O tempo que passámos no México foi mágico & jamais poderia escolher um momento favorito. Jamais poderia escolher uma memória favorita para vos contar.
O regresso a casa foi tranquilo. O Harry tinha os seus compromissos & e eu tinha que voltar ao emprego.
& assim os dias se passavam. As noites se passavam. O nosso amor fortalecia-se a cada segundo.
- “Os pratos já estão na mesa?” Perguntei.
- “Sim. Esqueci-me dos copos. Podes trazê-los, por favor?” Ouvi.
- “Claro que sim. Preciso só de um minuto.” Respondi.
Ouvi a campainha & olhei para o pequeno ecrã de segurança junto à porta onde o vi do lado exterior ao portão. Ouvi novamente o som da campainha & o meu corpo permaneceu estático.
- “Amor, porque não abres o portão? Quem é?” Perguntou.
- “Espera um pouco. Já volto.” Respondi.
- “Onde vais? Meg?” Ouvi mas continuei a caminhar pelo corredor. Abri a porta exterior & caminhei até ao portão. O som das gotas que caíam sobre a fonte tornou-se distante. A brisa que tocava na minha pele tornou-se inexistente. O cheiro que as flores emanavam pareciam ter desaparecido. Todos os meus sentidos ficaram comprometidos. Podia ouvir apenas o bater do meu coração & o som dos meus passos.
- “Megan... Tornaste-te numa mulher tão bonita...” Disse.
- “Como podes ter a ousadia de vir até aqui?” Perguntei.
- “Sei que não tenho o direito mas necessitava tanto de te ver...” Respondeu.
- “Pai, vai-te embora. Por favor. & nunca mais tentes voltar a ver-me. És bom nisso. Tenho a certeza de que será fácil.” Afirmei & virei as costas.
- “Que saudades de ouvir essa palavra... Pai. Não sou merecedor dela.” Disse.
- “Nisso terei que concordar contigo.” Afirmei.
- “Meg, quem é este homem?” O Harry perguntou & caminhou até junto de mim.
- “Alguém que está de saída.” Afirmei & caminhei para junto da porta.
- “Sou o pai da Megan. Muito prazer, Harry. Apesar de longe, tenho acompanhado a sua vida.” Disse & a raiva dentro de mim aumentou ainda mais.
- “Deveria tê-la acompanhado de perto.” Afirmou.
- “Entendi isso demasiado tarde...” Disse.
- “Meg... Queres que o deixe entrar?” Perguntou.
- “Não. Quero apagar este momento da minha memória. Quero que tudo volte a algumas horas atrás. É tudo o que quero. Não tem o direito de arruinar a minha vida.” Afirmei & entrei.
Corri até ao quarto onde me deitei sobre a cama & chorei como uma criança sem colo. Como uma criança abandonada novamente. Ouvi os passos do Harry que corriam apressados pelas escadas & rapidamente senti o seu corpo junto do meu. Os seus braços envolveram-me & ofereceram-me toda a protecção de que necessitava. As lágrimas teimavam em escorrer pelo meu rosto & quase perdi o controlo da minha própria respiração.
- “Como pôde fazer isto? Como?” Questionei.
- “Provavelmente o seu amor falou mais alto...” Respondeu.
- “O seu amor deveria ter falado mais alto na noite em que se foi embora & me deixou para trás como se não significasse nada para si.” Afirmei.