5 Desvanecimento

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Quando paramos o carro, o estacionamento estava lotado de carros e os espectadores se dirigiam para a cabine de ingressos em um passo contínuo. Uma onda de pânico tomou meu corpo. Sabia que estava sendo ridículo – era apenas um jogo de futebol americano de um colégio –, mas era como se eu estivesse entrando nu na escola. Niall saiu do carro e gritou na direção de um grupo de pessoas que estavam entretidos em uma conversa animada, enquanto iam em direção ao estádio.

– Niall – eles gritaram em uníssono e correram em sua direção, o recebendo com abraços e cumprimentos animados. Fiquei atrás dele, sentindo-me repentinamente superexposto no suéter justo, o cachecol pouco cobria o decote baixo.

– Louis?! – Jill Patterson exclamou chocada. Todos viraram-se para me olhar. O fogo incinerava minhas bochechas. Sabia que a cor artificial seria desnecessária.

Forcei um sorriso de lábios fechados e acenei casualmente.

– Uau, você está ótimo – outro garoto declarou, descrente. Os outros garotos fizeram elogios parecidos.

– Obrigado – murmurei, desejando ser invisível novamente.

Niall passou seu braço pelo meu e nos levou para a cabine de ingressos com um sorriso orgulhoso estampado no rosto. Suspirei novamente e me preparei para qualquer coisa que a noite apresentasse. Infelizmente, houve muitas outras reações de perplexidade e descrença.

Havia muitos olhares, sussurros e comentários sobre minha presença e transformação, mas não muita conversa. Era evidente que ninguém sabia o que dizer para mim, da mesma forma como eu não sabia o que dizer a eles. Então, me afundei na arquibancada de metal e me concentrei no jogo de futebol americano. Niall torcia por Michael e assistia ao jogo quando lhe permitiam. Ele era chamado por quase todos que passavam, incluindo alguns pais que estavam além para dar apoio à equipe de futebol americano do colégio ou que tivessem seus filhos em campo – ou no banco. Não conseguia acompanhar quantas pessoas ele conhecia e a naturalidade com que ele sempre conversava com um comentário espirituoso ou carinhoso. Devia ter tomado notas.

Durante o terceiro período, decidi pegar um chocolate quente enquanto Niall ia em direção à escola com Jill e Casey para usarem o banheiro, conversando e rindo sobre alguma coisa. Enquanto esperava na fila, cutucava a terra com meu pé, perdido na voz que anunciava a última jogada, conforme o Weslyn continuava a mover a bola pelo campo.

– Não foi um jogo ruim, né? – Sua voz chegou em meio ao barulho da torcida e a voz profunda do locutor. Virei-me para encontrar Harry atrás de mim, segurando uma câmera.

– Não, foi um ótimo jogo – retorqui, lutando para encontrar a minha voz. O suéter de repente pareceu diminuir, enquanto minhas bochechas avermelharam-se mais uma vez, inflamadas pela batida em meu peito.

– Está cobrindo o jogo para o jornal? – Assim que disse, sabia que era uma bobeira. Claro que ele estava cobrindo o jogo: eu o mandei fazer a cobertura!

– Sim – ele disse levantando sua câmera, deixando de lado minha pergunta tola. – Pensei ter ouvido que você não frequentava jogos...

– Estou na casa de Niall esta noite – respondi, achando que isso seria uma explicação suficiente para ele, como seria para qualquer outra pessoa. Mas ele pareceu confuso. Fiz uma pausa para lembrar-me da resposta que Niall preparou. – Geralmente, estou tão ocupado com a escola e tudo mais, que acabo não saindo muito. Aconteceu de dar certo hoje.

A fila continuou a avançar, dei um passo à frente. Harry me seguiu.

– Ah – ele respondeu. Percebi que ele ainda não estava satisfeito com a minha resposta. – Você e Niall irão à festa depois do jogo?

uma razão para respirar - l.s versionOnde histórias criam vida. Descubra agora