Capítulo 41

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Amanda narrando.
Era inacreditável o jeito que Rodrigo agia e o jeito que meu corpo respondia. Naqueles segundos pude voltar ao passado e os olhos de Raphael tomaram minha visão, depois o seu enterro e toda a tristeza até em tão. Me afastei de Rodrigo rapidamente e tudo o que eu pude sentir foi o nó na garganta seguido de lágrimas, abaixei a cabeça, forcei uma voz normal.
Amanda: pode ir - sorri de lado
Rodrigo: o que aconteceu? - ele me encarou puxando meu rosto para que eu o olhasse
Amanda: ja deu a tua hora - tirei meu rosto de sua mão sentindo todo o peso e a culpa
Rodrigo: você ta chorando?
Amanda: você sabe onde é a porta - me agastei mais ainda e subi correndo.

Rodrigo narrando
Confesso que não entendi o que aconteceu de primeira, mas assim que entrei em meu carro e pude ver a moto de Carlos. Lembrei de Raphael, e toda aquela dor da saudade, cara, a falta que aquele mano fazia era monstra. Senti os olhos arderem, mas prendi toda a tristeza e dei partida no carro, peguei o celular e disquei o numero de Gian.
- alô gatão - dava pra sacar a voz de bebado
- onde é o churras? - perguntei impaciente
- na casa da Nina - riu - calma brow
- to colando - desliguei o telefone e voei para o lado da cidade.

