Raphael narrando.
O que mais me impressiona é como o destino é tão repugnante de mandar todas as degraças de uma vez. Fui pro fundo da casa de Rodrigo andando de um lado pra outro, parei e olhei pro céu, pra piscina e em seguida passei a mão no bolso puxando um cigarro de maconha, acendi o mesmo e traguei olhando pro céu.
Quando abres tua mente parece que teu mundo fica numa leveza surreal, algo como outro mundo. É como se você se envolvesse num casulo totalmente a prova de preocupações e solta a felicidade desfortunada de motivo de dentro de ti. Sentei na borda da piscina olhando as águas se movimentarem levemente, sorri comigo mesmo pensando na sensação do corpo todo dentro dessa água. Senti um peso a mais no meu ombro, traguei, soltei a fumaça inalando aquela fumaça dentro e erguendo meu olhar. Ela, que não estava com uma cara nada boa quando viu o que eu fazia mexeu a cabeça e saiu. Levantei num pulo só segurando sua mão a aproximando de mim.
Julia: quando acabar o que estiver fazendo a gente pode conversar - ela apontou para o cigarro, olhei pro mesmo e coloquei na boca, puxei e soltei. Ela bufou e tentou se soltar de mim - me solta - elevei os cantos da boca num sorriso meio ironico, meio como uma rizadinha ou um suspiro sacana. Vi que estava ficando vermelha, seu olhar matador encarava minha face totalmente relaxada
Raphael: na real - traguei mais uma vez e afundei a parte acesa no cinzeiro ali perto - tu não tem o direito de me cobrar nada
Julia: não? - agora seus braços estavam cruzados e seu senho elevado
Raphael: não - concordei - tu vai me deixar na primeira oportunidade que tem, o que significa eu fumando? To fazendo um bagulho mas continuo perto de ti e você? Vai embora por que recebeu uma cartinha de uns almofadinha la da puta que pariu
Julia: alguém disse que eu ia? Eu confirmei que eu iria embora? Eu mostrei aquilo a vocês pois eu queria que vocês me ajudassem e não que eu iria. Eu devia ter ficado bem quietinha. Agora vê se você abaixa essa tua bola comigo porque eu não mereço ouvir essas coisas de ti
Raphael: queria nossa ajuda? - soltei um riso - você sabe que essa oportunidade é única, é tao egoísta que joga grandes decisões nas mãos dos amigos
Julia: Raphael, você quer que eu faça o que? Eu fui aceita, eu não sei o que fazer - ela se virou - e não me chame de egoísta, egoísta é você que só pensa em você e nessa merda - apontou pro cinzeiro e saiu por fim. Fiquei olhando ela cruzar o jardim até dentro de casa.
Amanda narrando
Lia aquele papel pela terceira vez quando olhei diretamente para Rodrigo. Ele estava com as mãos entrelaçadas e os cotovelos apoiados no joelho, Carlos estava quieto comendo.
Rodrigo: é uma puta oportunidade - disse sem animo algum
Amanda: pois é - sorri de lado - mas são 4 anos fora - nesse mesmo momento ela abria a porta dos fundos, em seu rosto havia lagrímas recém caídas, olhei aflita pra Rodrigo e levantei. Ela subiu e eu a segui.
Julia: ELE É UM RIDICULO - gritou se jogando na cama - eu não vou pra essa droga e ele tava todo foda-se lá em baixo
Amanda: o que ele falou?
Julia: ele estava fumando - sussurrou elevando os olhos totalmente molhados pra mim - eu não vou embora, por que ele faz aquilo?
Amanda: Ju - ajoelhei apoiando as mãos em suas coxas - pensa um pouquinho. Ele gosta de você e esses dias estão muito tumultuados pra ele
Julia: mas precisa ele em chamar de egoísta, rir e fumar?
Amanda: ele tava - pausei, eu realmente ia falar drogado mais palavras daquele nipe só trariam mais e mais raiva
Fiquei acalmando-a até ela cair no sono, ela realmente estava agústiada e pertubada com a briga. A cobri e desliguei a luz deixando ela dormir em paz, passei a mão no cabelo e desci. Na sala Rodrigo, Raphael e Carlos discutiam, ambos estavam em pé e Rodrigo falando.
Raphael: tira a mão de mim porra - ele foi pra trás e olhou pra mim - deixa eu ver ela caralho
Amanda: ela ta dormindo - me aproximei - amanha vocês se resolvem
Raphael: eu quero resolver agora
Rodrigo: cara, para com isso irmão antes que eu perca minha paciência
Carlos: fica de boa velho
Raphael: ja disse pra me soltar porra - ele olhou pra mim e passou furioso até a porta, a fechou. Ergui as duas sobrancelhas
Amanda: vocês vão deixar ele sair desse jeito?
Carlos: eu vou atrás dele - suspirou fundo e saiu em direção a porta. Coloquei as mãos no bolso olhando pra Rodrigo
Amanda: vai deixar - ele me interrompeu
Rodrigo: minha dose ja deu por hoje - ele olhou pro sofá - to suave de estresse e amanha ta tudo suave
Amanda: você sabe que do jeito que ele saiu ele corre risco de se aprofundar em coisas bem piores que a maconha
Rodriga: as coisas são feitas de escolha - ele me encarou - se ele decidiu virar um drogado de carteirinha quem sou eu pra veta-lo? Apenas segurar o tranco quando ele vir
Amanda: como você consegue ser tão seco? - falei com uma leveza de desprezo na voz - ele é seu amigo e você simplesmente vai deixar? Palmas pra sua grande amizade
Rodrigo: ta bom Amanda - ele colocou as mãos na cabeça massageando suas têmporas
Amanda: credo Rodrigo, você precisa regenerar esse seu pensamento individualista, não sei como Camila te aguenta
Rodrigo: simplesmente não aguenta - respondeu quase de imediato - ela terminou o que não existia ontem
Amanda: hm - suspirei me apoiando no sofá
Rodrigo: não faz essa cara
Amanda: que cara?
Rodrigo: essa de merda - ele apontou - como se todos seus pensamentos ruins sobre mim pudessem se concretizar por isso com essas palavras
Amanda: e não?
Rodrigo: eu não sou o bosta que você pensa que eu sou, posso ser um cara bem dahora com quem merece
Amanda: já que você falou - sorri de lado pegando minha bolsa - pretendia esperar meu irmão mas não da, então por favor diga a ele que eu dei tchau - me virei seguindo pra porta
Rodrigo: ta tarde - disse com o tom de voz alterado, quase manso, como se toda aquela marra de voz fosse em bora - dorme ai, ta muito perigoso pra tu ir agora
Me virei lentamente, seus olhos estavam marejados e sua face totalmente sombria. Respirei fundo e andei em direção a ele e dei tudo o que eu podia fazer naquela hora. Um bom abraço amigo.