Trinta e dois

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Eu poderia dizer que minhas pernas estão quase caindo, mas eu estou tão feliz por ter pulado corda. Corro até Nicolai, ele parece uma estátua parada com um picolé de chocolate na mão, os olhos nos meus.

- Ahh chocolate. - Nicolai parece sair de um transe e me entrega o picolé.

- Você disse que iria controlar seu vício em doces. - Protesta Nicolai e voltamos a caminhar.

- É só um, eu prometo. - Sorrio levando o picolé a boca.

O toque do celular de Nicolai me faz pular, ele leva a mão ao bolso e pega o aparelho o colocando na orelha.

- Pai. - Nicolai saúda sério. E eu volto a me concentrar no picolé quando Nicolai e o pai começam a falar em russo, a todo momento ouço o pai dele gritar ao telefone e Nicolai falar seriamente com ele, acho que eles estão falando do noivado, bom, está até na televisão, e eu acho que isso não é bom para a realeza.

Sinto a mão de Nicolai na minha e eu o olho, tentando transmitir o mínimo de conforto a ele pelo olhar, mesmo ele tendo um semblante sério e irritado, tenho certeza que o meu príncipe vai conseguir sair bem dessa, e eu estarei ao seu lado.

- Eu já disse que conversamos depois. - Nicolai tira o telefone da orelha e desliga colocando o aparelho no bolso. Ele solta a minha mão e vai até um banco de madeira e ferro a frente, Nicolai se senta, tira os óculos de sol e passa a mão pelo rosto tentando conter o estresse, término de chupar meu picolé e jogo o palito de madeira no lixo, chupo meus dedos e me sento ao lado de Nicolai. - As vezes, ser um príncipe parece mais um fardo a ser carregado do que uma benção.

Ele vira a cabeça para mim e por longos minutos ficamos nos olhando, ele parece triste, suas feições e olhos mostram isso, apesar da raiva e repulsa.

- Fardo ou benção, sei que você é o melhor no que faz. - Nicolai parece surpreso com que digo, acho que ninguém nunca disse isso para ele.

- Como pode achar isso? Me conhece a pouco tempo. - Protesta ele e eu balanço a cabeça.

-Nicolai, vejo o quanto é dedicado em seus deveres, um verdadeiro príncipe. - Sussurro apoiando minha cabeça em seu ombro, passo a ponta do meu nariz na pele do pescoço de Nicolai e lhe deixo um leve beijinho.

Nicolai vira o corpo e eu retiro o rosto de seu pescoço, ele leva as mãos as minhas bochechas e passa o polegar em minha pele que esquenta com seu toque, fecho os olhos, ah... se eu pudesse fazer ele sentir todo esse amor que carrego, se ele soubesse que posso ajudar ele a carregar esse fardo, pelo menos ser um alívio para isso, sei que ele está irritado assim pelo fim do noivado, ele não seria o único afetado, o seu país também seria e eu me sinto culpada por isso.

- Você está irritado comigo? - Abro os olhos para encontrar seu olhar.

- Por que estaria irritado com você? - Ele indaga sério.

- Por culpa minha você está nessa...- De surpresa, Nicolai coloca sua boca na minha me tomando em um beijo lento e molhado, nada típico de Nicolai.

- Você não tem culpa de nada, nenhuma culpa além de ter uma boca tão perfeita. - Ele diz quando o beijo se desfaz e eu sorrio. - Tantas coisas que eu farei com ela.

Minha alma vibra em expectativa e eu mordo o lábio inferior.

- Que coisas seriam essas? Senhor. - Ele sorri malicioso.

- Ah anjo, tantas, garanto que você irá adorar cada uma delas. - Ele sussurra e eu sorrio.

- Conto com isso. - Digo.

Nicolai me solta, se coloca de pé ajeitando o boné e coloca os óculos de sol novamente.

- Eu marquei nosso vôo para daqui duas horas, se importaria de conhecer a estátua da liberdade outro dia? - Pergunta Nicolai e eu me levanto, pego em seu braço e caminhamos para a saída do parque.

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