalhe encima de dourado fazem um som de estralo enquanto ele desce elegantemente o lance de escadas. Quando chega a sala ele caminha até a senhorita Adams que parece se segurar para correr até Nicolai e se jogar em seus braços fortes, ao invés disso ela se aproxima mais do meu chefe e o beija na boca cruzando seus braços por trás de seu pescoço.

A cena me dá náuseas e eu realmente quero desaparecer desta casa. As lágrimas ardem em meus olhos ameaçando descerem por meu rosto que deve estar mais vermelho que pimentão, meu coração mais uma vez cai por terra.

- Vamos subir? - Diz senhorita Adams quando Nicolai encerra o beijo.

- Pode ir subindo na frente, tenho algo a fazer. - Anuncia meu chefe fazendo sinal para que a mulher vá na frente, ela reluta um pouco mas retira os braços do pescoço de Nicolai e sai rebolando até a escada fazendo caminho até o segundo andar. Me viro para sair da sala também e voltar a cozinha, já estou farta dessa ceninha ridícula. - Eu mandei você sair?

Sei que a pergunta foi para mim, mas mesmo assim continuo a andar para a porta da cozinha sem me importar em ao menos olhar para trás até um aperto forte em meu braço esquerdo seguido por um puxão me fazerem virar o corpo assustada com tamanho ato. Nicolai praticamente me arrasta até o sofá maior da sala jogando meu corpo que parece ter virado gelatina contra o acento do móvel, caio deitada e assustada. Nicolai se coloca encima de mim, afastando por milímetros seu corpo do meu, ele solta meu abraço e apoia seu peso apoiando uma mão acima da minha cabeça no braço do sofá e a outra no encosto estofado do móvel.

- Nunca mais me de às costas e muito menos deixe de me dar atenção quando eu mando você olhar para mim. - Mantenho o olhar baixo em resposta ao que Nicolai fala. - Olhe para mim.

Sei que pareço ser uma criança birrenta por querer provocar a paciência curta de Nicolai, mas não me recuso a obedecer os meros caprichos deste cretino. A mão de Nicolai que antes estava acima da minha cabeça agarra meu queixo e o levanta para cima me forçando o meus olhos que tentam segurar as lágrimas a olhar em suas tempestades azuis que me hipnotizam fazendo-me esquecer de tudo envolta, da raiva que estou sentindo...

Não Amy. Foco. Brava. Nicolai.

-Me solte. - Ordeno tentando parecer firme.

- Sabia que você fica linda tentando parecer séria? - Seu rosto se aproxima um pouco do meu, seu cheiro divino volta a embriagar minha alma, sua respiração quente e picotada vai de encontro com a pele do meu rosto, é como se eu entrasse num estado febril só que por dentro e meu coração começa a desejar o seu beijo novamente.

- Pouco me importa. Agora volte para a sua querida senhorita Adams, ela o aguarda possívelmente nua no seu quarto. - Vou contra todo os meus desejos e coração arrancando forças do imaginário para dizer essas palavras sem chorar.

- Você com ciúmes é melhor ainda ангел. - Seu tom irônico me provoca.

- Saia de cima de mim cretino. - Eu já não aguento mais essas provocações, não aguento mais ser machucada e feita de alvo para as ofensas e palavras maldosas dele.

- Confesso que sou um cretino, mas o cretino que você ama.- Seu olhar corre todo o meu rosto me deixando mais desconfortável possível, Nicolai morde os lábios rosados e perfeitos me mostrando a verdadeira definição da mais perfeita visão.- Céus ангел, sua boca é tão bonita. - Nicolai se prepara para colocar seus lábios sob os meus, mas sou mais rápida e coloco ambas as minhas mãos sob minha boca o impedindo de ganhar o que queria.

O olhar de Nicolai muda, indo de bravo e desejoso para irado e decepcionado, ele parece estar atônito pelo que fiz, me negar a dar o que ele queria, minha cabeça roda e meu coração bate forte no peito ameaçando a sair pela boca.

The Plebeian Onde histórias criam vida. Descubra agora