Nessa mesma noite sonhei com o seu rosto. Como odiava aqueles sonhos que o tinham como protagonista & ao abrir os olhos entendia que nada era real. Já tinha tido sonhos assim quando era somente sua fã. Odiava essas manhãs. E agora revivia tudo novamente. Odiava olhar para o lado & não encontrar o seu rosto. Não encontrar o seu sorriso. Não ouvir a sua voz. Não sentir o seu toque. Desta vez a dor era maior... Sabia exatamente o que era ver & sentir todas essas coisas... O vazio era maior & mais intenso.
Fui até à sala de aula & tentei concentrar-me todas as aulas. Senti um toque no ombro.
- "Sentes-te melhor?" Ouvi o Diego.
- "Não me faças essa pergunta durante os próximos dias, por favor... Odeio mentir & fingir que está tudo bem mas também odeio ter que dizer sempre que nada está bem. Simplesmente... Ajuda-me mas não me faças essa pergunta por enquanto." Pedi.
- "Desculpa, Meg. Começo a ver que ele significava realmente muito para ti." Disse & desviei o rosto.
Na verdade nunca poderia imaginar que algum dia me iria apaixonar daquela forma. Sempre achei que ninguém conseguisse penetrar no meu coração a ponto de me magoar daquela forma. Queria culpá-lo de tudo o que sentia mas não tinha como o fazer. Não o queria fazer.
- "Queres ir jantar fora ou passear para que te possas distrair um pouco?" Sussurrou.
- "Sim, qualquer coisa será melhor do que me manter naquele quarto fechada. Sozinha." Respondi.
O dia finalmente chegou ao fim & fui até ao quarto onde tomei um duche & me vesti. Encontrei-me com ele na entrada & entrámos no seu carro.
- "Boa noite. O que desejam comer?" O funcionário perguntou.
- "Queremos dois pratos destes, por favor." Respondeu antes que tivesse oportunidade de o fazer.
- "O meu prato favorito..." Disse estupefata.
- "Pensaste que me tinha esquecido?" Perguntou.
- "Nunca pensei que tivesses reparado." Respondi.
- "Conheço cada parte de ti. Neste último ano pude observar-te de perto. De longe. Mas conheço cada pedaço da tua mente & do teu coração." Afirmou.
Olhei para si totalmente surpreendida. Sabia que se encontrava apaixonado por mim mas nunca julguei que me pudesse conhecer da forma que conhecia. O jantar foi bastante agradável & dirigimo-nos até um parque onde alimentámos os cisnes que permaneciam no pequeno lago com alguns "breadsticks" que trouxemos do restaurante. Quase caí quando um deles me perseguiu devido a um pequeno pedaço que caiu no meu sapato.
- "Ahh!" Gritei em cima de um banco enquanto o Diego decidiu rir às gargalhadas ao invés de me ajudar.
- "Estás bem?" Aproximou-se.
- "Não graças a ti." Respondi.
- "Vem cá. Ajudo-te a descer." Disse & pegou na minha cintura, colocando-me no chão.
- "Obrigada." Respondi.
- "Dar-te-ia o mundo se me desses essa oportunidade." Disse mantendo as mãos na minha cintura.
- "Diego..." Disse.
Senti os seus lábios nos meus mas desta vez não o empurrei. Não me transmitia nenhum dos sentimentos que o Harry me trazia. Não sentia amor... paixão... carinho... desejo... adrenalina... Apenas conforto.
- "Não estou pronta..." Disse.
- "Sei que não me amas mas esperarei até que possas olhar para mim de outra forma. Dá-me uma oportunidade de mudar a tua mente." Pediu.
- "Não consigo estar contigo sem te amar. É injusto para ti. Estarias disposto a ter-me nos teus braços sabendo que o meu coração lhe pertence?" Perguntei.
- "Estaria. Estaria disposto a ajudar-te a esquecê-lo. O Harry vai ter uma família na qual não estás incluída. Não te iludas, Meg. Segue em frente também." Disse.
- "Não consigo..." Afirmei.
- "Tudo bem. Estarei aqui à espera que mudes de ideias. Sempre estive." Disse & beijou o meu rosto.
