De alguma maneira, eles conseguiram chegar na cachoeira da região. Depois de correrem sem direção por um certo tempo, o grupo encontrou o rio, e dali foi só seguir contra a corrente, até chegarem na cachoeira.
- Chegamos! Eu falei, tudo certo – Mariana falou, respirando rapidamente enquanto tomava fôlego, se sentando na pedra ao lado do lago e tirando os sapatos e a mochila.
- Que lugar lindo! – Cecília suspirou, se aproximando das águas cristalinas do lado. Era um verde esmeralda que refletia da água, e a cachoeira não era muito alta, mas fazia um belo arco-íris aparecer por entre as águas. Em volta, só havia floresta, nenhum sinal de civilização.
O lago e a cachoeira eram menores que a do Vale, mas era mais bonita, principalmente por ser diferente.
- Mal posso esperar para dar um mergulho nessa água – Luccino murmurou, e Mariana sorriu para seu amigo, acenando para a lagoa.
- Vai então! Está esperando o que? – ela perguntou, já tirando suas roupas de cima, pronta para pular também. – Eu estou preparadíssima para estrear essa viagem, do melhor jeito possível!
- Calma, calma, primeiro nós temos que ter certeza de que é seguro entrar na água, se não tem nenhum animal que pode nos machucar, e não existem pedras no fundo que podem cortar nossos pés... – Otávio falou, atrás de todos, se aproximando lentamente do grupo. Mariana rolou os olhos, o encarando.
- Major, realmente, você se preocupa demais.
- Eu sou responsável por uma mãe, uma mulher grávida e um filho mais novo. Eu nunca senti tanta pressão na minha vida – Otávio falou, sarcástico, embora aquela sensação fosse verdadeira.
Ele realmente estava com os nervos a flor da pele.
- Otávio, relaxe – Luccino falou, se aproximando dele e se colocando atrás do major, levando suas mãos para seus ombros e fazendo uma leve massagem. – Se divirta, uma vez na vida. Sim?
- Luccino, essa não é bem uma viagem de férias, você sabe disso – Otávio sussurrou para que as moças não ouvissem, se virando para encarar o mecânico. Mas ele só sorriu.
- Mas nós temos que fingir que é – ele sussurrou de volta, e depois de checar aonde Cecília estava (distraída com os peixes no lago, bem longe deles), ele se inclinou e roubou um beijo do major, que congelou no lugar. – Aproveite... sim?
Otávio respirou fundo e sorriu um pouco mais calmo, assentindo.
- Está bem... mas pare com essas coisas na frente de Cecília. Não quero assustá-la – ele avisou, franzindo o cenho, e Luccino riu mas assentiu de volta.
- Sim sim, vou parar. É que eu não aguento ter você tão perto de mim e não fazer nada... ainda mais considerando que estamos praticamente sozinhos... – ele murmurou, sorrindo, seus olhos calorosos e cheios de amor. Otávio sorriu de volta, seu coração derretendo dentro do peito.
- Eu entendo, mas nós não estamos sozinhos – ele murmurou, acenando para Cecília. – Não agora pelo menos. Guarde essas suas vontades para quando estivermos no quarto, está bem?
- Está ótimo – Luccino falou, sorrindo, antes de se virar. – Vou entrar no lago agora. Com licença.
E saindo, começou a tirar sua roupa de cima, assim como mariana tinha feito. Cecília ainda portava seu vestido de sempre, mas estava muito distraída com os peixes e animais do local para se interessar em entrar na água.
- Vamos? – Mariana perguntou, sorrindo para Luccino quando ele se aproximou, somente com suas calças de banho, enquanto ela estava com um vestido confortável e leve.
- Claro. Primeiro as damas – ele fez uma reverência, apontando para o lago, e Mariana riu e assentiu.
- Pois bem, meu senhor. Com licença – ela se aproximou da borda da pedra, checou para ver se havia alguma coisa no caminho ou no fundo que poderia machucá-la, antes de pegar impulso e pular.
- Mariana! Por deus... – Otávio correu até a pedra, suspirando aliviado quando ela nadou para cima e riu.
- Nossa que água fria! – ela gritou, nadando para longe da pedra. – Vem Luccino!
- Estou indo! – ele gritou e se afastou, correndo para o lago e pulando, caindo bem perto de Mariana e a fazendo rir alto com a água que respingou nela.
- Eu vou ter um piripaque... – Otávio murmurou, se sentando na pedra e logo sendo imitado por Cecília, que já estava com seus trajes de banho.
- Não se preocupe, Mariana é muito aventureira, mas sabe muito bem se cuidar – a Benedito mais nova comentou, pegando sua mochila e tirando um livro de dentro dela. – Agora que os dois já estão felizes dentro do lago, eu vou ler.
- Acho que vou te acompanhar – Otávio comentou, pegando um livro próprio de sua mochila e se sentando mais confortavelmente sobre a pedra. – Vai ler o que?
- Eu estou chegando ao fim do livro Iracema, de José de Alencar. Conhece? – ela perguntou, abrindo o livro na última página que tinha lido, e Otávio sorriu, assentindo.
- Sim, um dos meus favoritos que li na infância – ele assentiu, e mostrou o seu. – Eu já estou relendo Memórias Póstumas de Brás Cubas. Me interesso muito pela maneira de escrita de Machado de Assis.
- O senhor acredita que meu pai leu Memórias Póstumas ainda em folhetim? Tem todas as edições em casa, ele aprecia muito esse livro – Cecília falou animada, e Otávio a olhou, surpreso.
- Nossa, eu adoraria ver essa coleção, se o senhor Benedito me autorizar, é claro.
- Claro que autoriza! Quando voltarmos para o Vale, você vai em casa com Mariana e eu te mostro!
- Os dois estão animados – Mariana comentou com Luccino enquanto eles se aproximavam das pedras ao redor da cachoeira. Luccino sorriu para a dupla de leitores ao longe e assentiu, puxando Mariana para fora da água.
- Sim... estou contente que Otávio esteja se entendendo com Cecília. É bom que ele tenha mais amigos – ele falou, se sentando, e Mariana o imitou.
- Vocês se entenderam? Porque estavam tão estranhos ontem durante a viagem, mas melhoraram depois da primeira parada...
- Ah sim, nós conversamos ontem mesmo – Luccino assentiu, sorrindo para sua amiga. – Eu estava um pouco... inseguro, vamos dizer assim. Mas agora eu estou bem.
- Que bom... não gosto de te ver triste – Mariana sorriu, se aproximando dele e se aninhando contra seu lado, enquanto Luccino abraçava seus ombros. – Mas me conte, você vai contar para Cecília sobre... você e o Otávio?
- Se o Otávio deixar, sim. Você acha que eu não deveria? – ele perguntou, preocupado, e Mariana riu.
- Claro que não! Eu acho que ela adoraria saber. Só que talvez ela fique um pouco surpresa – Mariana deu de ombros e sorriu. Luccino deu de ombros.
- Vamos ver se ela adivinha.
Os dois riram e se voltaram para os dois leitores na outra margem do lago, discutindo sobre seus livros e mostrando passagens um para o outro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Felizes Para Sempre
RomanceSe havia algo que dona Nicoletta tinha de sobra, era amor de mãe para dar, á torto e à direito. E agora, que todos os seus filhos tinham voltado para casa, e Virgílio tinha sido perdoado por seus feitos, tudo que ela queria era uma grande festa, com...