The Plebeian

Vinte e um

Nicolai fica a me olhar com escárnio.

- Eu... eu... - As palavras me faltam pela situação. De fato Nicolai me parece mais deslumbrante do que nunca, sua beleza proibida é algo digno de se questionar se ele é real ou apenas uma miragem, ele esta vestido como um empresário, terno azul e gravata da mesma cor valorizada pelo branco de sua camisa social, um relógio ômega em seu pulso direito e sapatos sociais em seus pés.

- Vai ficar ai me olhando ou vai ir tomar um banho? - Nicolai se pronuncia sério.

- Eu... irei para o meu quarto senhor. - Viro meu corpo, saio da cama abaixando o tecido da camiseta que uso tentando esconder-me e fico de costas para Nicolai.

- Pode tomar em meu banheiro, Gia deixou uma muda de roupa e acho que você é racional o suficiente para encontrá-la. - Ignoro o tom de Nicolai e dou a volta na cama, ainda sem olhar em seus olhos paro perto de seu corpo sentindo seu cheiro divino me invadir.

- Muito obrigada senhor. - Minha voz sai baixa, mas o suficiente para que ele me ouça e caminho até uma das portas de correr de madeira sentindo minha dor de cabeça se intensificar.

- É a outra. - Nicolai me alerta e eu caminho para a outra porta de madeira, agarro o puxador e entro fechando porta atrás de mim.

O banheiro é grande e moderno, todo em tons de preto e branco, ao meu lado direito duas pias de mármore branco onde algumas peças de roupa minhas estão dobradas ao lado dos meus all-star encima de quatro armários de madeira negra e acima dos armários uma plana pedra de mármore negro, na parede um espelho horizontal reflete a minha imagem descabelada e intimidada com o luxo desse lugar. Mais a frente uma banheira de hidromassagem rodeada de um levante branco espelhado com alguns produtos de higiene pessoal, me pergunto se as pessoas do prédio vizinho conseguem ver tudo aqui dentro pois a parede a frente onde a banheira está encostada é toda espelhada. Ao meu lado uma divisória de vidro escuro e tenho que descer os degraus para ver o que há atrás dela, o sanitário branco e um grande box encostado na parede preta que reflete uma imagem borrada minha, ao lado um apoio para as toalhas brancas de banho e um roupão negro em um dos ganchos, chego mais perto e agarro a peça, perto da gola felpuda um logo em dourado com um N e um A entrelaçados com uma coroa encima, Nicolai e Alana. Por minutos fico a olhar o símbolo, estico minhas mãos e passo meus dedos pelo bordado do roupão os pousando sob o brasão dourado puxo a peça e a levo próximo ao meu nariz sendo invadida pelo cheiro que emana, um perfume suave de maçã me invade, talvez seja o cheiro do sabonete que Nicolai use, é tão bom... Respiro fundo catalogando o aroma e coloco o roupão no lugar, retiro a blusa que visto e minha calcinha e penduro a pouca roupa no ganchinho do suporte. Abro o box, faço um coque com o cabelo e entro, ligo o chuveiro e um as pequenas gotinhas de água recaem sob meu corpo tenso me dando um alívio considerável da minha ressaca. Vagueio por entre minhas lembranças da noite passada enquanto a água me percorre, lembro alguns fragmentos da minha ligação para Nicolai, suspiro por escutar em minha cabeça todas as palavras que lhe disse, realmente a bebida faz coisas impressionantes com as pessoas. Mas mesmo assim lhe devo um agradecimento, se não fosse por ele eu ainda estaria naquele bar e passando mal sozinha, mesmo depois de suas palavras cruéis ele me salvou, talvez sua consciência pesada deve ter feito se arrepender. Termino meu banho, desligo o chuveiro e agarro uma das toalhas no suporte a passando no corpo eliminando todo vestígio de água e a enrolo no corpo saindo do box, dou a volta na divisória indo até as roupas encima da pia, um dos meus shorts jeans azul desbotado, uma blusa de mangas curtas branca e um par de calcinha e sutiã brancos e simples. Retiro a toalha de meu corpo e visto minha roupa, abro um dos armários abaixo das pias e acho alguns produtos de higiene, retiro de dentro uma escova de cabelos e acho apenas uma escova de dentes, a de Nicolai e a pego junto com um creme dentário.