Amanda narrando.
Coloquei os pés no batente da porta, senti o cheiro fresco de casa, fechei os olhos tentando me lembrar das boas memorias que eu tive desde que cheguei da casa de meus pais. Arrastei a mala pra dentro e fechei a porta atrás de mim. Ninguém em casa como eu imaginei, Tales devia estar com sua namorada. Subi a grande mala para meu quarto, a joguei em qualquer canto e entrei no banheiro.
Uma ducha depois e eu estava me sentindo mais leve, leveza momentanea pois o peso de todos os problemas recairam sobre mim novamente. Respirei fundo, peguei o notebook que a tempos não mexia e liguei. Desativei todas as minhas redes sociais que me ligavam de alguma forma a fotos e lembranças de Rodrigo, fiz rapido antes que caisse na tentação de abrir alguma foto dele e mergulhar novamente naquele poço de tristeza. Abri meu e-mail também, alguns desnecessários mas um que me chamou logo atenção, era de Felipe.
Boa noite Amanda. Eu sei que não nos falamos a muito tempo, sei também que parou de me mandar noticias e isso foi dificil pra mim, na verdade tudo anda muito dificil pra mim. Depois que voltei de São Paulo, coisa de semanas minha mãe sofreu um acidente e veio a falecer. Eu sei que esta feliz ai com sua nova vida, não mandei nenhum recado pelos seus pais e evito ve-lôs. Eu me mudei do Sul, agora moro no Rio de Janeiro, meu pai decidiu que deviamos nos afastar de lá pois estava doloroso. Eu nem sei porque estou escrevendo esse e-mail, quem troca e-mails hoje em dia? KKKKK isso é muito coisa minha. Sinto sua falta, mesmo com você me ignorando espero um dia te encontrar, fica em paz ai amor, eu te amo.
Ele não fazia ideia de como fazia falta. De fato, me afastei devido Rodrigo. Nem adianta correr atrás agora, e afinal, faz um mês que ele mandou, deve estar bem. Não vou mexer no passado, não desta forma. Exclui o e-mail sem se quer responder, me senti fria mas foi necessário.
Raphael narrando.
O pegaram. Depois de todo o triunfo de Jonathan segui as instruções de Gian e fui parar do outro lado da cidade em uma hospital abandonado. Lá estava o filho da puta, amarrado e com um saco na cabeça.
Raphael: já começaram? - coloquei o capacete no canto e olhei aquele quartinho cercado de homens
Gian: só faltava você - sorriu irônicamente e encarou Olavo - trocamos uma ideinha com ele já, não quer abrir mão
Paulo: mas fique tranquilo que depois de uma sessão de terapia ele abre o bico - retirou o saco da cabeça de Olavo.
Ele nos olhava com aquela carranca nojenta, cuspiu e levantou um lado da boca.
Olavo: boa noite rapazes
José: boa noite Olavinho - ele se agachou na altura dele e o encarou - vou lhe fazer uma proposta mais tentadora. Você se entrega, livra Rodrigo e nos deixamos sair com vida
Uma risada irônica escapou de seus lábios.
Olavo: eu fiz justiça, vocês me roubaram
José: eu tentei - levantou e encarou um de seus amigos - pode começar
Um cara alto e forte, tinha uns 40 anos usava um soco inglês na mão, segurou a cadeira e acertou um soco em sua bochecha esquerda. Brutamente ele virou para o outro lado e um gemido escapou de seus lábios.
Raphael: vou pra casa - falei pra Gian, que assistia aquela sessão de tortura com um brilho nos olhos - qualquer coisa me liga.
Peguei meu capacete e sai de lá com a cabeça a milhão. Nunca que eles conseguiriam o que queria daquela maneira, aquele cara era treinado pra isso. Ele precisava de um motivo, nos implorar pra fazer aquilo, tinhamos que acertar em cheio.
Suas drogas... drogas... eu preciava delas, precisava achar mais, precisava achar as dele e arrancar até o ultimo tostão dele.
Subi na moto e segui em direção ao nada, eu não queria mais me envolver com drogas mas a minha cabeça pedia aquela sessão de alivio, mesmo que tudo fosse contra a minha vontade só aumentava. Parei na frente da casa de Amanda, vi que seu carro estava lá e de seu irmão também. Lembrei de uma vez que Rodrigo me contou que entrou pela janela, fiz como me lembrava até parar na sacada de seu quarto. Bati algumas vezes e nada, forcei um pouco a mesma abrindo uma fresta que logo se abriu toda, entrei.
Ela dormia encolhida, seu rosto estava sereno e calmo, aproximei uma das mãos para seu rosto e acariciei levemente no mesmo instante ela arregalou os olhos.
Amanda: Raphael? - sussurrou, logo depois se sentou e acendeu a luz - que susto
Raphael: dorme Amanda - disse num tom calmo - são 5 da manhã
Amanda: aconteceu alguma coisa?
Raphael: deu tudo certo - sorri de canto - só fiquei com vontade daquilo e preferi vir pra cá
Amanda: vontade de se drogar? - acenti com a cabeça - fique aqui
Raphael: a vontade já passou - sentei na ponta de sua cama - você ta bem?
Amanda: to - sorriu e amarrou o cabelo - e você?
Raphael: não - abaixei a cabeça e olhei o chão - ta tudo uma merda
Senti suas mãos em meus ombros, minha respiração pesou.
Amanda: ta sendo uma barra - acariciou meu ombro e me olhou - mas nos vamos passar por isso juntos - suas mãos deslizaram pela nuca e depois pro rosto, eu a encarei - tudo vai melhorar, ele vai sair de la, você vai se curar.
Silêncio total.
Raphael: é errado eu te querer agora? - ela me olhou assustada, virei meu corpo por completo de frente pra ela, meu polegar caiu bem em sua face e deslizou até seus lábios. Senti a respiração acelerada dela, ela estava gostando e mesmo que fosse meio errado estavamos livres. Minhas mãos cairam para trás de sua cabeça e puxei a mesma em direção a minha colando nossos lábios pela primeira vez, pelo primeiro arrepio e sensação boa. Aquilo abafou minhas vontades e meus desejos e logo que a soltei minha vontade era agarra-la.
Amanda: isso foi maluco - sussurrou
Raphael: boa noite - sorri e selei nossos lábios, me virei e senti sua mão na minha
Amanda: dorme aqui - seus olhos estavam arregalados e as bochechas vermelhas, amanha conversamos sobre isso.
Eu fiquei.