uma razão para respirar - l.s version

23 Silêncio

Ai que tristeza de capítulo....

xx

Segui silencioso no banco do passageiro. Não conseguia nem me obrigar a olhar para ele. Harry dirigiu até o fim de minha rua antes de perguntar:

– Como você está?

– Humilhado – respondi, olhando através da janela.

O silêncio voltou por alguns minutos antes que ele perguntasse:

– Está bravo comigo por ir vê-lo?

– Você não deveria ter ido – respondi honestamente.

– Você não vai me contar o que aconteceu, né?

– Não posso. Você viu mais do que o suficiente.

Ele parou o carro no estacionamento da mesma farmácia que da outra vez.

– Harry, realmente não quero falar sobre isso – insisti, finalmente olhando pare ele.

– É isso que me incomoda. Por que você não confia em mim? – Seu olhar preocupado buscava o meu por uma explicação.

– Isso não tem nada a ver.

– Isso tem tudo a ver – disse enfaticamente. – Achei que já tivéssemos passado por isso.

– Sinto muito se pensou isso – disse com firmeza. Ele se afastou, como se minhas palavras o machucassem.

– Então você não confia em mim para saber o que acontece em sua casa? – Após hesitar por um momento, ele adicionou: – Você nunca quis me deixar entrar, né? – Seu tom se elevava conforme ele falava, quase raivoso.

Não consegui encontrar as palavras para concordar com ele, sabendo que isso só o deixaria mais nervoso.

– O que eu estava pensando? – questionou em um sussurro. – Achei que você fosse mais forte que isso. – Suas palavras eram dolorosas e acertaram

meu coração. – Não acredito que você os deixe o tratarem desse jeito. – Após um minuto sem resposta, Harry murmurou desapontado. – Você não é quem eu achei que fosse.

– Eu sabia disso – sussurrei.

– Então, não o conheço de verdade?

Dei de ombros. Ele expirou rapidamente e chacoalhou a cabeça, frustrado com minha recusa em responder.

– Niall conhece? – perguntou. – Confia mais em Niall do que em mim?

– Deixe-o fora disso – retorqui.

– Não entendo – disse para si mesmo, olhando para o chão. Então virou-se para mim e perguntou: – Ele o machucou?

– Phillip? – perguntei, chocado pela acusação. – Não, Phillip não me machucaria.

– Então ele apenas não gosta de você, é isso? – insistiu.

– Harry, não posso e não vou contar o que acontece por trás das portas fechadas da minha casa. E você está certo, não sou tão forte e não sou a pessoa que você achou que eu fosse. Mas venho tentando dizer isso o tempo todo. Sinto muito se você está desapontado agora que finalmente percebeu a verdade. Mas nunca poderei contar o que você quer saber.

Seu rosto ficou vermelho, mas não tinha certeza de qual era a emoção que causava o rubor.

– Gostaria muito de ir para a escola, agora – exigi.

Harry dirigiu para fora do estacionamento e ficamos em silêncio o resto do caminho.

O silêncio durou por muito tempo.