Rodrigo narrando.
Rodrigo: tem certeza que tu tem que ir agora? - a encarei, ela fechava a mala
Julia: você vai me levar ou não? - cruzou os braços e me olhou com aquele que apavorava qualquer um
Rodrigo: eu vou cara, mas mano, é véspera de natal, passa com a gente
Julia: eu prometi pra ele que voltava - se referia ao namorado - promessa é divida
Rodrigo: não vou mais discutir contigo não, borá - peguei a mala em cima da cama e desci com a mesma. Na cozinha minha mãe e tia Silvia preparavam a ceia, os véio jogavam baralho, Gian e Carlos estavam no video-game.
Julia se despediu de todos, a levei para o aeroporto, ela fez o check in, trocamos uma ideia e até tomamos café juntos. A hora chegou.
Rodrigo: volta pro carnaval - beijei sua testa, ela sorriu
Julia: vai você pra lá
Rodrigo: que jeito? Ta moiado - ri e dei o ultimo abraço. O voo dela foi chamado.
Julia: feliz natal
Ela foi andando no meio de uma multidão que chegava, cerca de dois voos pousados até que ela parou. Seu corpo se contraiu e ela olhou pra mim na hora. Bem a frente vinha Raphael e Amanda de mãos dadas. Senti meu coração parar e eu fui até ela.
Rodrigo: vai que tu ta atrasada
Julia: não arruma briga - ela me encarava
Rodrigo: vai em paz
A medida que eles se aproximavam ela seguia, bem a frente eles se cruzaram, Julia parou, sorriu gelado e continuou a andar, Raphael ficou em choque mas Amanda seguiu o puxando, virei de costas e dei o primeiro, segundo, no terceiro passo ouvi meu nome. Me virei, Raphael ja não estava mais agarrado a ela e agora vinha em minha direção, ele abriu os braços e estampou um sorriso sincero. Senti o sangue ferver, ele realmente tinha a cara de pau de me cumprimentar. Ele se aproximou mais e quando pensou que íamos nos abraçar meu punho fechou e cruzou seu rosto.
Ele não reagiu. Fechou os olhos e eu pude sentir a tensão em Amanda.
Rodrigo: feliz natal - sorri sínico - a propósito , sua mãe ta fazendo a ceia la em casa, sintam-se convidados.
Sai andando sem se quer olhar pra trás.Amanda narrando.
Olhei para Raphael que estava com a mão no rosto, me aproximei e vi que o local em que ele havia socado estava vermelho e certamente iria ficar roxo.
Amanda: vamos pegar gelo - o puxei pelo braço até uma lanchonete, pedi uma água e um pacotinho de gelo e assim que em mãos fomos para o desembarque de malas.
Raphael: o que deu em mim? - em uma mão estava o gelo e a outra a mala, andávamos em direção a saída - que ele ia me receber com flores?
Amanda: não sabíamos que ele estava solto
Raphael: e agora fudeu. Minha mãe ta na casa dele, vou dar as caras la como?
Amanda: vamos passar o natal com Tales então e ai, depois, você passa um tempo com sua mãe
Entramos num taxi e guardamos as malas, seguimos para a minha antiga casa.Rodrigo narrando.
Entrei em casa com tudo, fazendo um grande barulho quando a porta se fechou, arrancando a atenção de todos.
Gian: calma vei - pausou o jogo - por que tu ta com essa cara?
Rodrigo: deixei a Julia naquela merda e sabe quem eu encontrei? Raphael e Amanda.
Silvia: meu filho? - ela saiu na sala
Rodrigo: inclusive tia, eu o convidei pra passar o natal aqui
Carlos: na boa?
Rodrigo: depois de dar um soco na cara dele - olhei para Carlos - acho que foi bem na boa - peguei as chaves da moto e o olhei novamente - bora enfeitar o beco?
Carlos: enfeitar o beco?
Rodrigo: eu comprei uns 20 metros daquelas porrinhas de luzinhas, bora que amanha vai ter show
Gian: onde tu vai achar uma banda que toque em pleno natal?
Rodrigo: uns cara ai que cantam de tudo, ficar preso tem la suas vantagens
Leila: bate nessa boca - gritou da cozinha, ri e sai balançando as chaves, montei na moto e esperei os caras, fomos pro beco.Raphael narrando.
Chegamos na casa de Tales, paguei a corrida do taxi e descarregamos as malas na frente. Meu rosto doía , porém não mas que minha consciência. Não fiz nada de mais na teoria normalistica mas levando em conta que éramos melhores amigos fiz tudo errado.
Amanda abriu a porta e minutos depois Natasha abriu a mesma.
Natasha: Amanda? - sorriu - entre, seja bem vinda.