Emboquei logo na garagem, tirei a chave do contado e logo entrei na casa. O som exalava algo e logo o cheiro de maconha subiu, a casa tava lotada, muitas minas dançando estilo locaças, fui chegando logo onde Gian estava.
Gian: eu falei que o cara vinha - disse assim que me viu, demos um toque e acabei pegando o copo de sua mão, virei sem ao menos perguntar o que tinha e logo o gosto de vodka com energetico bateu.
Rodrigo: essa porra ta batizada? - entreguei o copo a ele
Gian: sempre - riu dando dois tapinhas em minhas costas - ah mermão, deixa eu apresenta a nova rapa - ele foi apresentando um a um, e na boa, eu não tava interessado em conhecer ninguém, só esquecer toda aquela nostalgia - e essa aqui é a Agathinha - prestei atenção nessa parte, assim que virar o copo recem cheio
Agatha: oi - disse se jogando pra cima de mim, lançou um beijo estalado na boca, estranhei e olhei pra Gian
Gian: vai com calma Agathinha, o cara não ta acostumado com mulherão
Agatha: eu acostumo então - as palavras foram breves, logo percebi que ela era o tipo de mina que não ficava apenas nos amassos, virei o segundo copo e envolvi sua cintura entre minhas mãos tratando de colar nossos corpos com força, e logo a beijei com vontade.
Pude sentir o cheiro de Amanda, tentei imaginar o gosto do beijo da mesma, falhei na missão.
Estava me apaixonando de novo pela mulher do meu mano, que Deus o tenha.
Amanda narrando.
Entrei em meu quarto segurando a angustia que queimava no peito e logo pude ver Raphael dormindo todo encolhido. Era tão puro, como se fosse um anjo, assim como o pai.
Sentei-me ao lado dele, alisei o resto pequeno e delicado, fechei os olhos e o sorriso de Raphael tomou conta de minha mente. Me reconfortei. Era tão injusto, mas o meu luto ja havia de acabar a tempos. Agora, so sobrava minha eterna saudade, as boas lembranças e um capitulo fechado de minha historia. Talvez chegaste a hora de seguir em frente, não com Rodrigo, sentia que estava a fazer algo sujo, como uma traição. A minha ida a frente com certeza não envolvia em meus planos, mesmo que meu coração ainda palpitasse toda vez que o via.
- Amanda? - ouvi uma voz serena, olhei para a porta e vi que se tratava de Carlos.
Amanda: oi - sussurrei apontando para Rapha, levantei calmamente e fui ate a porta, logo a fechando.
Carlos: podemos conversa?
Apenas o segui para o seu quarto, entrei e sentei-me na cama.
Amanda: aconteceu algo? Onde esta Flavia?
Carlos: ela foi embora - apoiou-se na bancada e me encarou - to pensando em pedir ela em casamento.
Amanda: oi? - perguntei num susto - isso é maravilhoso, não, melhor que isso - pausei - ela é a mulher da sua vida?
Carlos: provavelmente - sorriu e logo o abracei com força
Amanda: parabéns prego - baguncei seu cabelo - esta crescendo tão rapido, estou tão orgulhosa
Carlos: você que é a mais nova aqui - ri assim que ouvi - tava na hora né, tomar rumo na vida
Amanda: e pensar que no começo você se envolvia com...
Ouvi a porta do quarto abrir e logo Tales estava ao nosso lado.
Tales: reunião? - abriu um sorriso folgado
Amanda: Carlos tem uma novidade - sorri largando ele
Tales: qual foi?
Carlos: vou pedir ela em casamento cara
Tales: porra cara - disse num tom sincero de felicidade - serio memo?
Carlos: serio cara, alguma vez ja brinquei contigo?
Tales: parabens caralho - eles se abraçaram rapidamente, e aquela cena foi uma das mais marcantes da minha vida.
Depois de anos, meus irmãos estava juntos, nos éramos uma familia unida e Carlos estava tomando juízo, enfim era um homem de verdade.
Tales: e você Amanda? - voltei ao foco assim que ouvi meu nome
Amanda: eu o que?
Tales: quando vai desencalhar?
Carlos: é veiona, ta na hora ja
Amanda: olha quem fala - ri - o que importa esta dormindo no quarto ao lado
Tales: vai ficar pra titia pra sempre? - soltou o riso frouxo
Amanda: não é bem assim - pausa - é complicado
Carlos: tão complicado que tava só nos amasso la embaixo com o Rodrigo - começou a rir - pensa que eu não vi?
Senti meu rosto queimar com as chamas da vergonha, como ele sabia?
Amanda: mas, como você...
Carlos: tava levando Flavia na porta quando nos vimos vocês
Tales: não perde tempo em Amandinha - chacoalhou meu ombro rindo - vai ter um replay
Amanda: para! - disse seria - quando foi que você se tornou o irmão zoeira?
Tales: sempre fui, vacilona - deu um tapinha em minha cabeça e saiu - vou tomar um banho, falo pra vocês ai - saiu e eu encarei Carlos, que me olhava rindo
Amanda: quietinho você fica mais bonito - sai de seu quarto rumo ao meu, troquei de roupa e cai na cama.

Ouvi um barulho irritante me despertar de um breve cochilo, o celular não parava de tocar. Atendi rapidamente.

- alô? - murmurei

- Amanda, eu te amo - a respiração ofegante era inconfundível - sempre amei. Tô sendo vacilão porque to chapado - as palavras eram atropeladas - to chapado pra caralho so que o que importa aqui é que você é a mulher da minha vida. Eu peguei uma novinha mo gostosa aqui so que velho, não senti nada cara, nada, eu não broxei, eu nem comi ela só que velho - pausa - volta pra mim

- Rodrigo - meu coração apertava - onde você ta? Não importa onde esteja, vá pra casa agora e amanha nós conversamos

- não vai dar

- por que?

- to na porta da mina que acabou de me dar um fora por telefone?

- que? - levantei da cama e fui pra janela, afastei as cortinas e pude ve-lo, sentado no capô do carro com uma latinha de cerveja na mão.

- tu não entendeu? To na frente da tua casa.

- eu tô vendo - assim que disse, sua cabeça levantou e ele passou os olhos por toda a casa até chegar na janela, sorriu de lado e deixou a latinha no meio fio

- agora que tu viu meu estado - respirou fundo - se tu descer, da uma segunda chance para nós - pausa - se não... eu volto pra casa e essa fita nunca rolou.

Prendi a respiração. Era agora ou nunca.


Quase sem pararOnde histórias criam vida. Descubra agora