Tiro

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Opaaaaa desgurpa ai pessoal

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- Vocês acham mesmo que nos torturar vai fazer alguma diferença?! Nós nunca vamos ajudá-los em nada! Vocês são dois bandidos que tem que apodrecer na cadeia!

- Me poupe da suas palavras repetitivas, homem – Xavier rolou os olhos, acenando para que um de seus capangas desse um chute no lado de Ernesto, fazendo com que ele grunhisse de dor e Otávio fechasse os olhos por um segundo agoniante. Ótimo. Os dois, presos, sendo torturados por Xavier, Virgílio e seus capangas, presos à uma árvore próxima ao celeiro da antiga fazenda de Xavier. Como ninguém os aviam achado ainda, Otávio não entendia. Teria uma séria conversa com seus soldados uma vez que voltasse ao quartel. – Querendo ou não, vão nos ajudar, se não por bem, por mal. Eu sei muito bem que a cidade inteira virá atrás dos dois, e não será difícil de conseguir uma recompensa, quando tudo estiver pronto. E enquanto não está... eu vou continuar tentando convencê-los de fazer isso por bem.

- Seu verme nojento! – Ernesto gritou novamente, cuspindo aos pés de Xavier e tomando mais um chute no estômago, fazendo com que Otávio balançasse a cabeça.

- Chega Ernesto! – exclamou, se virando para encarar o par em sua frente. – O que vocês querem? O que vocês acham que nós podemos fazer para ajudá-los?

- Por enquanto vocês dois podem ficar bem quietos, para não atrapalhar. Virgílio, cubra a boca deles antes que acabem alertando alguém – Xavier disse, e o Priccelli mais velho se pôs rapidamente a colocar panos sobre suas bocas e amarrá-los firme, firme até demais. Ernesto grunhiu contra o pano, se movendo contra as cordas, enquanto Otávio mantinha a calma e os observava atentamente, tentando decifrar algo, qualquer coisa que pudesse dar a ele uma chance de sair, fugir, ou ao menos descobrir seu plano. Os capangas deram aos dois uma ultima pancada, Otávio grunhindo sentindo sua cabeça prestes a explodir, e saíram para dentro da mata, os deixando sozinhos. Infelizmente dessa vez, Xavier tinha sido inteligente e tirado todos os possíveis objetos que eles poderiam usar para se soltar, como seu canivete. Portanto, não podiam fazer nada a não ser esperar e rezar para que alguém os encontrasse.

Era uma maravilha mesmo, essa situação. Enquanto Ernesto gastava suas energias tentando se soltar, Otávio fechava os olhos e relaxava contra a árvore, sabendo que não adiantaria nada. O sol já estava alto no horizonte e ainda assim, ele não ouvia nenhum passo se aproximando, nenhum carro ou cavalo passando por perto. Eles estavam no meio da mata, mesmo que perto da fazenda de Xavier, mas ele tinha certeza que tinha mandado alguns soldados para essas bandas. A não ser que eles já tivessem voltado ao quartel sem encontrar nada durante a noite, ou pior, Xavier poderia já ter se livrado deles.

Seus soldados também?

Otávio respirou fundo pelo nariz, já que sua boca estava coberta pelo pano, e tentou relaxar. Sem ser pelas dores, ele e Ernesto estavam bem, e isso que contava. O italiano parecia não se conformar com a sua situação, se debatendo tanto contra as cordas que estava apertando até Otávio, mas ele não reclamaria, e nem faria nada que pudesse atrapalhá-lo, afinal, ele não tinha sido treinado para essas situações e alguém tinha que manter a calma. A única coisa que lhe incomodava era não ter Xavier e Virgílio à sua frente, se assegurando que não estavam em outro lugar, machucando outras pessoas. Ele ainda estava preocupado com o coronel, que estava em estado tão delicado, e claro seus amigos, e mais importante Luccino, que poderia muito bem acabar se ferindo se Xavier viesse acabar com Brandão na mansão do parque.

Apesar de que se preocupar com qualquer um enquanto estava amarrado não era muito produtivo.

Eventualmente, Ernesto parou de se mexer, e Otávio ouviu um barulho de cachorro machucado vindo dele, algo que chamou sua atenção e o fez virar o rosto para olhá-lo. Para sua surpresa, Ernesto tinha lágrimas nos olhos, parecendo mais frustrado do que triste, sua face com uma marca vermelha feia, ao menos no lado que Otávio podia ver. Novamente, parecia que estava vendo Luccino ali, chateado, desesperado, e não pôde deixar de dar um apoio para seu cunhado, gentilmente se movendo e esfregando seu ombro ao dele, já que não podiam se falar.

Felizes Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora