Capitulo 35

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Rodrigo narrando.
A campainha tocou. Estavam todos prontos e arrumados, minha mãe sentada ao lado de Tia Silvia, meu pai e José conversavam na área de fora, Gian estava ao meu lado.
Rodrigo: é ele - falei e olhei para minha mãe
Leila: ele falou que não vinha - se referiu a Ricardo, suspirou e foi atender a porta.
Minha mae e Ricardo não andavam muito bem, foi o que me disse, eles não terminavam mas mal se encontravam e quando se encontravam rolava brigava. Em conta disso meu relacionamento com minha mãe melhorou 100%.
Olhei para porta e vi que ela entrava, depois Raphael, Carlos, Tales e a tal namorada. Infelizmente eu era o dono da casa e tinha que tornar aquele jantar agradável, pra Tales, Raphael e até a namorada de Tales. Me levantei e fui de encontro a eles.
Rodrigo: boa noite galera - peguei na mão de todos - fiquem a vontade
Tales: obrigado - abriu um sorriso sincero e foi de encontro a Gian para cumprimenta-lo.
Tia Silvia ao ver o filho abriu os braços e o envolveu num super abraço, um abraço tão gostoso que qualquer um daquela sala queria entrar no meio.
Carlos: ai Digão - olhei pro mesmo - cadê as breja?
Rodrigo: eu pego, arruma uma coisa la, fala pro meu pai montar a mesa lá.
Fui até a cozinha, abri o freezer e peguei um fardo de cerveja gelada, fazia muito calor.
Leila: já vão começar? - me encarou enquanto eu arrumava tudo.
Rodrigo: não pega no pé não dona Leila.
Leila: não deixa seu pai bêbado, ele tem um historico ruins de bebidas em épocas assim
Rodrigo: desde quando você se importa com ele? - a encarei, ela ficou sem graça e eu cai na gargalhada - vai me dizer que vocês tão se pegando?
Leila: olha o respeito! - ela ja estava vermelha e deu um tapinha no meu ombro
Rodrigo: chifrando mesmo o Ricardão? O loco dona Leila, logo você?
Peguei as bebidas antes que ela me batesse mais, fui pra fora dando risada, era só o que faltava, meus pais juntos novamente. Coloquei as cervejas em cima da mesa, os caras ja estavam ao redor da mesma conversando.
Gian: qualé da risada? To afim de rir também - pegou uma garrafa e abriu a mesma
Rodrigo: meus pais tão se catando - diminui o tom enquanto entregava a cerva pro resto dos caras.
Olhei atraves da porta de vidro que Amanda conversava com minha mãe e Silvia, as três pareciam felizes e confortáveis com o papo, diferente do que eu esperava, afinal, sogra e ex-sogra no mesmo ressinto era de se tremer na base.
Tales: tem horas? - o mesmo se aproximou dando um gole em sua garrafa, vi seu pulso e percebi que usava relógio.
Rodrigo: curti o jeito de puxar o papo - olhei para a mina dele que estava bem atrás de nos, ele percebeu que eu me incomodei e se virou pra ela.
Tales: amor, pode nos dar licença? - ela me fitou por um momento e assentiu com a cabeça entrando na casa, voltou me olhar - eu quero me desculpar - aquilo eu nao esperava - me desculpar por ter corrido aquele dia, sei que não fui eu quem matou Jonny mas se eu não tivesse entrado naquela corrida ele não teria se envolvido naquela briga por mim e estaria aqui conosco, hoje.
Rodrigo: é passado cara - o olhei e tomei metade da minha cerveja - queria desculpar também pelo fogo na sua moto e pela surra que te dei - falei num tom brincalhão a ultima parte, rimos juntos e tocamos as mãos num soquinho como fazíamos antes, o toque virou um abraço entre irmãos - senti tua falta almofadinha - baguncei-lhe os cabelos
Tales: senti a sua também mlk - deu dois tapinhas nas costas e nos afastamos, aquilo tava rendendo mais do que havia pensado.
Amanda: Leila pediu pra avisa-los que faltam 5 minutos pra meia noite - apareceu lá fora e olhou para mim e Tales com certa curiosidade, depois deu meia volta e todos acompanhamos.

Amanda narrando.