Fomos até à Faculdade & deitei-me. A minha mente encontrava-se invadida por tantos pensamentos que quase parecia encontrar-me num mundo paralelo.
Durante aquela semana tentei manter-me afastada de tudo & de todos. Tentava entender o que seria melhor para mim. Não posso dizer que fosse um típico caso de escolher entre a mente & o coração pois jamais poderia seguir o coração naquele momento.
Sabia que era o aniversário da Danielle & teria que lhe ligar.
- "Obrigada minha querida." Respondeu.
- "Bom, espero que continues a ter um óptimo dia. Falamos em breve." Disse.
- "Meg, espera. Na sexta-feira vens até aqui, certo? É a minha festa & todos sentimos imensas saudades tuas." Afirmou.
- "Dani..." Tentei dizer.
- "Não podem fugir um do outro para sempre. Por quanto tempo teremos que escolher entre os dois?" Perguntou.
Sabia que tinha razão. Era injusto para todos que tivessem que escolher sempre entre nós. Concordei em ir. A sexta-feira chegou mais rápido do que desejava.
- "Boa sorte." O Diego disse.
- "Estarás acordado quando voltar?" Perguntei.
- "Claro. Sei que provavelmente necessitarás de apoio." Disse.
- "Obrigada por estares sempre a meu lado. Até logo." Agradeci, beijei o seu rosto & caminhei até à porta.
- "Meg." Chamou.
- "Sim?" Perguntei.
- "Estás linda." Disse.
- "Obrigada. Até logo." Disse & sorri.
Caminhei até ao táxi & deixei que a ansiedade tomasse conta do meu corpo. Toquei à campainha.
- "Que saudades." A Danielle disse & abraçou-me.
- "Também tenho muitas." Respondi & entreguei-lhe o presente.
- "Entra. Todos têm saudades tuas." Afirmou.
Assim que entrei pela porta fui apertada pela Eleanor & a Perrie.
- "Não consigo respirar." Disse.
- "Paciência." A Perrie disse.
- "Muito obrigada pela preocupação." Soltei uma gargalhada.
Cumprimentei todos & sentei-me no sofá junto do Niall & do Louis.
- "Sentes a sua falta não sentes?" O Louis perguntou.
Como poderia mentir a algo assim?
- "Sinto mas vou conseguir ultrapassar tudo isto da forma mais rápida que conseguir." Respondi.
Passados alguns minutos de conversa pude ver o Harry a entrar pela porta de mão dada com a Liz. O meu coração queria saltar do peito mas obriguei o meu rosto a demonstrar exactamente o contrário daquilo que sentia dentro de mim. Cumprimentou-me tal como fez com todos os outros & mal me olhou nos olhos.
- "Como te sentes, Liz?" Perguntei.
- "Sinto-me bem. Ainda não tenho tido muitos sintomas." Sorriu.
O jantar decorreu de forma tranquila. Voltámos a sentar-nos na sala-de-estar onde permanecemos entre palavras & jogos. Pude ver a forma como as suas mãos tocavam no corpo que um dia me pertenceu. A forma como os seus lábios tocavam nos lábios que me pertenceram. Na minha mente, ainda pertenciam. A forma como ele acariciava o seu rosto, afagava o seu cabelo, acariciava a sua barriga...
Soube de imediato que teria tudo sido uma péssima ideia. Como pude acreditar que conseguiria estar junto deles? Mais uma vez recorri à mentira de que necessitava de ir à casa-de-banho & subi.
Permaneci no quarto durante alguns minutos. As lágrimas escorriam no meu rosto & alcançavam o chão, molhando-o. Manchando-o de dor & angústia.
- "Meg?" Ouvi a voz do Liam.
- "Sim?" Perguntei & tentei limpar as lágrimas.
Entrou no quarto & sentou-se junto a mim.
- "Não preciso de perguntar as razões para estares aqui sozinha." Disse & encostou a minha cabeça no seu peito.
Foi impossível controlar toda aquela dor & chorei nos seus braços.
- "Não posso prometer que vai tudo correr bem. Mas posso prometer que estaremos sempre aqui para te apoiar. Quando sentires que essa dor é forte demais, pede ajuda mas não te feches em locais onde possas chorar sozinha, está bem?" Pediu.
