38 Dilacerado

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Penúltimo capítulo!

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-Seu viadinho – Angelina murmurou atrás de mim enquanto eu varria a cozinha. Girei ao ouvir sua voz. – O que você teve que fazer para ganhar isso? – exigiu, tentando pegar meu colar. Afastei-me de suas garras. Seus olhos arregalaram-se em choque. – Não pode achar que ele se importa com você – zombou. – Ele provavelmente pegou isso da última garota com qual meteu.

O fogo me incendiou enquanto olhava com nojo para a mulher patética à minha frente.

– Cala a boca, Angelina – respondi firmemente, gritando mais alto que ela.

– O que você disse? – exigiu, com uma ferocidade que poderia ter estilhaçado a casa em pedaços. Sua mão acertou a lateral de meu rosto com a força do impulso. A vassoura caiu no chão.

Virei-me para ela. O fogo alimentava cada músculo do meu corpo. Levantei o punho.

– O quê, você vai me bater? – Ela riu. – Vá em frente e me bata.

Consegui me recompor. Olhei para meu punho fechado, horrorizado com o que faria. Afastei a raiva antes que ela me tomasse.

– Não tenho a menor ideia do porquê você ser tão maluca, mas eu não sou – respondi. – Você me dá nojo.

Angelina me encarava com desprezo. Minhas vísceras se contorciam, instantaneamente arrependido de minha declaração. O medo começou a obliterar a raiva e meu corpo começou a tremer.

Ela tentou pegar meu braço e eu a afastei.

– Seu viado desgraçado – ela bufou, vindo em minha direção com uma força que eu não estava preparado, mas pelo qual devia esperar. Ela empurrou meus ombros para que eu batesse contra a porta, mas escorreguei na vassoura que estava em meus pés. Os vidros quebraram-se ao meu redor e o fogo correu através do meu braço quando meu cotovelo atravessou um painel de vidro da porta.

Gritei com a dor, as pontas afiadas me cortando. Segurei meu cotovelo. O sangue correndo pelos meus dedos, pingando no chão. Continuei a gemer entredentes com os cacos enfiados em minha carne.

– Que diabos está acontecendo?! – Phillip exclamou, correndo as escadas em direção ao deck. Ele parou do lado de fora da porta ao me ver junto ao vidro quebrado no chão, ensopado de sangue. Seus olhos buscaram Angelina e ela o encarou com um choque fingido.

– Phillip – ela gaguejou –, foi um acidente. Ele escorregou, eu juro.

– Não fique aí parada – ele gritou. – Pegue uma toalha para ele. – Angelina correu em direção ao banheiro, obedecendo sua ordem.

Phillip abriu a porta o máximo que conseguiu por causa de meu corpo ainda caído, obstruindo a entrada, e paralisou em choque. Ele passou por mim e se abaixou para examinar os danos.

– Preciso levá-lo para o hospital – ele concluiu. – Ainda há vidro nos cortes e provavelmente serão necessários alguns pontos.

Lágrimas rolavam pelo meu rosto. Phillip me levantou assim que Angelina voltava com a toalha. Seus olhos imploravam perdão a Phillip. Ele pegou a toalha sem olhar para ela e cuidadosamente envolveu meu braço para cortar o fluxo de sangue.

– Phillip, me desculpe – ela chorou.

– Falamos sobre isso quando eu voltar – ele respondeu, ainda incapaz de olhar para ela. Abriu a porta para mim e o segui até sua caminhonete sem dizer uma palavra. Ele também não disse nada enquanto abria a porta do passageiro. Entrei, suspirando e gemendo quando o movimento forçou os cacos em minha pele.

uma razão para respirar - l.s versionOnde histórias criam vida. Descubra agora