A mesa estava linda, tudo bem organizado e enfeitado, as mãos de Leila e Silvia eram realmente abençoadas. Assim que adentemos na sala de jantar senti falta de algo e depois de um tempo percebi que havia deixado o pudim na geladeira.
Amanda: caramba! - sussurrei para Raphael que estava sentado ao meu lado - esqueci o pudim
Ele olhou para mesa e depois me encarou.
Raphael: ih caralho, verdade. Como tu da uma dessas? - zombou
Amanda: eu... eu esqueci! Você e Carlos ficaram apressando também. Droga!
Leila: meia noite! - ela disse sorrindo - feliz natal!
Rodrigo e Paulo pegaram duas garrafas de champanhe chacoalharam a mesma e abriram fazendo as duas tampas estourarem. Pegamos cada um uma taça e eles serviram a todos.
José: eu queria fazer um brinde - olhei para Rapha que o olhava normalmente, parece que o bom espirito natalino de Rodrigo o contagiara pois o mesmo não olhava de canto para o pai - a essa família linda nossa, apesar de todas as brigas, resenhas e mancadas, nos amamos muito - todos levantaram as taças e juntaram fazendo um barulho agudo de vidro batendo, senti meu coração aquecer e todo aquele carinho ali presente. Virei para Rapha e tomei um pequeno gole, logo depois o abracei forte e meus lábios encontraram os dele.
Amanda: feliz natal meu amor - sussurrei em seu ouvido - muito amor e felicidade na sua vida - sorri - eu te amo
Raphael: feliz natal meu presente, eu te amo muito - me abraçou mais uma vez e meu coração se contraiu de felicidade mais uma vez, meus olhos marejaram e eu me virei para dar feliz natal para Carlos.
Carlos: Deus ta vendo essas lágrimas ai - senti o peso de seu abraço forte - feliz natal maninha, amo você
Amanda: feliz natal peste - o apertei em mim - eu também amo você
E foi assim, muito abraços e beijos, todos muito carinhosos. Notei que Rodrigo deixara eu e Raphael por ultimo, não esperava alguma coisa dele e não seria eu que iria abraça-lo. Percebi que ele se aproximou de mim e Rapha com um pouco de receio, sorriu meio sem graça e pude sentir que todos estavam meio tensos e disfarçavam os olhares.
Rodrigo: feliz natal Raphael - eles deram um abraço rápido
Raphael: feliz natal cara
Rodrigo olhou pra mim e sorriu sem graça dando brecha pra mim ir até o mesmo.
Amanda: feliz natal Rodrigo - me aproximei rapidamente e o abracei na mesma velocidade. O abraço foi rápido mas eu pude sentir meu coração balançar, minha base tremer e as lagrimas querendo escapar de meus olhos, me afastei rapidamente e voltei para o lado de Raphael enquanto ele foi para perto da mesa.
Gian: chega ae cambada, vamo ceia - vi que Dona Leila o olhou brava
Leila: olha o respeito menino! - ela falou seria mas depois riu junto com ele
Gian: foi mal tia, to com fome.
Todos nos sentamos nos devidos lugares, Paulo, por ser o mais velho puxou a oração. Oramos juntos e atacamos aquela ceia maravilhosa depois.
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Eu queria muito buscar meu pudim la em casa mas Raphael estava tão entretido nos carinhos da mãe e Tales estava junto com Natasha no maior amor.
Rodrigo: mãe, posso trazer Camila aqui em casa? - olhou para Leila que estava ao meu lado
Leila: claro meu filho - sorriu - a casa é sua
Minha oportunidade.
Amanda: Rodrigo, você pode me levar em casa rapidinho? Eu esqueci o pudim lá e eu queria muito que Dona Silvia experimentasse, ah, e aproveito e pego a receita pra você - me referi a Leila
Leila: isso, leva ela
Rodrigo: bora - levantei e arrumei o vestido, dei um beijo em Rapha e disse ao mesmo onde estava indo
Raphael: cuidado - selou meus lábios e voltou aos braços da mãe.
Ele parou na frente de um carro preto, destravou o mesmo e ambos entramos.
O som do carro estava ligado, tocava Do I Wanna Know? do Arctic Monkeys, era o único som. Ele batucava o dedão no volante, estava inquieto mas cantava baixinho a musica.
Rodrigo: vou passar primeiro na sua casa beleza? É caminho
Amanda: sem problemas.
(Do I wanna know?)