- "Desculpa..." Sussurrei entre lágrimas.
- "Espera aqui um pouco." Pediu.
- "Porquê?" Perguntei.
- "Vou só chamar a Danielle para que te fale sobre uma coisa que queria." Disse.
Esperei algum tempo & deixei de respirar quando o vi entrar por aquela porta.
- "Harry?" Perguntei confusa.
- "E aqui estamos nós neste quarto... Mais uma vez. Estás a chorar por culpa minha... mais uma vez..." Disse.
- "Não me parece que seja uma boa ideia. Vão reparar que não te encontras junto a eles." Afirmei.
- "O Liam certificou-se de que a Liz não se iria aperceber..." Disse.
- "Porque estás aqui?" Perguntei.
- "Porque sou a única pessoa capaz de parar a tua dor. Capaz de te acalmar..." Respondeu.
Todas as palavras que abandonaram os seus lábios eram verdadeiras. Era realmente a única pessoa com esse poder. Mas também era a razão pela qual as lágrimas abandonavam os meus olhos naquele momento.
- "Sei que a tua dor deriva de um erro meu mas por favor... Deixa-me ajudar-te." Pediu & caminhou até mim.
Senti o seu toque & conseguiu arrepiar todo o meu corpo. Senti o seu abraço forte & o meu batimento cardíaco começou a acalmar. O ar tornou-se mais fácil de respirar. O meu corpo deixou a tensão de lado. Fechei os olhos & encostei o rosto no seu peito. Senti a sua mão no meu peito & assustei-me. Colocou-a do lado esquerdo & afastou um pouco o seu corpo do meu, sorrindo. Sabia que tinha conseguido. Sabia que me tinha conseguido tirar toda a dor por momentos. Tinha conseguido afastar o sofrimento.
A sua mão manteve-se no meu peito & os nossos olhos prenderam-se como tantas outras vezes. O seu rosto aproximou-se do meu & senti os seus lábios. Entreguei-me a si. Naqueles instantes penso que o amor falou mais alto do que todos os nossos valores. Mas a minha consciência despertou passados alguns segundos & afastei-o de mim. Olhei para o chão.
- "Desculpa..." Pediu.
- "Não é a mim quem tens de pedir desculpa, Harry. Pensa no teu filho. Pensa na mulher que está no andar de baixo & o carrega dentro de si. Temos que ser mais fortes do que isto..." Disse.
- "Como poderemos conseguir ser mais fortes do que o amor que nos une? Entende que o que sentimos & a ligação que temos só acontecem uma vez na vida." Afirmou.
- "É por isso que lhe tocas daquela forma?" Perguntei deixando que o ciúme invadisse a minha mente.
- "Tenho que o fazer, Meg. Espera um filho meu. Queres que a ignore? Queres que a trate mal? Queres que não lhe tente dar carinho?" Perguntou exaltado.
- "Desculpa..." Pedi.
- "Porque é que tem de ser assim?" Perguntou.
- "Porque agora terás uma família. Uma família da qual não faço parte." Respondi.
- "Meg... Poderiamos tentar..." Disse.
- "Harry, esquece... Tens que seguir em frente. Tenho que seguir em frente..." Afirmei.
- "Se não estás à minha espera, então porque é que ainda não seguiste em frente? Porque é que ainda não te entregaste a ninguém? Sabes perfeitamente que precisamos de estar perto ou não conseguiremos ser felizes." Disse.
- "Chega! A nossa história terminou. Terminou de vez. Vive com as consequência dos teus actos. Tal como farei." Gritei.
- "Prova-me que a nossa história terminou." Pediu & caminhei até à porta.
- "Prova-me!" Gritou.
Caminhei pelas escadas & saí pela porta. Corri mesmo ouvindo que me chamavam. Mesmo sabendo que queriam ajudar. Entrei no primeiro táxi que avistei. Entrei na Faculdade & caminhei até ao quarto do Diego. Bati à porta & o colega disse que não se encontrava. Procurei por si, sem sucesso. Liguei-lhe & disse que não esperava que voltasse tão cedo mas que iria ao meu encontro. Sentei-me na cama até ter ouvido a porta.
Abri-a & alcançei os seus lábios.