Rodrigo narrando.
A meta era fazer uma surpresa boa, aparecer em sua sacada e no minino passar a noite toda com ela mas ver aquilo? Um baita balde de água fria. Desci a trepadeira passando pelo quintal e motando em minha moto. Eu tava frustado, irritado, uma raiva que não cabia em mim. Acelerei com tudo e parti em direção ao beco.
Desacelerei assim que avistei a entradinha, coloquei na vaga de sempre e sai a todo vapor. A festa, que nunca parava estava bombando. Me aproximei do grande baú termico e peguei uma breja, encostei do lado do mesmo e virei sem pensar duas vezes.
Gian: fala cuzão! - se aproximou - iih, pela cara rolou uma coisa
Rodrigo: quebrei a porra da cara - terminei a latinha e joguei a mesma no lixo - vem cá, cadê Raphael?
Gian: deve ta na sua casa
Rodrigo: claro - respirei fundo - to afim de fazer algo diferente
Gian: rolou mesmo alguma coisa - entre sorriu - CAMILA , CHEGA MAIS - gritou pra mesma. Ela que estava conversando com algumas meninas se retirou da rodinha e se aproximou de nos, seus olhos estavam fixos em mim - topa entrar numa corrida?
Camila: mas eu nem sei dirigir
Gian: quem falou em dirigir? - sorriu e olhou para o lado chamando outra menina - galera, essa é Laila - sorriu - minha amiga
Laila: prazer - nos cumprimentou - o que ta rolando?
Gian: corrida de dupla
Rodrigo: isso é arriscado cara - alertei
Gian: e na pura adrenalina também
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Alguns minutos então Camila estava na minha garupa, eu e Gian estavamos lado a lado pronto para tornar aquela experiencia incrivel. O que eu precisava? No momento apagar aqueles momentos de minha cabeça, e bom, correr era o único jeito de fazer isso.
A menina peituda abaixou a faixa dando a partida, acelerei na hora puxando para trás dando um leve saltinho, senti o corpo de Camila estremecer, apesar de tudo sorri. O percurso era o mais pequeno porém, o mais curvoso. Curva ao lado, ao outro, eu estava perdendo por sentimetros, não ia deixar essa brecha muito evidente. No percurso final puis-me a maxima potencia do motor, sai disparado a sua frente, frei fazendo um semi circulo e parando exatamente alguns sentimetros após a faixa de chegada. A poeira levantou e meu sorriso também.
Camila: você ta louca? - falou baixo em meu ouvido
Rodrigo: ainda nao - a olhei de lado - pode sair da minha moto já
Camila: ridiculo - babuciou apertando meu ombro e ela saiu bufando, ri baixinho
Gian: parabens seu cuzão - disse assim que parou a moto - curti o lance do semi zerinho
Rodrigo: só pros fortes - sorri e sai da moto, peguei uma garrafa que estava na mão de Carlos e a virei.
Amanda narrando.
Após algum tempo explicando para Felipe tudo o que havia acontecido ele finalmente entendeu. Bom, ficou um pouco chateado mas argumentou que apesar de tudo eramos amigos e tudo o que tinhamos que fazer agora era seguir o rumo da amizade.
O clima sem dúvida ficou tenso mas eu pensava nele, em como ele estaria ou melhor, onde. Depois de rolar na cama pelo menos umas cinco vezes decidi que tinha que fazer algo. Liguei para Ju, a mesma estava em casa e dizia que ele não estava por lá. Droga, e agora?
Levantei da cama num pulo e não pensei duas vezes, me vesti e desci, peguei as chaves do meu carro e fui pro beco.
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Entrei naquela muvuca toda o procurando, ou pelo menos tentando reconhecer um rosto. Foi o que aconteceu, em meio de tantas pessoas dei de cara bem com Camila. A menina me olhou de cima a baixo provavelmente notando minhas calças jeans e meu moletom cinza, me irritei com seu olhar.
Camila: perdeu alguma coisa?
Amanda: sim, Rodrigo, viu ele?
Camila: bom - sorriu - ele veio aqui, correu comigo na garupa e simplesmente sumiu
Amanda: correu com você?
Camila: é - sorriu - coladinha nele!
Amanda: coladinha vai ficar a minha mão na TUA CARA! - apontei o dedo em sua cara, me irritei com o jeito que ela falava. Ela deu um tapa em minha mão fazendo minha raiva apenas aumentar, minha mão encontrou sua bochecha e ali começamos uma briga feia. Ela caiu por cima de mim tentando tocar minha cara, tentativas em vão pois segurei seus braços, as minhas unhas afundaram em seu pulso fazendo ela gritar de dor. Serrei os dentes e a joguei para frente, me levantei e quando eu ia acabar com ela de vez Rodrigo apareceu. Me desviei no foco tempo o suficiente para Camila me atacar com um tapa na cara. Cai no chão com a mão no rosto, assustada voltei a procurar na multidão Rodrigo mas ele já não estava mais ali.
Carlos: você ta louca? - disse enquanto me puxava para fora daquela multidão. Camila gritava a vitória mas eu não estava nem ai, ele estava aqui.
Amanda: cadê o Rodrigo?
Carlos: ta aqui e ta puto - me puxou perto dos banheiros quimicos - se eu fosse você ia pra casa agora e conversava com ele amanha, ele ta puto - me olhou serio
Amanda: eu preciso contar o que aconteceu!
Carlos: deixa pra amanha
Amanda: NÃO - gritei, senti minha bochecha latejar. DROGA DE TAPA.
Sai andando furiosa, meus olhos percorriam todos os cantos até olhar ao topo. Ali, ele estava sentado nos degrausinhos, bebendo cerveja com uma cara nada boa, era agora.
Custei a chegar lá, quando subi me aproximei sem fazer barulho e sentei ao seu lado. Ele me olhou por alguns segundos e depois, como se eu não tivesse ali tomou um gole de sua cerveja e voltou a olhar tudo.
Amanda: olha
Rodrigo: não - me interrompeu - não precisa se explicar. Nem namoramos, não devia nem ter ido lá
Amanda: não, Rô - segurei seu ombro, ele me olhou - o Fê é meu melhor amigo
Rodrigo: engraçado que ele não é nem sua mãe - suas palavras eram frias - bela amizade
Amanda: começamos anos envolver antes de você, mas foi só uma vez. Eu menti porque queria terminar essa situação meia complicada, explicar que eu estava me envolvendo com outra pessoas e ia dar certo
Rodrigo: se eu não bancasse o Romeu - ele se levantou - eu vi o que eu vi, suas explicações podem ser mentiras então acabamos o que não temos por aqui - ele se virou, parou e me encarou de lado - mentir é a pior traição, mesmo que a relação não exista
Respirei fundo e senti a garganta fechar. Peguei a cerveja que ele bebia, virei tudo e a taquei pro lado. DROGA!