Raphael narrando.
Tudo se desfez como areia. 1 ano e 6 meses se passaram e tudo mudou. Depois que eu e Amanda nos assumimos Gian me tirou no caso Rodrigo julgando-me traidor, discutimos feio e acabou que me afastei deles. Amanda naquele meio tempo ainda não havia superado Rodrigo então tomei uma das decisões mais difíceis na minha vida, mudamos para Santa Catarina. Difícil pois deixei minha mãe, mesmo sabendo que agora ela e meu pai viviam juntos novamente não confia 100% naquele cara. Aqui em Santa Catarina perdemos quase que por completo a comunicação com São Paulo, não totalmente pois tinhamos um pouco de informações por Tales. Alugamos um apartamento perto da faculdade, ela transferiu para cá enquanto eu arrumei um emprego com seu pai em uma oficina conhecida da família. Vivíamos bem sem depender do dinheiro de ninguém, não tinhamos uma vida de luxo mas tinhamos o suficiente para a felicidade. Ela era a mulher que eu pedi a Deus, leve, compreensiva e companheira, tinha um gênio forte pra caralho mais ao lado dela eu era feliz.
Amanda: acorda meu amor - ouvi seu sussurro logo após o som do despertador - ei, acorda - senti os beijos em meu pescoço e logo despertei, sorri e a encarei
Raphael: bom dia amor da minha vida - selei nossos lábios, ela sorriu e levantou
Amanda: vamos Rapha! Acorda, tenho uma prova hoje e depois ferias!
Raphael: final de ano ta ai - cocei a nuca e observei aquela linda mulher na minha frente - consegui 15 dias de ferias com teu pai
Amanda: ele é um amor - falou do banheiro - pagou as contas?
Raphael: vou pagar hoje - levantei e entrei no banheiro. Ela tomava banho, me despi e entrei no box sentindo aquela água gelada me despertar. A abracei por trás e beijei seu pescoço, ela se virou pra mim com um sorriso estampado na face e nos beijamos embaixo d'água.Rodrigo narrando.
Enfim livre. Sai daquele lugar de mãos vazias respirando o ar da liberdade. Na frente do presidio estava meu pai, minha mãe, Gian, Carlos, José, tia Silvia e até Julia, o que era estranho pois as ultimas noticias que tinha dela é que havia se mudado.
Abracei meu pai, em seguida minha mãe com uma certa força, meus olhos encheram de água, depois tia Silvia e José, estranhei pois estavam juntos, abracei os brothers e Julia. Estava me sentindo bem e estranhando pois Amanda e Raphael não estavam por la.
Rodrigo: ai, cadê Raphael e Amanda?
Julia: estão - Carlos entrou em sua frente
Carlos: eles não estão na cidade - sorriu - borá cara, tem muita coisa pra gente por em dia
Rodrigo: demoro então - senti a mão de Gian em meu ombro e o barulho de metal se batendo encheu meus ouvidos, peguei as chaves com a maior satisfação do mundo, coloquei o capacete, montei na moto e senti o ar em meus pulmões. Liberdade. Enfim, liberdade.
Ouvi o ronco, meu coração bateu na mesma batida, ajustei os retrovisores e sai acelerando. Muitas coisas se passavam na minha cabeça, como sai de lá tão rápido quando minha pena era 20 anos, por que nunca mais tive noticias de Amanda ou Raphael, muitas coisas tomavam minha cabeça num soco só mas aquele vento gelado em minha pele tirava qualquer angustia e sofrimento, o ponteiro ultrapassando 120 km/h era a melhor coisa que havia me acontecido em quase 2 anos.
Estacionei a moto na frente de casa, desci e logo vi os dois carros que me seguiam parar logo atras de mim. Sorri. Não os esperei e logo adentrei em casa. Estava tudo tão mudado e tudo igual. A casa recebeu um toque feminino e eu tinha certeza que isso era obra de minha mãe. Subi as escadas absorvendo cada parte nova, como a casa estava limpa, as paredes pintadas e os quartos mudados. Segui ate o fim do corredor onde meu quarto ficava, escancarei a porta e me joguei na cama. Aquela sensação era a melhor. Olhei para o porta-retrato em cima do criado-mudo que costumava ter uma foto minha e de Amanda, agora, vazio.
