The Plebeian

Dezesseis

O frio da cama me faz acordar, custo a abrir meus olhos mas enfim consigo. Estou sozinha na cama, deitada onde de madrugada o corpo de Nicolai repousava guardando o meu, vasculho todo o quarto procurando algum resquício do homem, mas não há nenhum, nem sua camiseta no chão do quarto. Alguns fragmentos de memória me fazem pensar no maldito pesadelo de ontem, que mais parecia uma projeção futuristas de tão realista que fora, eu sentia a dor a angústia e o desespero. O frio daquele chão permanece vivo até agora em meu coração, como uma tatuagem.

Me levanto um pouco tonta, caminho para o guarda roupa e o abro, puxo uma toalha, uma calça jeans azul, uma blusa azul cobalto, lingerie e all stars. Fecho a porta e um pedaço de folha da minha agenda encima da escrivaninha me chama atenção, o agarro e reconheço a letra logo de cara.

"Você não ira trabalhar hoje, presumo que deve estar abalada pela madrugada passada. Gia está de folga hoje e Maria estará passando o dia na casa de uma coleguinha da escola. Chegarei mais tarde hoje. Assim que acordar me mande um e-mail.

Bom dia, Nicolai Levin. "

Por que ele chegará mais tarde hoje ? Não marquei nenhum compromisso para está tarde, e impossível alguém ter ligado direto para cá só para marcar um compromisso, sendo que poderiam ter ligado ou mandado um e-mail para a embaixada. Deixo minhas roupas e toalha encima da cama, pego minha maleta ao lado da cama e me sento, abro e arranco de dentro meu notebook. Ligo o aparelho e entro no e-mail. Nenhuma mensagem me pedindo para marcar um encontro com Nicolai ou algo do tipo, entro em minha conversa com meu chefe e me digito uma mensagem.

De: Amélia Mendonça
Para: Nicolai
Assunto: Bom dia :)

Bom dia vossa alteza, obrigada pelo dia de folga, mesmo não achando necessário, estou bem para trabalhar mesmo depois de tudo.

Aperto em enviar e fico como boba encarando a tela do notebook esperando alguma resposta de Nicolai e quando ela chega, um sorriso bobo me cresce entre os lábios.

De: Nicolai
Para: Amélia Mendonça
Assunto: Eu mando

As vezes me parece que a senhorita ainda não entendeu que eu que mando, se eu quero você em casa, é aí que ficará. Não reclame de um dia de folga que lhe dei. Ao invés disto, agradeça.

A grosseria de suas palavras me fazem desanimar um pouco e pensar duas vezes em perguntar o por que de chegar mais tarde hoje. Dane-se.

De: Amélia Mendonça
Para: Nicolai
Assunto: Não reclamo

Não estou reclamando! Apenas não achei necessário, mas se o meu chefe está mandando quem sou eu para questionar? Enfim, por que o senhor chegará mais tarde em casa hoje ?

Não demora muito para a resposta fria chegar.

De: Nicolai
Para: Amélia Mendonça
Assunto: Perdendo a paciência.

Sendo sincero, não é dá sua conta o que deixo de fazer ou não. Odeio gente curiosa demais, ou seja a senhorita. E antes que pergunte, não, eu não vou almoçar em casa. Agora vá gastar seu tempo com algo insignificante como a senhorita sempre faz e me deixe trabalhar.