Capitulo 28

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Rodrigo narrando
Eu estava no lixo. Lixo humano. Em uma cela do tamanho do banheiro do meu quarto, com no mínimo 20 homens. O ar fedia a cachaça e tristeza, muitos dos homens dormiam por ser noite e outros simplesmente mantinham os olhos abertos em total desilusão. Em minha cabeça a risada sarcástica de Olavo martelava sem interrupções, podia sentir meu corpo queimar de ódio. Fui injustiçado por uma de suas vinganças, eu não estava envolvido nesse crime e desde sempre os alertava. Aquilo não fazia sentido e minha cabeça doía. Apoiei minha cabeça na parede a qual estava encostado, fechei os olhos por um minuto e aquele sorriso sincero e doce tomou conta de minha mente. Daria minha vida pra estar ao seu lado.
Raphael narrando
Assim que Paulo Antoniazzi nos contara tudo o que aconteu por lá José surgira e todos voltamos par ao beco. As coisas começaram a se ligar em minha cabeça como a volta dos Los Hermanos ou todas aquelas pistas do sitio, ele nunca estivera morto, pelo contrário, mais vivo do que nunca. Controlei minha vontade de soltar todas aquelas perguntas mas o ar era pesado o suficiente para aquilo.
A medida em que nos aproximávamos pude notar que o ambiente estava se esvaziando devido ao horário, mais ainda sim a vida própria daquele ligar prosseguia.
Alguns olhares curiosos passaram sobre nos e os mais antigos reconheceram Paulo soltando sempre um ar de espanto na boca. Nos certificamos que tudo ficaria bem e fomos pra casa, encontrar as meninas e falar com o advogado.
Amanda narrando
Meu estado era quase de pânico. Mesmo que Julia tivesse me dopado de remédios minha mente ainda clamava por seu nome.
Julia: acalme-se menina - sua voz saiu dura o suficiente pra notar que a mesma não estava calma
Amanda: não tenho uma noticia, um telefonema de tudo bem, vou matar Rodrigo!
Julia: de amor, so se for - ela sorriu. De lado e deixou as unhas que roía de lado. O barulho da porta se abrindo tomou meu coração com um susto, passei os olhos por todos aqueles que passavam por ali. Carlos, Gian, Raphael, um senhor de terno, José e outro homem que nunca virá em minha vida. Mas, onde estava Rodrigo?
Todos olharam de imediato para mim, desviei o olhar para Julia que me os encarava a procura de respostas.
Amanda: onde ele esta? - falei lentamente. Raphael se aproximou e me abraçou com tanta força que pude sentir o clima pesado. Deitei em seu ombro e comecei a chorar - o que aconteceu? Ande! Conte logo! - protestava desacreditando em minhas palavras e encarando a porta na esperança que entrasse a única pessoa que faltava. Raphael se soltou de mim e me olhou, ele estava chorando.
Raphael: armaram pra ele, ele esta preso agora.
Aquilo veio como um baque em mim, comecei a respirar rapidamente e meu coração a se acelerar da mesma maneira. O senhor de terno juntamente com José e o outro que eu nunca virá em minha vida subiram enquanto eu encarava Raphael.
Amanda: COMO ASSIM PRESO? O QUE ELE FEZ?
Carlos: Amanda, se acalma - ele se aproximou e eu recuei
Amanda: me acalmar? Ele esta preso! Você entende? PRESO
Carlos: eu entendo - ele se calou e olhou para Raphael
Raphael: amanha eu lhe conto tudo o que sei mas te aconselho a dormir. O advogado já esta lá em cima com meu pai e o pai de Rodrigo - não ouvi mais nada a partir dali. Pai de Rodrigo? O mesmo que havia falecido a 3 anos?
Amanda: mas o que? - olhei para Julia que mantinha os olhos fixados ao nada
Julia: vem - ela se levantou quando percebeu que estava senti observada por mim. Vi o cansaço em seu olhar. Segurou minha mão me puxando para a escada.
A intenção era que eu entrasse em seu quarto mas eu prossegui meu caminho até a última, abri a porta lentamente e deixei que aquele seu cheiro penetrasse em minhas narinas. Julia estava logo atrás me observando. Tirei os sapatos, logo o vestido e peguei uma de suas camisas que estavam em cima da cama. Senti seu cheiro, respirei fundo e com os olhos ardendo avisando que uma nova bateria de choro viria por ai, as lágrimas finalmente saíram e eu deitei em sua cama. Adormeci pensando nele.
Raphael narrando
Não dormi. Acompanhei a conversa do advogado quase que a noite inteira e agora, o mesmo estava indo para a delegacia pegar tudo o que precisava. No momento estava na sala com José e Paulo, ambos calados.
Paulo: como vocês foram dar uma brecha dessas? - perguntou com os cotovelos apoiados na coxa
Raphael: como você foi capaz de nos abandonar? - o fitei por um segundo e desviei ou olhar para José
Paulo: não abandonei, aproveitei que tinha essa situação e me distanciei da família, assim como teu pai, para a segurança de vocês
Raphael: sabe pelo o que passamos? Poderia ter mantido contato! Cara, foi quase que um inferno esses 3 últimos anos principalmente para Rodrigo
Paulo: foi necessário - ele me fitou serio - você age feito uma criança mimada, sei que você passou por momentos difíceis desculpe mas você acha que não passamos? Afasto de todos sem dar noticia? Achou mesmo que estava tudo bem? Pensa nas coisas antes e fala pois palavras tem pesos enormes.
Raphael: abandonar as famílias também tem - falei por fim levantando.
Sai para a garagem, peguei as chaves de minha moto, subi na mesma e acelerei.

Quando me dei conta estava parado na frente do túnel. Sim, o de Jonathan. Adentrei meio receoso, minha visão e mente estavam dobadas pela minha enorme vontade.
Jonathan: o que você quer aqui? - cruzou os braços e me olhou com dureza
Raphael: não quero briga. Perdi meu amigo
Ele abriu um sorriso insano, retirou um saquinho do bolso e jogou em minhas mãos.
Jonathan: é 30 reais.

Quase sem pararOnde histórias criam vida. Descubra agora