Amanda... lutaria por ela novamente, agora sim poderíamos dar continuidade ao nosso amor.
Julia: toc toc - olhei pra porta na hora, sorri ao vê-la
Rodrigo: chega mais priminha - ela se aproximou e sentou ao meu lado - e conte-me tudo o que aconteceu desde então
Julia: não vou contar tudo agora pois você mal chegou e eu to adorando te ver aqui - sorriu - mas eu estou bem. A faculdade é ótima e eu ate conheci um cara novo
Rodrigo: ta se dando bem la nos gringo?-rimos - não sabia que você e ele tinham terminado
Julia: um dia antes de eu ir - sorriu de lado - acabou o amor
Rodrigo: relaxa, as vezes não era pra ser
Leila: e ai, vamos comer alguma coisa?
Rodrigo: seja la o que for, por favor que seja quente
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Estávamos no escritório da casa. Meu pai, José, Gian e Carlos. Sentia o peso dos olhares sobre mim e sabia que ali vinha bomba.
Rodrigo: se for alguma coisa do beco a gente resolve - falei antes de tudo
Paulo: ta tudo bem lá, fizemos um bom trabalho nesse ano
Rodrigo: que bom - silêncio - vocês podiam soltar logo o papo, to ficando curioso
Gian: primeiro com as boas noticias - abriu um sorriso sínico - você conseguiu sai de la por causa de Olavo. Não falamos nada sobre nosso plano pra você pois isso o deixaria mais angustiado. O mesmo ficou 5 meses em cativeiro enquanto procurávamos um jeito de fazer ele confessar todo o crime e te livrar dessa. Deu certo pois encontramos sua família e depois seu ponto mais alto de trafico.
Rodrigo: por que demorou tanto pra mim sair?
Carlos: a justiça do Brasil é mais lenta que quase anda pra trás. Depois de confessar o caso foi reaberto e o advogado ja entrou com habeas corpus e até provar pra porra toda que tu era inocente ja foi um ano
Rodrigo: vocês são fodas, namoral.
Silêncio novamente.
Rodrigo: pode vir a má noticia.
Todos se entre olharam. Namoral, aquele suspense tava fodendo com meu emocional e eu tinha certeza que era relacionado ou a Amanda ou Raphael.
Carlos: Raphael ajudou a gente no começo, ele que teve a ideia do bagulho e que nos guiou pra encontrar o ponto fraco de Olavo
Rodrigo: e isso é ruim desde quando?
Gian: desde do dia que ele e a Amanda resolveram namorar e sair da cidade pra morar no Sul - disse num tom frio e rápido ao mesmo tempo.
Era tudo o que eu precisava. Minha namorada e meu melhor amigo? Senti um aperto filho da puta no peito, um nó na garganta mas me recusei a chorar. Foi com uma lâmina afiada cruzasse meu peito pelas costas. Nos dias ruins na cadeia a imagem que sustentava esperança era a dela. Aquela mesma imagem que passava na minha cabeça agora mas, no momento por trás daquela cena era Raphael quem a tocava.
Paulo: assim que eles se assumiram Gian e ele tretaram e eles deram no pé
Rodrigo: dahora - as palavras saíram sem alguma suspeita de sentimento. Levantei de modo automático e sai daquela sala.Amanda narrando.
Alguns dias haviam se passado, eu ja estava de ferias inclusive preparando as malas para nossa viagem para São Paulo. Passaríamos duas semanas lá, seria difícil pois nunca mais voltamos porém eu sentia em Raphael que a falta da mãe o matava e aproveitaria para passar as festas de fim de ano por lá mesmo.
Mesmo com a música alta não pude deixar de sentir meu telefone vibrar, abaixei um pouco o som e atendi. Numero desconhecido.
-alô? - o telefone estava mudo, nem de total mudez pois uma respiração ecoava finamente pela linha - alô? Olha se for um trote eu juro que te rastreio e faço sua mãe arrancar seu telefone. Crianças estúpidas - desliguei com tudo.
Uma coisa que eu não suportava era essas crianças de ferias procurando o que fazer e tirando a paz alheia. Aumentei o som e continuei a arrumar as malas.