Trinta e nove

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Pisco algumas vezes, que horas são? Os raios de sol que ultrapassam a pequena janela redonda do quarto denunciam que já é manhã, mas que momento da manhã eu não sei, perdi... ou melhor, perdemos a noção do tempo.

Me coloco sentada na cama e olho para meu lado direito, Nicolai adormeceu faz poucos minutos, ele dorme de barriga para baixo, a cabeça no travesseiro e as pernas e braços esparramados pela cama com apenas o fino lençol branco da cama cobrindo sua bunda, sua expressão é séria até quando está dormindo, fico me perguntando o que ele sonha, o que ele pensa, é tão difícil acompanhar seus desejos e ações, ele é imprevisível e intenso, uma perfeita mistura do incerto, e como eu amo essa confusão, eu o desejo com tanto fervor que chega a estremecer o espírito.

Me aproximo mais de seu corpo, aproximo meus dedos de sua cabeça até alcançar seus cabelos cobre, fico admirando sua beleza enquanto lhe faço um carinho nos fios, na frente de seus fios cobre uma mecha de cabelo branco está se formando, ela é um pouco grossa mas isso não diminui em nada sua beleza, o deixa ainda mais bonito do que qualquer homem mais jovem. Desço a ponta do dedo indicador até as linhas de expressão de sua testa, depois desço mais até o nariz e depois até os lábios, nesses, tomo a atenção de desenhar-los com a ponta do dedo, para memorizar cada canto de seu rosto. Nicolai se mexe e eu recolho a mão imediatamente, ele pisca os olhos e depois olha para mim com o mesmo desejo da noite passada... e que noite.

- Bom dia. - Ele leva a mão na frente dos olhos para se proteger dos raios de Sol e se coloca sentado ao meu lado.

- Bom dia. - Respondo.

- Que horas são ? - Ele pergunta com a voz rouca de quem acabou de acordar.

- Não sei, meu celular está em minha bolsa e estou cansada demais para me levantar. - Me deito novamente na cama e faço beicinho.

Nicolai se levanta da cama e vai até a cabeceira, se vestido já é lindo, nu é uma obra de arte grega. Ele pega o celular e verifica a hora depois se junta novamente a mim na cama.

- Ainda é cedo, pousaremos em Paris depois do almoço. - Nicolai me puxa para seu peito e me deito sob ele, nossas pernas se entrelaçam, ele enterra o nariz em meus cabelos e inspira o cheiro depois de suspirar.

- Achei que a viagem ia demorar mais. - Comento, meu dedo indicador brinca fazendo redemoinhos em seu peito.

- Ia demorar 12 horas, mas como estamos de jato especial, demora muito menos. - Ele responde. - Tenho que ligar para Gia, perguntar se Maria já foi para a escola.

Nicolai pega novamente o celular e disca um número colocando depois o aparelho próximo a orelha.

- Gia ? - Posso ouvir um " Bom dia sua alteza" do outro lado. - Maria já foi para a escola ? - Nicolai aperta o botão de viva voz para que eu escute o que ela fala.

- Ainda não senhor, está tomando café da manhã ainda. - Diz Gia.

- Bom dia Gia. - Digo sorrindo para o celular.

- Bom dia Amy! - Responde Gia simpática, no fundo um " É a Amy ? " de Maria me faz abrir mais o sorriso. - Maria quer falar com você.

- A coloque na linha por favor Gia. - Peço.

- AMYYYYY. - Grita Maria.

- Bom dia pimpolho. - A escuto gargalhar.

- Bom dia Amy, meu papa está com você ? - Pergunta Maria.

- Estou aqui Maria. - Nicolai responde.

- Papa! Você vai trazer minha espada ? - O entusiasmo é evidente na voz de Maria, maa Nicolai bufa com a idéia.

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