Amanda: obrigada - ela virou pra pegar a mala e arregalou os olhos pra mim, aquilo havia pegado de surpresa. Entramos na casa, estava como me lembrava apesar de não frequentar muito aquela casa.
Tales: amor? Quem é? - ele estava descendo as escadas e quando focou os olhos em nós sorriu - olha só - se aproximou de Amanda e deu um abraço na mesma - por que não avisou que vinha?
Amanda: surpresa - riu e beijo sua face - podemos passar o natal aqui?
Tales: claro - me cumprimentou com um abraço rápido - íamos passar somente eu e Na.
Amanda: ja começaram a fazer a ceia?
Natasha: vamos compra-la - estampou um sorriso meio sem graça - sou vegana
Amanda: a ta - ela me olhou - então vamos ajeitar as coisas la em cima
Tales: tenho que resolver algumas coisas la na escritório mas volto a tempo
Amanda: escritório?
Tales: é - disse abrindo a porta - tomei vergonha na cara e sai da empresa, até mais.
Saiu. Silêncio. Amanda me olhou.
Amanda: vamos pro meu quarto - segurou minha mão e subimos.
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Raphael: o que você sentiu quando o viu?
Ela retirava algumas coisas da mala e colocava no antigo guarda-roupa.
Amanda: Rodrigo? - acenti com a cabeça - adrenalina. Foi uma surpresa e tanto
Raphael: apenas isso? - ela deixou a mala e se levantou, andou até mim e sentou em meu colo
Amanda: eu estaria mentindo se falasse que o esqueci completamente mas o que eu sinto por você aqui e agora é bem maior que qualquer coisa - arranhou pescoço de leve e selou-me rapidamente - o que sinto por ele esta abafado e vai morrer completamente com o tempo
Raphael: tendeu - falei sentindo aquelas caricias, entendia mesmo porque se eu falasse que não sentia nem um tico de nada por Julia mentiria tambem. Apesar de tudo eu tinha um carinho por aquela garota, se bem que o que sobrava mais era um vazio quando se tratava dela, mas eu sei que aquele pouco sentimento estava ali dentro algum lugar microscópico.Rodrigo narrando.
O palco antes improvisado e agora fixo estava enfeitado com luzinhas, colocamos nos postes fazendo elas ficarem suspensas no ar e até nos murinhos. Deu um pouco de trabalho mas no final ficou aconchegante e esse mês a conta de luz mais barata.
Gian: 10 conto - estendeu a mão, dei um tapa na mesma como um toquinho
Rodrigo: trouxa
Carlos: tu deu mesmo um soco no cara? - ele carregava três latinhas de cerveja
Rodrigo: eu não queria ta ligado? - peguei e abri a mesma dando um gole de primeira - mas cara, não contive
Carlos: man, ve por um lado que ele não ta totalmente errado. Tu ta ligado que quando o sentimento nasce é foda, ela tava mal pra cacete, quase entrou em depressão e ele man, tava drogadão e quando a Julia e ele terminaram ele pioro mesmo. Eles tão feliz man, um salvou o outro da beira do abismo.
Rodrigo: ele sabia que eu ainda a amo e fiquei esse tempo todo amando. Ela foi meu refugio dos dias ruins, todos os dias.
Carlos: ela seguiu cara - dei um gole na minha bebida - só um toque, eles tão no Tales - piscou, bebeu um gole de sua cerveja e saiu.
Ja era noite, umas 7 na verdade. Era natal. Tia Silvia estava lá em casa. E eu dei um soco na cara dele sem ouvir um "a" de sua boca. Eu ainda estava fervendo por dentro mas era natal.
Rodrigo: vão indo pra casa - disse enquanto montava na moto - tenho uma coisa a fazer.
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Parei a moto na frente da casa dele. Respirei fundo e sai da moto retirando a chave. Andei ate a porta e toquei a campainha sem pensar duas vezes e ja me arrependendo. Uns 4 minutos se passaram e quando eu pensei em dar meia volta ela abriu a porta. Usava um vestido azul que combinava com seu cabelo loiro, estava linda e assustada.
Rodrigo: eu vim em paz - sorri de lado - e vim chamar vocês pra passarem o natal conosco, isto é, se não tiverem ocupados
Ela olhou pra dentro, pareceu avaliar a situação e se virou.
Amanda: Tales pode levar a namorada? - assenti com a cabeça - você não vai matar ninguém? - ergueu um sorriso divertido
Rodrigo: só vão. O caminho vocês sabem - me virei
Amanda: mais uma coisa... - virei novamente - você gosta de pudim?
Rodrigo: gosto.
Me vire por completo e sai dali antes que a agarrasse ali mesmo.