Capitulo 4

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Amanda narrando.

Era uma segunda feira, eu estava arrumada mas não pronta para encarar o primeiro dia da faculdade de Engenharia Civil. Respirei 5 vezes antes de tomar meu café, 7 antes de cruzar a cidade e 10 quando coloquei os pés na mesma. Os dias que eu fiquei em casa foi um castigo próprio, Tales ainda me dava o silêncio e a única coisa que eu fazia era ler, dormir e falar com Carlos sobre algo que não fosse o climinha lá em casa. 

Ouvi o sinal soar, entre meio receosa na sala e percebi que a mesma estava vazia, me sentei no fundão e coloquei meus fones.

Batucando com alguns de meus dedos na mesa enquanto via o pessoal entrando. A maioria estava na sua mas algumas pessoas já estavam se enturmando.

- eu não acredito - ouvi uma voz tanto quanto familiar, rezei para que não fosse ninguém daquela noite e que nem me reconhecesse por causa daquele maldito garoto. Olhei pro lado e fui subindo o olhar quando me deparei com os cabelos pretos e olhos azuis. Bufei.

Amanda: além de barbeira é engenheira?

Julia: futura - disse se sentando ao meu lado, revirei os olhos - beleza, a gente não começou bem 

Amanda: jura? - a interrompi devolvendo um sorriso irônico, vi ela respirar fundo

Julia: garota, se você não percebeu nos vamos conviver por 4 anos juntas - olhou em volta e voltou seu olhar pra mim - e você só me conhece nessa sala. Vamos parar de infantilidade e seguir em frente

Amanda: capas de você me atropelar - disse por fim enquanto um professor entrava na sala.

A aula acabou passando rápido, não houve nada de mais a não ser da apresentação dos professores e da matéria. Na hora da saída fui uma das últimas a sair da sala. Queria vê-la vazia novamente. Vejam só, a menininha com o futuro brilhante estava mesmo na faculdade, um dia ela iria abrir os olhos em um dia qualquer e perceber que era uma adulta, que devia agir como tal.

Sai da sala com os cadernos na mão ajeitando a bolsa cuja uma alça estava caindo. Vi Julia conversando com um dos professores, cheguei a estranhar pois o tipinho dela não fazia a que conversava com professores depois das aulas.

Haja como uma adulta Amanda. Fui em sua direção e no mesmo compasso de tempo em que o professor saiu eu apareci, sorrindo de forma amigável.

Julia: se veio pra espinhar cai fora, já entendi o recado da suas origens - não não, não, ADULTA AMANDA.

Amanda: pensei no que você disse sobre seguir em frente - engoli a seco - não seria má ideia tentarmos sair dessa zona de estresse e nos conhecermos melhor

Julia: você é lésbica? - indagou arqueando uma sobrancelha

Amanda: de jeito nenhum - sorri de lado - eu só estou tentando sair da estaca zero

Julia: gosta de café? - deu um passo a frente

Amanda: na hora do almoço?

Julia: nunca assistiu filmes americanos? - soltou um riso - você já provou o café dessa cafeteria? - neguei com a cabeça, ela fez um sinal e andamos até lá. É, vai ver que ser adulta não é tão ruim assim.

Raphael narrando.

Acordei meio grilado, meu celular não parava de tocar até eu arremessa-lo na parede.

- você devia pensar algumas vezes antes de jogar um celular tão caro na parede - abri os olhos por completo e a sua curvatura se assentou. Era minha mãe, Silvia ou como eu a chamava Dona Tita, não me pergunte o porque, era apenas o costume.

Raphael: bom dia - sorri me apoiando na ponta da cama, ela sorriu abrindo as cortinas

Silvia: dia? - sorriu - já são 15h20, devo avisa-lo que Rô passou aqui junto com sua namoradinha e não deixou nenhum recado. Ele tomou até café da manhã. Amo quando ele vem aqui, vocês deviam passar mais tempo aqui em casa. 

Raphael: namorada?

Silvia: morena, magrelinha tadinha. Parecia ser sua irmã - se referia a Rodrigo

Raphael: Camila - suspirei levantando - ainda tem café pro seu filho?

Silvia: não mas tem lasanha no microondas - sorriu se aproximando, ela deu um beijo em minha testa - mamãe vai trabalhar, de noite eu chego e por favor meu filho, tenha juízo aqui - batucou duas vezes seu dedo indicador em minha cabeça e saiu. 

Dona Tita trabalhava em um hospital, era enfermeira desde que era pivete. Ia de tarde e voltava de noite. Nossa relação era suave, desde que meu pai vazou somos só eu e ela, amigos, um contando com o outro.

Entrei no chuveiro saindo logo apos 10 minutos, me troquei e rejuntei meu celular, disquei no numero do vacilão.

- desde quando você e Camila estão juntos? - falei assim que ele disse "alô"

- eu não to com Camila, ela estava comigo quando eu passei ai. Acordou que horas?

- agora

- porra

- acontece - dei de ombros - qual a boa?

- to indo pro Dogão, borá?

- cara, tem lasanha aqui

- lasanha da Dona Tita? To indo pra ai agora - ele desligou, filho da puta.

Quase sem pararOnde histórias criam vida. Descubra agora