Quarenta e um

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Ps: segue com a narração de Nicolai.

Com o decorrer dá noite a boate fica cada vez mais cheia e eu mais irritado. Já tomei uma garrafa de uísque e fumei um maço de cirrago nessas horas em que estamos nessa festa, Amélia já parece estar um pouco mais animada que o normal, ela se mexe no sofá como se quisesse dançar, mas não tem coragem suficiente para se levantar, afinal, ela conhece só a mim e aos seguranças aqui, na verdade só a Axl.

- Eu posso tomar mais um drink ? - Ela se vira para mim, com um sorriso animado nos lábios rosados. Ela é simplismente fantástica.

- Chega de bebida para você. - Digo em sua orelha e ela gasgalha baixinho.

- Eu gostei bastante dessa bebida. - A voz dela é um pouco mais arrastada agora.

- Eu imagino o quanto. - Ela sorri novamente e me abraça colocando o rosto em meu pescoço.

- Você cheira tão bem. - Ela sussurra baixinho e eu lhe dou um beijo na testa. - Vamos dançar? Por favor.

- Eu não sei dançar esse tipo de música. - Falo. No curto espaço de tempo em que Amélia começa a pronunciar coisas que mal posso entender, peço para um garçom trazer uma garrafa de água gelada para ela. - Tome isso.

Entrego a garrafa na mão de Amélia que a olha sem entender, mas acaba por beber o líquido em longos goles, a repreendo com o olhar, deste jeito ela vai se engasgar, está ai mais uma coisa que me tira do sério nesta pequena garota, seu jeito estabanado para as coisas.

- Tome tudo e depois você poderá descer para dançar. - A área vips está ainda mais cheia agora de pessoas conversando e bebendo, alguns já podres de bêbado, como um garoto encostado no corrimão que parece se concentrar para não vomitar encima de um grupo de pessoas do seu lado. Tommy, que por muitas vezes vi andar para lá e para cá com um grupo de pessoas na área vip, está sentado em um dos sofás, provavelmente chapado é claro, com duas mulheres rebolando no poste de polidance a sua frente.

- Tomei tudo, senhor. - Amélia me entrega a garrafa vazia e se levanta mas não tomba para trás ou cai, ela parece estar bem melhor agora. - Dançe comigo, por favor.

Ela pega minha mão e puxa na tentativa de me fazer levantar mas me mantenho sentado, ela bufa mas depois dá de ombros, faço sinal para que um dos seguranças a siga quando ela toma caminho até a escada que dá para a pista de dança. Encho mais um copo de uísque e decido ir ao corrimão observar Amélia lá embaixo, demora um pouco para que eu a encontre em meio as pessoas dançando freneticamente, com o segurança em seu encalço ela tenta se misturar entre as pessoas, ela olha um pouco sem graça para seu corpo e começa a soltar alguns passos tímidos que vão se suavizando conforme a música pop ao fundo.

Levo o copo a boca e fecho a cara, o álcool mal me faz efeito, lembro-me dá minha época de balada três vezes por semana, toda semana, noites e noites viradas, seja em Moscou, em Paris, Amsterdã ou em Londres, eu sempre estava em uma festa, caindo de bêbado ou chapado depois de ter consumidos certas substâncias ilícitas. Para pessoas de fora, a monarquia parece um verdadeiro conto de fadas, viver rodeado de empregados prontos para atenderem seus desejos, carros, viagens, muito dinheiro além dá fama, mas, na verdade, além destas coisas, a pressão, os protocolos e a falta de privacidade faz tudo isso se parecer mais com uma jaula de ouro cravejada de pedras preciosas do que um conto de fada, depois da minha experiência nas forças armadas e na maldita missão dos príncipes que me acarretaram uma série de problemas e pesadelos infernais, a única solução que eu vislumbrei na época foram me afogar nas festas, mulheres e drogas, foram os piores anos de minha vida toda, foi em uma dessas festinhas de Elite em Moscou que conheci Anna, uma modelo linda, de cabelos ruivos brilhantes e olhar marcante, dançamos e fumamos juntos, e quando estavamos drogados o bastante para fazermos besteira, subimos para um quarto da mansão onde ocorria a festa, na manhã seguinte, acordei ao seu lado, peguei minhas roupas e fui embora. Duas semanas depois, no meio de uma reunião de Estado que eu fora arrastado a força por meu pai, ela me liga dizendo que estava grávida de mim, assustado eu desliguei o celular e tentei focar na reunião, a semana se passou e ela me lotava de mensagens e ligações e então decidi dar ouvidos, peguei o primeiro vôo para Nova Iorque onde ela estava a desfilar em um evento de moda, a levei no médico e os exames estavam apontando que sim, ela estava grávida e o tempo do bebê batia exatamente com o tempo da noite em que passamos juntos, voltei para Moscou para contar a novidade ao Rei e Rainha, minha mãe entrou em choque e se bem me lembro desmaiou enquanto meu pai gritava furioso aos quatro cantos do Kremlin o quanto eu era um garoto mimado, irresponsável e burro, me lembro de ter quebrado todo meu quarto. Na época, depois dos traumas das missões, a pressão para me casar logo e agora a notícia de que seria pai me jogaram para a escuridão em que me encontro até hoje, a perda de Natasha e tudo o que ela me proporcionava, a de meu amigo e tudo aquilo estavam me sufocando, então, foi nesta época que decide que tinha que mudar, arrumei minha primeira submissa, na época uma diplomata cinco anos mais velha que eu, aprendi a controlar meus demônios, me tornei alguém mais sério e compenetrado, os ensinamentos que adquiri fazendo o que faço com as mulheres me tornaram alguém controlado, frio de certa forma, mas também mais focado em meus objetivos, isso o que faço é como uma maneira de canalizar toda minha energia para que ela não me faça explodir, a sensação de controle e superioridade que isso me traz é um vício que tenho, a cada mulher que aceita esse modo de vida, a cada mulher que abaixa a cabeça na hora em que estamos no quarto branco para mim, a cada chicotada ou tapa, tudo parece ficar mais intenso, a escuridão me domina mais, mas ainda posso tirar proveito disto tudo.

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