Capitulo 37

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Amanda narrando.

Eles me deixaram sozinha pra ir não sei aonde. Raphael e Rodrigo também havia desaparecido, conclusão, estava "sozinha". Pedi um suco de melancia no trailler, paguei e sai andando por ai na esperança de encontrar algum conhecido. A tal banda começou a tocar como tudo deve ser, sinceramente, minha musica preferida. Parei onde estava, que era um pouco afastado do meio e comecei a balançar o corpo no ritmo da musica.
- olá - uma voz grave e estranha soou em meus ouvidos, estremeci pois pude sentir o calor de seu corpo perto do meu. Me virei meio cautelosa e encarei aqueles olhos pretos, mais pretos que a escuridão que envolvia sua cara ironicamente medonha - avisa seus amiguinhos que eu to de volta
Amanda: não faz nada comigo - meu corpo estava todo enrijecido, meus olhos arderam
Olavo: não quero nada com você doçura - aquele sotaque que me dava nojo - quero com seus amiguinhos. Só da o recado - ele ia se virar, mas voltou a me encarar - se prepara docinho, se você tem amor a criança que esta ai dentro se afasta desses garotos - ele piscou e se perdeu na multidão. Como ele sabia que eu estava gravida? Uma onda de adrenalina tomou minhas veias, eu sentia meu coração palpitar, minha boca estava seca, minha cabeça girava.
Raphael: Amanda? - ouvi sua voz longe e assim que suas mãos tocaram meu braço eu senti meu corpo cair. Não vi mais nada a partir dai.

Raphael narrando.

Ela havia desmaiado em meus braços. Estava branca. Um aperto no coração fez minhas pernas bambearem e encarei Rodrigo.
Rodrigo: bora leva ela pro hospital
A peguei no colo, respirei fundo e fomos andando para o carro. Coloquei ela no banco de trás, Rodrigo entrou no piloto e eu ao seu lado, fomos para o hospital mais próximo.
Rodrigo: calma cara
Raphael: não tem como man - olhei pra trás - olha como ela ta
Ele olhou para trás rapidamente e voltou a olhar a direção.
Raphael: e se ela perder o filho?
Rodrigo: ta ficando doido? Para de pensar nesse bagulhos, pensa que tua mina ta bem.
Ele parou na frente do hospital, sai rapidamente e a peguei no colo novamente, adentrei no hospital e um enfermeiro que passava veio na hora ao
nosso encontro.
Raphael: ela ta gravida, desmaiou no meu colo
-siga-me - ele puxou uma maca e eu a coloquei dentro - o que causou o desmaio?
Raphael: não sei exatamente, quando a vi ela ja estava tonta e quando me aproximei ela caiu em meus braços
Entramos em uma sala, ele colocou o soro diretamente em sua veia e me olhou.
- vou pegar as coisas para fazer um exame de sangue. Pra todos os casos o soro vai melhorar, ela talvez durma um pouco, não sabemos se foi algo emocional ou fisico. Vou chamar um médico. - ele saiu da sala.
Puxei a cadeira pra perto da cama e segurei sua mão, ela estava gelada, respirava levemente como se estivesse dormindo.

Rodrigo narrando.
Estacionei e entrei no hospital. Cá estava novamente. Sentei em um dos bancos da sala de espera e passei a mão no rosto. Que merda. Peguei o telefone e disquei o numero de Carlos.
- cade você fdp - a voz do outro lado era rouca, podia apostar que estava trebado
- tua irmã passou mal, estamos no hospital
- ih man, o que ela tem?
- a gente não sabe ainda, tamo naquele hospital mais próximo do beco se quiser pode vir. Mas é melhor tu e Gian ficar ai. Se meu pai ver neguinho dando tiro vai sobrar pra gente.
- suave, vou falar com Tico e Teco tambem. Fecho
- valeu
Desliguei o telefone e olhei o mesmo novamente. A foto de fundo ainda era Amanda e só agora eu havia percebido. Abri a galeria de fotos e as fotos mais antigas eram apenas nossas. Um aperto no peito bateu e um mal estar tomou conta do meu corpo. E pensar que começamos tudo no meio de briguinhas, eu sempre tive uma queda por ela. Abri a nossa primeira foto juntos. Estávamos no beco, ambos com copos na mão, ela sorria, aquele sorriso que eu tanto venerava, eu beijava seu rosto, lembro bem que ela estava meio tímida.
Estávamos encostado no carro de Julia, no beco. Era muito tarde e eu ja estava muito bebado. Os mlks estavam fumando maconha escondido delas, disseram que iam comprar cerveja.
Julia: vai logo Amanda, para de ser trouxa e vai logo
Amanda: calma - ela olhou pra Julia e depois pra mim. Eu estava parado, olhando ela com um leve sorriso no rosto, senti a cabeça rodar mas minha visão estava focada nela.
Julia: eu não vou mais tirar - ela lançou aquele olhar medonho pra Amanda
Amanda: ta bom, calma! - ela riu de lado, tava sem graça. A puxei pra perto e beijei seu rosto delicadamente, ela riu de lado.
Julia: amém - devolveu o celular pra mim - cadê eles ein?
Rodrigo: devem ter naquele mercado la na pqp
Julia: por que eles fariam isso?
Rodrigo: é mais barato, eles estão bêbados - puxei a cintura de Amanda fazendo ela ficar frente a frente pra mim. Deixei meu copo em cima do capô do carro e a envolvi num beijo doce.
Raphael: cara - ele me despertou da lembrança, olhei diretamente pro celular e a tela estava escura. Ufa - ela acordou, tu tem que ouvir isso
Não falei nada, ele saiu na frente e eu apenas o segui. Amanda estava na maca, ela estava com os olhos caídos mas de resto bem.
Rodrigo: o que ela tem?
Amanda: não tenho nada - ela disse com um tom irritado
Raphael: fala o que tu falou pra mim amor - ele segurou a mão da mesma
Amanda: Olavo - estremeci - estava no beco e pediu pra avisar que ele esta de volta
Rodrigo: puta que pariu - passei a mão no rosto e encarei Raphael - como aquele filho da puta conseguiu?
Raphael: isso eu não sei cara.
Rodrigo: isso vai dar muita merda.
Sai da sala meio atordoado, peguei o celular e disquei o numero de Carlos.
- seguinte, quero todo mundo la em casa, deixa nas mãos do Tico e Teco que o bagulho é serio
- isso inclui teu pai?
- todo mundo - desliguei e voltei pra sala
Rodrigo: to indo la pra casa, se precisar de mais alguma coisa tu ta ligado.
Sai do hospital e entrei no carro. Minha cabeça tava a mil, meu corpo tava todo tenso e alguma coisa ruim tava por vir.

Quase sem pararOnde histórias criam vida. Descubra agora