If this feeling flows both ways?
(Sad to see you go)
Was sorta hoping that you'd stay
(Baby, we both know)
That the nights were mainly made
Desliguei o som e o olhei. Ele me encarou por um segundo e voltou a prestar atenção na direção. Aquilo estava me sufocando.
Amanda: eu sei no que você esta pensando - o encarei - sei que esta pensando que sou uma vadia ou até que Raphael é um péssimo amigo mas não é!
Rodrigo: e eu disse alguma coisa? - disse friamente
Amanda: não Rodrigo! Mas sua frieza e o soco que você deu nele dizem muita coisa!
Rodrigo: você quer saber mesmo como me sinto? - assenti com a cabeça, ele respirou fundo e disse sem me olhar - me sinto traído. Não por você ser seguido em frente mas por ter seguido em frente com ele. Eu amava você, mesmo que eu tenha terminado eu não aguentava te ver passar por aquele inferno, aquele inferno que eu estava e não suportava a ideia de ver a mina que eu amo passando aquilo por mim. Amanda, eu sei que as coisas acontecem do nada mas cara, com meu melhor amigo? Ele sabia que eu te amava e o porque eu terminei com você, foi pra ele, o primeiro que eu liguei enquanto tava naquele inferno e desabafei por completo, eu chorei pra caralho e ele me ajudou. Ai um dia, ele parou de me atender e 1 ano depois que eu saio eu descubro que meu melhor amigo e a mina que eu amava estavam vivendo a vida que eu planejei pra nós. Como você acha que eu me senti? Um lixo.
Engoli a seco.
Amanda: eu estava sofrendo. Você pode ate ter feito aquilo por mim mas eu estava a um passo da de um abismo escuro. Ele me ajudou e eu o ajudei depois que sua prima decidiu abandonar tudo e viver a vida egoísta dela
Rodrigo: eu acho que ela fez o certo, viveu a vida dela porque aquele sofrimento não era dela - falou por fim parando o carro na frente de casa. Me senti enjoada, o estômago embrulhar - seja rápida.
Sai do carro e bati a porta com tudo. Odio. Ele achava certo o que aquela garota fez? Ela abandonou tudo, pensou nela e simplesmente meteu o pé quando todos deviam estar unidos?
Peguei o pudim na geladeira, senti meu estômago embrulhar e me veio a ânsia. Respirei fundo e me recompus, afirmei o passo e continuei o caminho até a porta, tranquei a mesma e voltei pro carro onde o som estava alto e ele estava com a cara fechada.
Amanda: olha Rodrigo - respirei fundo - eu não sei que não foi facil e nem vai ser, é uma situação muito chata mas ficar com cara fechada e brigando não vai adiantar nada. Ja aconteceu, não tem mais volta. O que não resta é viver em paz porque ainda vamos nos encontrar novamente e quando digo nos incluo Raphael no meio.
Rodrigo: ja ta tudo bem resolvido pra mim Amanda, fica na paz - foi o que disse, deu a partida e seguiu o tal caminho pra pegar Camila.

Rodrigo narrando.
Não tive vontade de falar mais nada, um peso estava descarregado. Parei em frente da casa de Camila, a mesma tinha brigado com a mãe feio e o com o novo namorado da mesma, não poderia ficar lá.
Ela estava na frente de casa me esperando e quando colocou os olhos em Amanda desfez o sorriso.
Camila: por que ela ta aqui? - a encarou depois me encarou
Rodrigo: isso não é problema seu - a cumprimentei com um abraço - feliz natal Ca
Camila: feliz natal meu amor - disse num tom provocante, ri por dentro e entramos no carro.
Amanda: feliz natal querida - olhou para Camila que estava no lado de trás e sorriu falsamente
Camila: vem cá, cade seu namoradinho traidor?
Ela era baixa de mais.
Amanda: ta lá na casa do Rodrigo com a mãe dele, sabe, aproveitando o natal.
Camila: você não se sente culpada por trair Rodrigo?
Rodrigo: não me mete nessa não - olhei para as duas e depois voltei a prestar atenção na pista - não tenho nada com isso. Querem se alfinetar façam entre vocês mas fora do meu carro ou minha casa.
Amanda: para o carro Rodrigo - a olhei
Rodrigo: isso não quer dizer que vocês vão brigar agora, não leve ao pé da letra
Amanda: PARA A PORRA DO CARRO - ela estava branca e com cara de enjoo, joguei o carro pro acostamento arrancando uma buzinada do cara de trás, ela saiu rapidamente e foi pro meio do mato.
Camila: ai que nojo! Ela ta vomitando - disse enquanto olhava pra fora do carro.
Caralho velho, mais essa. Sai do carro.
Camila: onde você vai? - falou de dentro dele
Rodrigo: não vou deixar ela sozinha a essa hora
Me aproximei, ela estava agachada com a cabeça apoiada nas mãos. Me agachei e fiquei do seu lado, ela me olhou, estava com o rosto molhado de lágrimas.
Rodrigo: quer ir pro hospital? - ela balançou a cabeça negando - melhor irmos pro hospital e lá você vê o que tem
Amanda: eu não quero ir pro hos - foi interrompida por mais vomito, aquilo não me enojava, me preocupava. Fiz tudo o que eu pensei na hora, arranquei minha blusa e dei a ela para limpar sua boca, segurei seus cabelos pra não sujar - você não precisa ficar aqui assistindo essa nojeira - disse com a voz falha
Rodrigo: bora pro hospital - meu t de voz era manso, eu estava preocupado com ela. A levei pro carro, ela estava agarrada a minha blusa com força, ainda estava enjoada.
Camila: parou de vomitar querida? - ela segurava o riso e o pudim, dei a volta e pude ver pelo retrovisor o braço de Amanda estendendo mostrando o dedo médio, ri por dentro.
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Parei na frente do hospital e todos saíram, eu ajudava Amanda enquanto Camila caminhava ao meu lado.
Rodrigo: liga pro Raphael e diz que a gente ta no hospital perto do Mercadão - dei meu celular a Camila e abri as portas para Amanda, a mesma me olhou e saiu de perto, entrou em um dos banheiros do hospital.
Olhares curiosos pousaram sobre mim, eu estava sem camisa e ate então tinha esquecido do ocorrido. Parei na recepção e chamei pela senhora rechonchuda que mexia no computador.
Rodrigo: boa noite - sorri - a minha amiga esta vomitando muito e passando mal, tem como atende-la?
- o senhor sabe se ela comeu alguma coisa diferente? Se a mestruação ta atrasada? Ou se esta com aparência de gripe? - ela começou a fazer pergunta atrás de pergunta
Rodrigo: não sei te responder isso, pra falar a verdade ela ta vindo ai - disse quando posei os olhos nela andando pelo corredor.
A senhora repetiu todas as perguntas pra ela e eu sai de perto pois Camila vinha em direção a mim.
Camila: ta desligado, ela ta melhor?
Rodrigo: desde quando se importa? - ri, ela sorriu gozado - tenta ligar pra qualquer um, Tales, Carlos, minha mãe, Paulo, ve ai os contatos e vai ligando.
Camila: ta muito preocupado com ela - disse me olhando desconfiada - ainda a ama né? - parei e olhei para Amanda que agora estava andando com a senhora, deixei a pergunta de Camila no ar e as segui.
Entramos numa sala relativamente pequena, Amanda sentou na maca enquanto a mulher enfiava a agulha em seu braço, ela ia fazer um exame de sangue. Pouco tempo depois a mulher saiu com a seringa e pediu que nos a aguardássemos.
Amanda estava inquieta na maca, virava pra um lado, pro outro, bufava, respirava fundo, mexia no vestido, depois no cabelo e por fim me encarou.
Rodrigo: pelo menos parou o enjoo?
Amanda: não tenho mais o que vomitar - disse num curto som.
Rodrigo: calma velho, tu ta parecendo doida ai
Amanda: experimenta estar no meu lugar - bufou
Rodrigo: é só um exame. Vai dar que bateu uma coisa no seu estômago e te fez mal
Amanda: ou eu posso estar gravida - abaixou o som.
Ate ai a ideia de gravidez não teria passado pela minha cabeça e agora quem estava aflito era eu. Parei e observei a parede amarelada daquela sala. Quem respirou fundo fui eu. Aquilo foi pior que mil socos que eu dei em Raphael, doeu.
Alguns minutos a senhora voltou, agora com um papel nas mãos. Amanda agradeceu e segurou o papel.
- parabéns, vocês vão ser papais! - ela sorria - isso é um presente de natal e tanto!

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