34 Prestando atenção

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- O que você fez? – Niall exclamou bem mais alto do que o necessário quando saiu da frente da casa de Harry na manhã seguinte. – E não ouse dizer "nada", porque você está brilhando.

Cobri meu rosto ruborizado com minhas mãos, sabendo que ele viu mais do que eu queria.

– Não é o que você está pensando – o corrigi. – Mas foi... Interessante. – Não conseguia conter o sorriso. Olhei através da janela, incapaz de olhá-lo nos olhos.

– Hum, "interessante" não conta como detalhes – disse impacientemente. – Você não vai me contar, né?

– Hoje não. – Sorri. Mas iria eventualmente. Não os detalhes explícitos que ele gostaria, mas o suficiente para que ele soubesse.

Estava tão preso no turbilhão de pensamentos que alimentavam minha alegria quando voltei para casa, que mal notei o desconforto conforme mancava, completando minhas tarefas. Também não percebi quando Angelina veio por trás de mim enquanto eu lavava a louça da noite anterior.

A faca passou pelas minhas mãos ensaboadas de forma rápida e contundente.

Inspirei fundo com o toque da lâmina contra a parte de dentro dos meus dedos.

– Ai, pegou em você? – Angelina observou falsamente. – Eu precisava usá-la.

Segurei meus dedos firmemente, olhando para ela apesar de tudo o que eu realmente queria dizer retumbasse em minha cabeça. Ela colocou a faca em cima do balcão, sem intenção nenhuma de usá-la e saiu da cozinha sorrindo malignamente.

Inclinei-me sobre o balcão e peguei o papel toalha, deixando uma trilha vermelha. Enrolei o papel em torno do corte, entre a palma e os dedos. O sangue rapidamente ensopando o papel.

Segurei minha mão e fui em direção ao banheiro, abrindo a água para lavar o corte. Meus dedos pulsavam conforme o fluxo de sangue corria, descendo com a água cano a baixo. Tive que usar uma toalha para aplicar pressão suficiente e parar o sangramento. Sabia que teria que fazer de tudo para remover as manchas de sangue mais tarde.

Depois de alguns minutos segurando meus dedos, o sangue só escorria e não mais jorrava. Enrolei-os com gaze o mais apertado possível para que o corte fechasse. Cerrei os dentes, sacudindo a cabeça, não acreditando em sua crueldade. Pressionei meus lábios, cerrando a mandíbula. A raiva que ela gerou não foi tão fácil de afastar. Fui tomado pela fúria e demorou muito tempo para que conseguisse contê-la.

Niall e Harry ficaram olhando para meus dedos enfaixados durante toda a segunda-feira, mas foi apenas no almoço que Niall disse algo.

– Vai nos contar o que aconteceu ou não?

Rolei os olhos ante a sua insistência.

– Cortei meus dedos lavando a louça – respondi simplesmente.

Niall sacudiu a cabeça e cruzou os braços no peito.

– Todos eles?

A verdade – Harry exigiu, sem permitir que eu me safasse com essa explicação sem propósito. Não gostava da maneira acusadora que os dois me olhavam. O problema não era deles. Não precisavam me fazer sentir como se eu tivesse feito algo de errado.

– Ouçam, não vou contar o que aconteceu. Se não gostaram da minha explicação, então preencham as lacunas da maneira que quiserem. Não direi mais nada. Sabem onde vivo e sabem com quem eu vivo. Não preciso reviver tudo de novo ao contar para vocês.

Mais nervoso do que podia suportar, me levantei da mesa e andei, ou manquei levemente, para fora da cantina.

Nem Niall nem Harry disseram nada para mim durante a aula de Jornalismo. Permitiram que eu ficasse sozinho pelos cinquenta minutos de aula. Mas assim que acabou, me bombardearam de novo.

uma razão para respirar - l.s versionOnde histórias criam vida. Descubra agora